By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: BANDA B – Imagem: Agência Brasil
O ex-ministro da Secretaria-Geral
da Presidência da República Gilberto Carvalho afirmou, em
depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, que o empresário Fernando
Bittar emprestou o sítio Santa Bárbara, em Atibaia,
ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2011, após o
mandato, para que o petista pudesse armazenar bens do acervo presidencial após
deixar o mandato. Ele negou ter conhecimento das reformas realizadas no imóvel.
Carvalho prestou depoimento como testemunha de defesa de Marcelo Odebrecht.
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Carvalho afirmou que a relação
entre Lula e Jaco Bittar, ex-prefeito de Campinas e pai do proprietário do
sítio, era “fraterna” e de longa data, em razão da proximidade das famílias
“Não havia visita que a família fazia a Brasília que não vinha alguém da família
Bittar”. Ambos foram fundadores do PT.
O ex-ministro diz ter ouvido pela
primeira vez falar no sítio em 2011, quando foi chamado para “rezar o terço” em
uma festa junina no imóvel, quando haveria uma “homenagem a Dona Marisa (Marisa
Letícia, ex-primeira dama, falecida em fevereiro de 20170)”.
No dia seguinte, ele alega ter tido
uma conversa com Lula. “Ele me relatou naquele momento que, no dia 15 de
janeiro, ele estava no Guarujá de férias, a Marisa chamou a ele dizendo que
tinha uma surpresa pra ele que era o Fernando oferecendo uma chácara para eles
usarem se ele quisesse”.
“Aí, ele depois de mostrar falou: ‘eu to com uma dúvida, porque a Marisa gosta
muito daqui e Fernando tá até disposto a vender para a gente, mas eu não sei se
é o caso porque essa chácara é muito longe, eu prefiro alguma mais perto lá da
Billings, que é onde tem uma pequena chácara'”, afirmou.
Carvalho afirmou que, “para ele”, a
“chácara era do Fernando, que ofereceu” a Lula. O ex-ministro justifica que o
ex-presidente precisava de um local para armazenar os bens que acumulou
enquanto presidente da República.
Ele afirma ter sugerido a Lula que
fizesse uma reunião com empresários, “assim como fez Fernando Henrique Cardoso,
em relação ao Instituto FHC”, para arrecadar recursos. No entanto, Lula teria
dito que não iria “se preocupar com isso”.
“A mesma preocupação tinha a
Marisa, preocupação com as coisas deles, que não tinha pra onde levar. De tudo
que eu sei, eles acabaram falando com o Fernando e ele emprestou aquela
chácara”, concluiu.
Ele negou saber de reformas tocadas
pelo ex-assessor de Lula, Rogério Aurélio Pimentel. As obras são objeto de
acusação do Ministério Público Federal. Para a força-tarefa da Lava Jato, elas
configuram suposta propina de R$ 1 milhão da Odebrecht, OAS e Schahin ao
ex-presidente.
O caso envolvendo o sítio
representa a terceira denúncia contra Lula no âmbito da Operação Lava Jato.
Segundo a acusação, a Odebrecht, a OAS e também a empreiteira Schahin, com o
pecuarista José Carlos Bumlai, gastaram R$ 1,02 milhão em obras de melhorias no
sítio em troca de contratos com a Petrobras. A denúncia inclui ao todo 13
acusados, entre eles executivos da empreiteira e aliados do ex-presidente, até
seu compadre, o advogado Roberto Teixeira.
O imóvel foi comprado no final de 2010,
quando Lula deixava a Presidência, e está registrado em nome de dois sócios dos
filhos do ex-presidente, Fernando Bittar – filho do amigo e ex-prefeito petista
de Campinas Jacó Bittar – e Jonas Suassuna. A Lava Jato sustenta que o sítio é
de Lula, que nega.
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