By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: Lance Net – Imagem: Danilo Verpa (Folhapress)
O nervosismo e a angústia eram tamanhos que o canto de "é campeão" saiu
embargado, em meio a lágrimas de alegria e tensão. Mas pode gritar,
torcedor alvinegro, o Santos é o novo (velho) campeão. É o time da
virada! Da virada não só na sofrida decisão, mas também no ano. Aquela
equipe apontada como a quarta força de São Paulo e com jogadores
desacreditados por muitos no início de 2015 é novamente a melhor do
estado. Após vencer por 2 a 1 no tempo normal e levar a disputa por
pênaltis por 4 a 2, o Peixe levantou a taça estadual pela 21º vez, a
sexta nos últimos dez anos!
O Palmeiras é grande, sim, como bradou Zé Roberto no primeiro jogo do
Verdão na temporada. Mesmo após levar 2 a 0 na etapa inicial, o time
buscou um gol no segundo tempo, resistiu à pressão nos minutos finais
com um homem a menos, mas não conseguiu repetir a façanha obtida na
semifinal, contra o Corinthians, quando ganhou nas penalidades.
Mas
o Santos também é grande, Zé. É enorme. A ponto de perder líderes no
começo do ano e se reerguer, mudar técnico e seguir firme, não ter
dinheiro, mas ter camisa.
Gigante também foi David Braz, monstro
na defesa e autor do primeiro gol. Foi Robinho, referência moral e
técnica. Foi Ricardo Oliveira, artilheiro, craque do campeonato e autor
do segundo gol. Foi Vladimir, que superou as críticas e a descrença
sobre si para ser um dos heróis da final.
Na lotada e linda Vila Belmiro, os papéis da primeira final se
inverteram nos 45 minutos iniciais. Já era esperado que, precisando
reverter a vantagem alviverde, o Santos marcasse mais em cima, tomasse a
iniciativa e tivesse maior posse de bola. O que surpreendeu, contudo,
foi a ineficiência palmeirense. Acuado no campo de defesa, o time
visitante sofria para criar algo, sobretudo pela apatia de Valdívia e a
falta de apoio dos laterais.
De volta ao 4-2-3-1, que se
transforma em 4-3-3 com a bola, o Peixe apostou nas jogadas pelos lados e
nas bolas em profundidade de Lucas Lima. Com troca de passes e
ultrapassagens, os donos da casa envolveram, mas o gol viria de outra
forma: pelo alto. Primeiro, uma balão de Valencia que caiu nos pés de
Robinho. A defesa palestrina ficou pedindo um impedimento que não
existiu enquanto o camisa 7, inteligente e altruísta, apenas escorou
para David Braz empurrar para as redes. Minutos depois, quando o
Palmeiras ainda acusava o golpe e não se encontrava em campo, Vladimir
bateu tiro de meta, Robinho novamente clareou o lance e Ricardo Oliveira
demonstrou a frieza habitual para completar para as redes.
A Vila
explodiu em euforia. Com convicção, os alvinegros cantaram que o Santos
é o time da virada. As polêmicas - e exageradas - expulsões de Dudu e
Geuvânio acrescentaram mais um componente à nervosa decisão. Quem
levaria a vantagem com um a menos? O Santos, que teria mais espaço para
contra-ataques, ou o Palmeiras, que perdia um atleta que vinha apagado
(ao contrário do camisa 11 rival)?
A resposta foi dada no início da etapa final. Novamente à exemplo da
primeira decisão, os donos da casa puderam matar o jogo, mas não o
fizeram e reviveram o abatido adversário. O Peixe sentiu fisicamente e
não conseguiu agarrar a taça nas chances que criou. O Verdão mostrou a
coragem que não teve no primeiro tempo e passou a atacar com mais ímpeto
e eficiência.
Valdivia, até então apagado, decidiu ser mago aos
19 minutos. Com um passe mágico, o chileno encontro Lucas, que escapou
pelas costas de Chiquinho, foi mal acompanhado por Ricardo Oliveira e
diminuiu a vantagem.
O estádio, que até então pulsava, se calou. O
nervosismo da torcida contagiou os jogadores. A bola começou a ficar
mais na faixa central de campo, as chances de gol rarearam e os nervos
se afloraram ainda mais.
Nem mesmo a expulsão de Victor Ramos aos
33 serviu para inflamar novamente as arquibancadas ou o Santos, que
parecia ter o físico e a mente esgotados. Victor Hugo ainda faria o gol
de empate/título nos minutos finais, após rebote de Vladimir, mas o
tento foi corretamente anulado por impedimento do zagueiro palmeirense.
Veio
então a disputa por pênaltis, com precisão imensa dos alvinegros, ao
contrário dos palmeirenses. Cleiton Xavier e David Braz fizeram. Rafael
Marques bateu, e Vladimir se agigantou. Depois, Jackson mandou na trave.
Era o início do fim. Gustavo Henrique, Victor Ferraz e Lucas Lima
marcaram e a Vila Belmiro explodiu. Já era hora de voltar a gritar "é
campeão".
FICHA TÉCNICA
SANTOS 2 X 1 PALMEIRAS
Local: Vila Belmiro, em Santos (SP)
Data/Hora: 3 de maio de 2015, às 16h (de Brasília)
Juiz: Guilherme Ceretta de Lima (SP)
Auxiliares: Emerson Augusto de Carvalho (SP) e Alex Ang Ribeiro (SP)
Público/Renda: 14.662 pagantes / R$ 1.555.280
Cartões amarelos: Valencia e David Braz (SAN); Valdivia, Gabriel e Lucas (PAL).
Cartões vermelhos: Geuvânio, 45'/1ºT (SAN); Dudu, 45'/1ºT e Victor Ramos, 31'/2ºT (PAL) .
GOLS: David Braz, aos 29'/1ºT (1-0); Ricardo Oliveira, aos 43'/1ºT (2-0) e Lucas, aos 19'/2ºT (2-1).
SANTOS:
Vladimir; Victor Ferraz, David Braz, werley (Gustavo Henrique, 8'/2ºT) e
Chiquinho; Valencia (Leandrinho, 38'/2ºT), Renato e Lucas Lima;
Geuvânio, Robinho (Cicinho, 41'/2ºT) e Ricardo Oliveira. Técnico: Marcelo Fernandes.
PALMEIRAS:
Fernando Prass; Lucas, Victor Ramos, Vitor Hugo e Zé Roberto; Gabriel,
Robinho (Cleiton Xavier, 8'/2ºT), Valdivia (Jackson, 32'/2ºT), Rafael
Marques e Dudu; Leandro Pereira. Técnico: Oswaldo de Oliveira
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