By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: BANDA B – Imagem: O Globo
O dono da fabricante de refrigerantes Dolly, Laerte Codonho,
foi solto no fim da noite de ontem pela Polícia Civil após passar oito dias preso temporariamente no 77º DP (Distrito Policial) de Santa Cecília, região
central de São Paulo. A informação foi confirmada ao Estado pela Secretaria da
Segurança Pública do Estado de São Paulo.
O executivo é suspeito dos crimes
de fraude fiscal continuada, sonegação, lavagem de dinheiro e formação de
organização criminosa. Investigadores estimam que as fraudes praticadas pelo
empresário tenham gerado um prejuízo de R$ 4 bilhões ao longo de 20 anos.
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A Polícia Militar prendeu o
executivo em sua casa em Cotia, região metropolitana de São Paulo, em 10 de
maio. Conhecido por criticar abertamente a Coca-Cola, fabricante de
refrigerantes líder de mercado do País, ele aproveitou o momento da prisão para
mostrar às câmeras um cartaz “Preso pela Coca-Cola” ao ser conduzido à
delegacia. Na ocasião, o Ministério Público, por meio do Grupo Especial de
Delitos Econômicos (Gedec), confiscou três helicópteros, 13 automóveis de luxo
e cerca de R$ 30 mil em moeda estrangeira, além de documentos.
Apesar de estar solto, Codonho terá
restrições: ele terá de se apresentar à Justiça todo mês e não poderá entrar em
contato com outros investigados – o ex-gerente financeiro da empresa, César
Requena Mazzi, e o ex-contador da fabricante, Rogério Raucci, também foram
liberados. O executivo não poderá sair de casa aos finais de semana.
Este não é o primeiro problema do
empresário com a Justiça. Em 2017, o grupo Ragi Refrigerantes, dono da Dolly,
foi alvo da Operação Clone, da Secretaria da Fazenda de São Paulo, por fraudes
relacionadas ao pagamento de ICMS. Em fevereiro deste ano, Codonho foi
condenado a 6 anos e 7 meses de prisão, pela Justiça de São Paulo, por
sonegação de benefícios previdenciários.
Fundada em 1987, a Dolly ganhou
notoriedade por fabricar refrigerantes vendidos a preços populares. No início
dos anos 90, durante o boom desse segmento no País, a companhia cresceu com
outras empresas regionais – o Brasil chegou a contabilizar 700 fabricantes de
pequeno porte há cerca de 20 anos. Boa parte das marcas locais de refrigerante
– que, segundo uma fonte do setor, atuavam com alto grau de informalidade –
acabou indo à falência.
O Estado apurou que dois fatores
prejudicaram os resultados da companhia nos últimos anos: as promoções de preço
realizadas pelas líderes e a própria redução do consumo de refrigerante no
País.
Em 2004, Codonho iniciou briga com
a Coca-Cola ao acusar a multinacional de práticas anticoncorrenciais. O que
começou como um processo no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade)
evoluiu para críticas públicas, estampadas em outdoors, e culminou com o cartaz
exibido pelo empresário durante sua prisão
Em 2017, a Dolly se envolveu em uma
disputa com o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar).
Após o órgão recomendar que a empresa tirasse do ar campanha por preocupações
relacionadas à publicidade infantil, a fabricante acionou o Conar na Justiça
para impedi-lo de avaliar outras de suas propagandas.
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