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INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: DivulgaçãoO ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes confirmou à Polícia Federal que o ex-presidente Jair Bolsonaro
apresentou a ele e aos outros comandantes das Forças Armadas uma minuta
de decreto para instaurar um estado de defesa no TSE e "apurar a
conformidade e legalidade do processo eleitoral" de 2022.
Freire Gomes depôs à PF no dia 1º de março, na condição de testemunha, por mais de 7 horas. O teor do depoimento foi publicado pelo jornal O Globo nesta sexta.
A informação sobre a apresentação da minuta foi antecipada pela colunista Miriam Leitão, da GloboNews no último dia 5.
Segundo o depoimento do general, o documento foi apresentado aos
comandantes das Forças em uma reunião no Palácio da Alvorada no fim de
2022.
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Freire Gomes disse à PF que o conteúdo era semelhante ao da minuta encontrada pela PF em janeiro de 2023 na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres.
Naquela oportunidade, o documento encontrado na residência do ex-ministro da Justiça
previa a decretação de um "Estado de Defesa na sede do Tribunal
Superior Eleitoral" e a criação de uma "Comissão de Regularidade
Eleitoral", comandada pelos militares e com o objetivo de "garantir a
preservação ou o pronto restabelecimento da lisura e correção do
processo eleitoral."
Primeira reunião
O general disse à PF que uma versão do documento foi apresentada em uma
primeira reunião entre Bolsonaro e os comandantes das Forças Armadas no
Palácio da Alvorada em 7 de dezembro de 2022.
Segundo Freire Gomes, ""na referida reunião possivelmente Filipe Martins
leu o referido conteúdo aos presentes e depois se retirou do local,
ficando apenas os militares, o então ministro da Defesa e o então
Presidente da República, Jair Bolsonaro."
Filipe Martins, ex-assessor da Presidência da República, é um dos alvos da Operação Tempus Veritatis, que investiga a organização de uma tentativa de golpe de Estado. A
operação também tem entre os alvos o ex-presidente Bolsonaro, o
ex-comandante da Marinha, Almir Garnier, e o ex- ministro da Defesa
Paulo Sérgio Nogueira -- todos mencionados por Freire como participantes da reunião.
O ex-comandante afirmou à PF que Bolsonaro descreveu o documento como
"em estudo" e disse que depois "reportaria a evolução aos comandantes."
Segunda reunião
Freire Gomes afirmou no depoimento que uma nova reunião foi realizada uma semana depois, também no Palácio da Alvorada. E uma nova versão do texto foi apresentada – esta, semelhante à do documento encontrado na casa de Torres, também alvo da operação.
Freire Gomes disse à PF que Torres servia de "suporte jurídico para as medidas que poderiam ser adotadas."
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Aos investigadores, o ex-comandante disse que "em outra reunião no
Palácio da Alvorada, em data em que não se recorda, o então presidente
Jair Bolsonaro apresentou uma versão do documento com a decretação do
estado de defesa e a criação da comissão de regularidade eleitoral para
'apurar a conformidade e legalidade do processo eleitoral'."
Nesta reunião, segundo o ex-comandante, estavam presentes ele, o
ex-presidente Bolsonaro, o ex-comandante da Marinha, almirante Garnier, o
ex-comandante da Aeronáutica, brigadeiro Carlos Baptista Junior e o
ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira.
Recusa a apoiar
Freire Gomes disse à PF que, nesta reunião, ele e o brigadeiro Baptista
Junior "afirmaram de forma contundente suas posições contrárias ao
conteúdo exposto" e disseram que "não teria suporte jurídico para tomar
qualquer atitude."
Já o almirante Garnier, segundo Freire Gomes, "teria se colocado à disposição do Presidente da República."
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O general também disse à PF que alertou o ex-presidente Bolsonaro de
que o Exército “não aceitaria qualquer ato de ruptura institucional” e
que a proposta discutida sobre o tema "poderia resultar na
responsabilização penal do então presidente da República."
Mensagens de Cid
O ex-comandante confirmou ainda à PF ter recebido mensagens do
tenente-coronel e ex-ajudante de ordens da Presidência, Mauro Cid, sobre
o assunto. Cid fez um acordo de delação com a PF e já prestou depoimentos sobre o tema -- incluindo relatos quanto às reuniões agora descritas pelo ex-comandante do Exército.
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