By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Divulgação
O Facebook permitiu que cerca de 60 fabricantes de smartphones, como
Apple, Microsoft, Samsung e BlackBerry, tivessem acesso a grandes
volumes de dados de usuários, segundo reportagem do jornal “The New York
Times” publicada neste domingo (3).
Em nota divulgada após a publicação da notícia, o Facebook disse na
tarde desta segunda-feira (4) que está "em desacordo" com as conclusões
do jornal The New York Times.
A reportagem do NYT diz que a companhia de Mark Zuckerberg mantinha
acordos, fechados há mais de 10 anos, com essas empresas para que
criassem aplicativos do Facebook integrassem funções da rede social a
seus sistemas operacionais. As informações foram cedidas por meio de
pacotes privados dos kits de desenvolvimento, os chamados APIs.
Ainda segundo o jornal, o nível de acesso dado às fabricantes poderia
infringir a legislação que protege a privacidade nos Estados Unidos, da
Comissão Federal do Comércio (FTC). O Facebook não nega que os acordos
existiam, mas diz que foram feitos dentro do que permitia a
regulamentação.
“Esses parceiros assinavam acordos de que impedia informações pessoais
de usuários do Facebook serem usadas com qualquer propósito além de
recriar experiências similares às do Facebook”, afirmou Ime Archibong,
vice-presidente de parcerias de produtos do Facebook, em nota.
A reportagem do NYT, no entanto, mostra o alcance do conjunto de dados
fornecidos a fabricantes de smartphones. O jornal usou uma conta de
Facebook para entrar no diretório de software do BlackBerry. A partir
daí, o programa da fabricante canadense recuperou dados como status de
relacionamento, preferências religiosas e políticas do repórter e de
seus 556 amigos na rede social. Também exibiu informações de
identificação de quase 300 mil amigos dos amigos do repórter.
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Acesso garantido
Para o Facebook, os acordos eram a única forma de seu aplicativo funcionar no passado.
“No início do mundo móvel, a demanda pelo Facebook ultrapassava nossa
habilidade de construir versões do produto que funcionassem em todo
celular ou sistema operacional. É difícil de lembrar como, mas
antigamente não havia lojas de aplicativos. Então, companhias como
Facebook, Google, Twitter e YouTube tinha que trabalhar diretamente com
sistemas operacionais e fabricantes de dispositivos para fazer os
produtos deles às mãos das pessoas”, afirma o vice-presidente de
parcerias de produtos do Facebook.
“Para fechar essa lacuna, nós construímos um conjunto de kits de
desenvolvimento para serem integrados ao dispositivos que permitissem às
companhias recriarem experiências como as do Facebook para seus
aparelhos ou sistemas operacionais.”
Cambridge Analytica
O executivo afirmou ainda que esse tipo de permissão era muito
diferente daquela dada a criadores de aplicações para a rede social, que
foi explorada pela consultoria política Cambridge Analytica e gerou o
mais recente escândalo do Facebook.
A firma, contratada pela campanha presidencial de Donald Trump, usou um
teste distribuído pela rede social para coletar dados de mais de 87
milhões de pessoas. Com essas informações, construiu algoritmos capazes
de prever a posição política desses usuários com o objetivo de
orientá-los em determinada direção.
“Informações de amigos, como fotos, eram apenas acessíveis em
dispositivos quando pessoas tomavam a decisão de compartilhar suas
informações com aqueles amigos. Nós não tomamos ciência de nenhum abuso
dessas companhias”, rebate Archibong.
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Resposta do Facebook
O Facebook manifestou nesta segunda-feira (4) que não está ciente de um
eventual acesso fraudulento aos dados pessoais de seus usuários e de
seus "amigos" por parte dos fabricantes de smartphones há vários anos.
A rede social também disse que estava "em desacordo" com as conclusões
do jornal The New York Times, que afirmou em uma matéria que fabricantes
puderam ter acesso aos dados pessoais dos usuários sem seu
consentimento mediante a instalação de uma interface do Facebook em seu
smartphone.
Essas transferências podem ter acontecido depois do acordo alcançado em
2011 entre o Facebook e a Comissão Federal de Comércio (FTC) para
proteger melhor os dados de seus usuários, que somente poderiam ser
transferidos com seu consentimento explícito.
A rede social se viu envolvida nos últimos meses no escândalo da
Cambridge Analytic, empresa britânica acusada de ter coletado e usado
sem consentimento os dados pessoais de 87 milhões de usuários com fins
políticos, inclusive para fazer o Brexit ganhar no Reino Unido e Donald
Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos.
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