By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Gabriela Pavão (G1 MS)
Cadeiras de rodas com mensagens no lugar de carros estacionados. Assim ficou a rua 14 de Julho nesta terça-feira (31), no Centro de Campo Grande. Por algumas horas, as 44 vagas de estacionamento entre a avenida Afonso Pena e a rua Rui Barbosa viraram exclusivas para portadores de deficiência física enquanto cadeirantes entregavam panfletos de conscientização.
As principais desculpas usadas por motoristas que ocupam as vagas essas vagas sem precisar viraram mensagens em folhas sulfites. O movimento queria chamar a atenção de motoristas e pedestres para o respeito às vagas reservadas. E conseguiu.
No período em que o G1 esteve no local, vários condutores elogiaram a iniciativa, enquanto outros reclamaram do transtorno de procurar vagas mais distantes. Um motorista idoso chegou a estacionar na vaga reservada para idosos, mas os agentes de trânsito o abordaram e explicaram a ideia da campanha.
A pedidos, o idoso retirou o veículo, mas não demonstrou concordar com a orientação. Ele tinha o cartão de autorização para usar a vaga, mas nesse caso o que valia era a conscientização e apoio à campanha, segundo os fiscais da Agetran.
A situação indignou o cadeirante Nelson Tosta, de 55 anos, que participava da panfletagem sobre a campanha. Ao G1, ele disse que a atitude do idoso deveria ser de apoiar o movimento, justamente por ele também ser um dos prejudicados quando a vaga exclusiva não é respeitada.
"Ele deveria entender a campanha e apoiar, não achar ruim. Não é proibido ele estacionar porque tem o cartão de autorização, mas nesse caso vale a conscientização, o apoio. A questão de necessitar de uma vaga é muito difícil, uma luta muito grande, porque geralmente você não encontra vaga livre. Acho que a porcentagem de vagas para nós já é insuficiente e ainda quando a gente chega e encontra aquela vaga nossa ocupada por quem não deveria é complicado", relatou.
Em outro momento, um motoboy também tentou autorização do fiscal da Agetran para estacionar e entregar umas encomendas, mas ele foi orientado a buscar vaga no quarteirão seguinte.
Constrangimento
Nelson disse que já flagrou pessoas estacionando nas vagas reservada e tentou alertar sobre a necessidade de respeitar a acessibilidade no trânsito, mas as experiências não foram tão boas.
"Tem uns que ficam sem graça, tem outros que perguntam se a vaga é minha. Mas, tem uns que são tão ignorantes que a gente tem medo até de levar um tiro", falou.
O pecuarista Paulo Márcio Metello também é cadeirante e disse que já passou por situações constrangedoras por tentar garantir seu direito à vagas especiais.
"Foi em um supermercado. Vi a pessoa na vaga e fui falar com ela. Eu pergunto se a pessoa quer trocar, ela ficar na cadeira de rodas e eu ficar na vaga normal. O cara ficou tão bravo que achei que ele ia me matar, falou em me bater e eu fiquei com medo", contou.
Maio Amarelo
O coordenador da campanha "Esta Vaga Não É Sua, Nem Por Um Minuto", David Marques, ressalta que a acessibilidade no trânsito não é a única bandeira do grupo. "O movimento é hoje é mais do que a exigência do respeito às vagas, é a exigência do respeito à acessibilidade na educação, na saúde, no transporte público, não é só a questão no trânsito. Então, o movimeto cresceu nesse sentido", afirmou David. A ação desta terça-feira (31) encerrou com chave de ouro o movimento "Maio Amarelo" promovido pelo Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul (Detran/MS) e Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran) de Campo Grande.
O chefe da divisão de educação para o trânsito da Agetran, José Roberto Cueva, ressaltou que a campanha tem caráter de conscientização e que a lei das vagas exclusivas valem para qualquer tipo de estacionamento coletivo, público ou privado. Em casos de irregularidades, qualquer pessoa podem denunciar pelo número 118, da Agetran.
Estacionar em vagas reservadas para idosos ou portadores de necessidades especiais sem ter o cartão de autorização é infração de trânsito considerada grave e resulta em 5 pontos na carteira, além de multa administrativa de R$ 127,69 e remoção do veículo. O valor a multa deve subir a partir de novembro, segundo os fiscais da Agetran. Até janeiro de 2016, a infração era considerada leve, com 3 pontos na carteira e R$ 53,20 de multa.
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