By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Divulgação
O novo leilão de áreas do pré-sal garantiu nesta quinta-feira (7) uma
arrecadação de R$ 3,15 bilhões ao governo federal. A disputa foi marcada
por oferta de até 75% da produção para a União e pela derrota da
Petrobras, que foi superada por petroleiras estrangeiras em duas áreas. A
estatal, entretanto, exerceu o direito de preferência garantido por lei
e decidiu entrar nos consórcios vencedores com participação de 30%.
Dos 4 blocos ofertados pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), 3 foram arrematados (veja abaixo). Se todas as áreas fossem arrematadas, a arrecadação chegaria a R$ 3,2 bilhões.
Bloco Uirapuru, Bacia de Santos (4 concorrentes)
- Consórcio vencedor: Petrobras (30%), Statoil Brasil O&G (28%) e ExxonMobil Brasil (28%) e Petrogal Brasil (14%)
- % de óleo oferecido: 75,49%
- Ágio: 240,35%
- pagamento na assinatura: R$ 2,65 bilhões
Bloco Dois Irmãos, Bacia de Campos (oferta única)
- Consórcio vencedor: Petrobras (45%), BP Energy (30%) e Statoil Brasi O&G (25%)
- % de óleo oferecido: 16,43%
- ágio: zero
- pagamento na assinatura: R$ 400 milhões
Bloco Três Marias, Bacia de Santos (2 concorrentes)
- Consórcio vencedor: Shell Brasil (40%), Chevron Brazil (30%) e Petrobras (30%)
- % de óleo oferecido: 49,95%
- ágio: 500,36%
- pagamento na assinatura: R$ 100 milhões
Bloco Itaimbezinho, na Bacia de Campos
- não teve interessados
A ANP estima que os 3 blocos arrematados irão gerar R$ 738 milhões em investimentos.
Além da Petrobras, os consórcios vencedores são formados pelas
estrangeiras Statoil (Noruega), ExxonMobil (EUA), Petrogal (Portugal),
BP Energy (Reino Unido), Shell (Reino Unido) e Chevron (EUA). Ao todo,
16 empresas se inscreveram para a disputa.
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Este foi o 3º leilão do pré-sal sob o regime de partilha de produção.
Neste modelo, as empresas vencedoras são as que oferecem ao governo o
maior percentual de óleo excedente da futura produção. Esse excedente é o
volume de petróleo ou gás que resta após a descontar os custos da
exploração e investimentos.
Ofertas foram até 500% acima do lance mínimo
Como no leilão anterior,
os lances ficaram bem acima dos percentuais mínimos propostos no
edital. O governo tinha estabelecido percentual mínimo do excedente em
óleo da União, no período de vigência do contrato, em 22,18% para
Uirapuru; 16,43% para Dois Irmãos; 8,32% para Três Marias; e 7,07% para
Itaimbezinho.
Nas duas áreas em que houve disputa, as empresas vencedoras ofereceram
75,49% e 49,95% da produção. A diferença entre o lance mínimo e a
oferta, entretanto, ficou abaixo da registrada no leilão do ano passado, quando o ágio chegou a 674%.
No bloco de Três Marias, o ágio foi de 500,36%, e no de Uirapuru,
240,35%. O ágio médio do excedente em óleo ofertado foi de 202,3%.
O diretor-geral da ANP, Décio Oddone, comemorou o resultado. "As
receitas esperadas pela União, estados e municípios vão crescer em R$ 40
bilhões a mais do que o inicialmente previsto, ao longo desses
contratos”, afirmou.
Sobre o bloco Itaimbezinho, que não recebeu nenhuma oferta, o
diretor-geral da ANP, Décio Oddone, disse que a agência já pediu ao
Ministério de Minas e Energia para incluir as áreas do pré-sal na oferta
permanente de blocos.
“Nosso interesse é replicar o modelo de oferta permanente para as áreas
não licitadas no regime de partilha assim como fazemos com as áreas
terrestres”, disse.
O Secretário de Petróleo, Gás e Biocombustíveis do ministério, João
Vicente de Carvalho, disse que o pedido da ANP já está sendo avaliado.
“Talvez seja um caminho de fazer ofertas permanentes também para estas
áreas e assim viabilizar que essas áreas sejam vendidas”.
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Ele destacou
que a próxima reunião do Conselho de Politica Energética, que irá
deliberar sobre o tema, acontecerá no final do ano.
Estrangeiras derrotam Petrobras
Os bônus de assinatura da rodada tinham valor fixo, sendo o maior
deles, de R$ 2,65 bilhões, para a área Uirapuru, na Bacia de Santos, que
foi disputada por 4 consórcios e arrematada pelo consórcio formado por
Petrogal Brasil, Statoil Brasil O&G e ExxonMobil Brasil, que aceitou
ceder 75,49% da produção para a União.
A Petrobras havia oferecido, em consórcio formado com a Total E&P e
a BP Energy, 72,45% do óleo excedente da futura produção de Uirapuru. A
estatal, entretanto, exerceu o direito de preferência garantido por
lei, e decidiu compor o consórcio vencedor com participação de 30%. Se a
oferta da Petrobras tivesse sido vencedora, a participação no consórcio
seria de 45%.
A Petrobras também foi derrotada na disputa pelo bloco de Três Marias. A
proposta vencedora foi a do consórcio formado pela Chevron Brazil e
Shell Brasil, que ofereceu 49,95% da produção para a União, superando a
oferta de 18% da produção oferecida pelo consórcio formado por
Petrobras, BP Energy e Total E&P do Brasil. A estatal também decidiu
exercer o direito de preferência e aceitou compor o consórcio com
participação de 30%. A participação da Petrobras no consórcio derrotado
era de 40%.
A Petrobras foi a única a dar lance pelo bloco Dois Irmãos, e arrematou
a área em parceria com as petroleiras BP Energy (30%) e Statoil Brasil
O&G (25%), com a oferta de 16,43% da produção para a União – o
mínimo exigido pelo edital.
Itaimbezinho, o bloco menos valioso da rodada, foi o único bloco qual a
Petrobras não manifestou interesse de preferência, e não recebeu
propostas.
Este foi o primeiro leilão em que a Petrobras participou sob o comando de Ivan Monteiro, que assumiu a presidência da estatal no último dia 4, após a renúncia de Pedro Parente.
O presidente da Petrobras, Ivan Monteiro, disse que a estatal saiu
satisfeita com o resultado do leilão. Ele minimizou o fato de a
companhia não ter conseguido arrematar dois dos três blocos pelos quais
manifestou interesse de preferência, atribuindo isso ao caráter da
disputa.
Questionado sobre a empresa ter aceitado participar de consórcios que
ofereceram mais óleo excedente à União do que a estatal havia oferecido,
Monteiro disse que foi uma decisão colegiada.
“Exercemos o direito de preferência dentro dos limites que haviam sido pré-aprovados pelo Conselho de Administração”.
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Monteiro destacou, ainda, que a empresa vê com bons olhos se consorciar
a empresas estrangeiras para explorar o pré-sal, dados os riscos dessa
atividade. “A partir do momento que empresas desse porte decidem
investir no Brasil isso é altamente positivo. Elas dividem os riscos e
dividem [os custos com] a execução”, disse.
Formação de preços livre
Na abertura do leilão, o diretor-geral da ANP, Décio Oddone, aproveitou
a presença das maiores petroleiras do mundo, para afirmar, em nome da
agência, que a formação de preços de combustíveis no país continuará livre e que "não há nenhuma postura intervencionista" no mercado de óleo e gás.
Os comentários foram feitos em meio à polêmica em torno da política de
reajuste de preços da Petrobras e após a ANP ter decidido abrir uma consulta pública para discutir a periodicidade do repasse dos reajustes dos preços dos combustíveis.
Segundo Oddone, a iniciativa não significa uma intervenção, mas se
trata de algo para dar estabilidade a um setor que ainda tem um
monopólio de refino de petróleo de uma estatal.
Próximos leilões
Está prevista para setembro deste ano a 5ª Rodada de Partilha de
Produção, na qual serão ofertadas mais quatro áreas de exploração de
petróleo e gás, com bônus total de R$ 6,8 bilhões.
No leilão serão ofertados os blocos denominados Saturno, Titã,
Pau-Brasil e Sudoeste de Tartaruga Verde, localizados nas bacias de
Campos e Santos, dentro do Polígono do Pré-sal e em área declarada
estratégica.
A área de Saturno estava prevista para ser licitada na 4ª Rodada, mas o
bloco foi retirado após recomendação do Tribunal de Contas da União
(TCU). Foram incluídas nesta área os dois blocos que foram excluídos
pelo TCU da 15ª Rodada, realizada no dia 29 de março.
R$ 18 bilhões no ano
Se forem arrematadas todas as áreas licitadas na 4ª e 5ª Rodadas, a União poderá arrecadar, ao todo, R$ 18 bilhões com os três leilões deste ano. A 15ª Rodada, realizada em março sob o regime de concessão, rendeu R$ 8 bilhões em bônus com o leilão de 22 blocos marítimos de exploração de óleo e gás.
Os leilões de áreas de exploração de petróleo representam um respiro para o governo, que depende e aumentar suas receitas para compensar o ritmo lento da economia, que indica menor consumo e produção no país e se reflete em menor arrecadação.
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Do orçamento inicial previsto para este ano, o governo retirou a arrecadação extra de R$ 12,2 bilhões com a privatização da Eletrobras, devido à demora na tramitação do projeto que libera essa operação. A aposta passou a ser, então, nos leilões da ANP.
Caso a expectativa com os leilões de petróleo seja concretize, o
governo somará R$ 27,9 bilhões de arrecadação com leilões de blocos
exploratórios de petróleo em dois anos. No ano passado foram arrecadados
R$ 9,9 bilhões, sendo R$ 6,15 bilhões com áreas do pré-sal e R$ 3,8 bilhões no pós-sal.
Em 2016 não foi realizado leilão. As rodadas anteriores aconteceram em
2005, 2007, 2008, 2013 e 2015 e, juntas, renderam arrecadação de R$ 20,6
bilhões. A maior delas foi com o leilão de Libra, em 2013, o primeiro do pré-sal que teve bônus mínimo de R$ 15 bilhões e foi arrematado pelo consórcio formado pela Petrobras, Shell, Total, CNPC e CNOOC.
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