By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Bom Dia Brasil
Por 3 votos a 1, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF)
decidiu nesta terça-feira (26) soltar o ex-ministro José Dirceu.
Condenado a 30 anos e 9 meses de prisão por corrupção ativa, lavagem de
dinheiro e organização criminosa na Operação Lava Jato, ele já havia
começado a cumprir a pena neste ano.
A proposta de libertar José Dirceu partiu do ministro Dias Toffoli e
foi seguida pelos ministros Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski. O único
a votar contra foi Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF. Celso de
Mello estava ausente na sessão e não participou do julgamento.
Toffoli defendeu a libertação de forma liminar (provisória) porque
considera que há "plausibilidade jurídica" em um recurso da defesa
apresentado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) contra a condenação
pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), de segunda
instância.
O ministro considerou que a pena de Dirceu pode ser reduzida nas
instâncias superiores – o STJ e o próprio STF – e, por isso, propôs a
soltura.
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Isso não altera a jurisprudência do STF que permite a execução
provisória após condenação em segunda instância, mas cria uma exceção,
que pode ser aplicada também a outros casos individualmente.
A decisão de soltar Dirceu ocorreu mesmo após um pedido de vista de
Edson Fachin, que pediu vista (mais tempo para analisar o caso). Toffoli
então propôs a soltura em caráter liminar (provisório), a pedido da
defesa.
Se fosse aguardado o voto de Fachin sobre a ação, a decisão poderia
ficar para agosto, já que em julho o STF entra em recesso, e a sessão
desta terça era a última da Segunda Turma neste semestre.
Durante a sessão, Fachin chegou a alertar Toffoli que a decisão seria contrária ao entendimento do STF, que autorizou a prisão em segunda instância.
Toffoli então respondeu: "Vossa excelência está colocando no meu voto
palavras que não existem. Jamais fundamentei contrariamente à execução
imediata da pena pelo STF [...] Não tem a ver com a execução imediata da
pena”.
Numa tréplica, Fachin, disse: "Nós dois estamos entendendo o que estamos falando".
A decisão de soltar Dirceu foi proposta por Toffoli de ofício, isto é,
independentemente do pedido principal da defesa levado a julgamento.
Na ação, os advogados do ministro contestavam o cumprimento da pena após a condenação em segunda instância.
Alegavam que, antes da condenação, o próprio STF chegou a revogar uma
prisão preventiva de Dirceu e que a execução da pena foi decretada sem
fundamentação específica, de forma automática.
Em parecer, a Procuradoria Geral da República (PGR) se manifestou
contra, citando a decisão do STF que permitiu a prisão após segunda
instância.
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“Diante do novo entendimento desta Suprema Corte, a execução da
condenação, com a prisão do réu, será medida a ser aplicada
automaticamente, como efeito imediato decorrente do acórdão
condenatório”, escreveu a procuradora-geral da República, Raquel Dodge.
Após a decisão dos ministros, a presidente do PT, senadora Gleisi
Hoffmann (PT-PR), afirmou, da tribuna do Senado, que a Segunda Turma do
STF “fez justiça”.
“Quero registrar a liberdade do companheiro José Dirceu, que também tem
enfrentado um calvário na sua vida. Também tem lutado contra o arbítrio
do Judiciário, de processos eivados de vícios. E que, hoje, a Segunda
Turma lhe fez justiça novamente, libertando-o da prisão, sem nenhuma
restrição”, afirmou Gleisi.
Entenda o caso
Dirceu foi preso em maio e levado para o presídio da Papuda, em Brasília,
onde cumpre pena. Ele foi condenado pelo Tribunal Regional Federal da
Quarta Região (TRF-4) a 30 anos e 9 meses de prisão, no âmbito da
Operação Lava Jato, acusado dos crimes de corrupção passiva, organização
criminosa e lavagem de dinheiro.
O processo teve origem na investigação, pela Operação Lava Jato, de
irregularidades na Diretoria de Serviços da Petrobras. O Ministério
Público Federal (MPF) apontou 129 atos de corrupção ativa e 31 atos de
corrupção passiva, entre os anos de 2004 e 2011.
Segundo a denúncia, empresas terceirizadas contratadas pela Petrobras
pagavam uma prestação mensal para Dirceu por meio de Milton Pascowitch,
lobista e um dos delatores da Lava Jato. Para o MPF, foi assim que o
ex-ministro enriqueceu.
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De acordo com o MPF, também havia ilegalidades relacionadas à
empreiteira Engevix. A empresa, segundo as investigações, pagava propina
por meio de projetos junto à Diretoria de Serviços da Petrobras e teria
celebrado contratos simulados com a JD Consultoria, empresa de Dirceu,
realizando repasses de mais de R$ 1 milhão por serviços não prestados.
O ex-ministro chegou a ficar preso no Paraná entre agosto de 2015 e maio de 2017,
quando conseguiu no Supremo Tribunal Federal (STF) um habeas corpus
para aguardar o julgamento dos recursos em liberdade – mas com monitoramento por tornozeleira eletrônica.
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