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INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: RADIO NAJUA – Imagem: DivulgaçãoA
1ª Conferência Intermunicipal de Cultura acontece nesta quinta (19), em
Prudentópolis. O evento será realizado na Câmara de Prudentópolis, que
fica na rua Conselheiro Rui Barbosa, das 9 às 16 h. O tema que
será discutido é “Democracia e Direito à Cultura”. O evento será
promovido por meio de uma parceria das secretarias de Cultura e Turismo
de Irati e Prudentópolis e do Conselho Municipal de Cultura de Irati.
Estão convidados para participar da conferência, os integrantes da
sociedade civil, conselheiros de Cultura, produtores de arte,
trabalhadores da cultura e representantes de entidades e coletivos do
setor cultural, que representam o polo 4 da Macrorregião Centro-Sul do
Paraná. Seis eixos temáticos serão discutidos na conferência. São eles:
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Eixo 2 – Democratização do acesso à cultura e Participação Social;
Eixo 3 – Identidade, Patrimônio e Memória;
Eixo 4 – Diversidade Cultural e Transversalidades de Gênero, Raça e Acessibilidade na Política Cultural;
Eixo 5 – Economia Criativa, Trabalho, Renda e Sustentabilidade;
Eixo 6 – Direito às Artes e às Linguagens Digitais.
Durante
o evento também serão eleitos os Delegados que representarão o Polo na
4ª Conferência Estadual de Cultura do Paraná, que será realizada nos
dias 4 e 5 de dezembro, em Foz do Iguaçu.
Pré-Conferência online em Irati
Na
terça-feira passada foi realizada a Pré-Conferência de Cultura de
Irati, que aconteceu de forma online. O evento foi promovido pelo
Conselho Municipal de Cultura e pela Secretaria Municipal de Cultura e
Turismo.
Um dos programas apresentados durante a
pré-conferência foi o Programa Municipal de Incentivo à Cultura de Irati
(PROMUNICI), que faz parte do plano decenal de cultura, apresentado
recentemente no município. Entretanto, ele ainda não foi regulamentado.
Outra
necessidade apontada durante o evento foi a criação de um banco de
dados informatizado sobre os artistas iratienses, com base no cadastro
já existente.
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O presidente do Conselho Municipal de Cultura, Leonardo
Schenato Barroso, explicou como será criado este banco de dados, que ele
chamou de “Portal da Transparência” da cultura iratiense.
“Nós
estamos firmando uma parceria com o Instituto Federal do Paraná (IFPR),
campus Irati, justamente para desenvolver este sistema eletrônico que,
se tudo der certo, pode gerar uma carteirinha para que a pessoa possa se
identificar como artista, válida em todo o território municipal,
dizendo que pertence à classe artística de Irati-PR. Estamos
desenvolvendo isto com uma validação digital junto ao IFPR, agradecendo à
Lainara dos Reis Zontini, que é a pessoa que está capitaneando isto
junto com um professor de informática e um aluno que vai fazer isto como
TCC, se der certo”, frisou.
Leonardo também aponta que falta
capacitação mais específica para quem trabalha dentro dos órgãos
gestores de cultura, para os conselheiros e trabalhadores da área.
“Hoje eu vejo muita dificuldade na própria classe dos trabalhadores e
trabalhadoras da cultura em desenvolver um projeto para captar recurso,
desenvolver um trabalho específico que tenha como objetivo, uma
finalização, uma geração de lucro, de renda, questão de envolvimento na
economia, a inserção do artista dentro das trocas econômicas. Tem a
ressalva de que isto talvez não valha para a cultura popular, para uma
pessoa que trabalha em algo que, pela sua própria natureza, não envolve
lucro, mas para aqueles que pretendem uma atividade remunerada, eu sinto
falta disso em Irati. Então, trazer esta capacitação seria importante”,
comentou.
O presidente do Conselho Municipal de Cultura defende
que haja uma sensibilização dos gestores municipais e estaduais para a
área cultural.
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“Eu vejo que aqui temos que fazer uma força muito grande
para convencer a gestão política e administrativa e os próprios órgãos
técnicos de que a cultura merece um orçamento volumoso, uma atenção
grande, assim como outras áreas merecem esta atenção do Poder Público, a
priorização no momento de desenvolvimento do orçamento e tudo o mais.
Esta é uma conversa de disputa porque todas as áreas pensam assim
também”, argumentou.
Leonardo aponta que a volta do Ministério da
Cultura no início deste ano foi importante, mas não resolve todos os
problemas do setor. “Foi importante sim, mas não resolve todos os
problemas da cultura a volta de um órgão. É importante haver um órgão
gestor exclusivo, falei disto em termos de Irati, mas não resolve todos
os problemas. Houve um paralelo no Paraná, que também tinha virado
superintendência, mas voltou a ser Secretaria de Estado da Cultura”,
pontuou.
Durante a pré-conferência online, Suzylene Batista de Oliveira,
conhecida como Suzy Oliveira, presidente do Conselho Municipal de
Políticas Culturais de Maringá e representante da macrorregião noroeste
no Conselho Estadual de Cultura do Paraná, afirmou que, apesar dos
avanços na sistematização das políticas culturais brasileiras, há a
necessidade de ampliar a participação da esfera pública na cultura.
“Pensar
uma política pública no Brasil, uma cidade que escuta primeiro aquele
que é acessado pela política pública e depois constrói seus marcos
legais. Eu acho que falar sobre a participação política da sociedade
civil na construção das políticas culturas é algo visionário. Às vezes,
as pessoas nos olham, enquanto fazedores de cultura, com olhar de
apaixonados. Pensar políticas culturais democráticas é pensar em uma
nova sociedade mesmo, é tentar propor um estado mais plural e
democrático, que escute a população. Aí, os conselhos vêm neste sentido,
como mediadores culturais e sociais da construção de políticas
públicas. Eu acho revolucionário podermos participar enquanto agentes da
sociedade civil e fazedor de cultura na construção das políticas
públicas dos nossos municípios, estados e federação”, frisou.
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Solange
Cristina Batigliana, gestora cultural de Londrina e diretora de
patrimônio histórico, artístico e cultural, defendeu um aumento nos
repasses financeiros para as políticas públicas de cultura. “Eu acho que
tudo isto é bem importante. Eu trabalho na prefeitura de Londrina desde
1991 e na Secretaria de Cultura desde 1998. Eu vi muito o movimento do
1% para a Cultura, que foi grande, todo mundo acreditava, mas não
conseguimos. Agora, de uma outra forma, estamos conseguindo e (as leis)
Paulo Gustavo e Aldir Blanc 2 vão ser momentos importantíssimos para
esta organização da política cultural”, comentou.
Diversidade
A artista Raíssa Negroni de Oliveira abordou a questão da Diversidade
Cultural e Transversalidades de Gênero, Raça e Acessibilidade na
Política Cultural. Para ela, a relação a respeito da diversidade dentro
da sociedade é muito complexa, uma vez que a sociedade brasileira foi
construída sobre um sistema racista.
“É um Brasil que foi
construído a partir do genocídio de uma população indígena, a partir da
mão de obra escrava, é uma coisa patriarcal e capacitista. Muitas vezes
deixamos todas estas discussões em um segundo plano, sempre pensando um
sujeito em uma unidade muito universal, em que estas discussões são tão
excêntricas ou polêmicas que acabam ficando em segundo plano. Precisamos
estar sempre entendendo o que as identidades podem nos potencializar
para construirmos ferramentas e discussões mais amplas e quando podem
nos desacelerar e limitar as nossas atuações”, comentou.
Já a
procuradora municipal de Quatro Barras, Renata Caroline Kroska, que
também participou do evento, citou um artigo da Constituição, que diz
que “o Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos
culturais, o acesso às fontes da cultura nacional e apoiará a
valorização e a difusão das manifestações culturais”. Para Renata, o
texto é muito bonito, mas representa uma série de desafios para os
produtores culturais.
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“Acesso às fontes da cultura nacional em um
país de dimensões continentais, como eu garanto este acesso? Como vou
garantir que isto aconteça em um país desta dimensão? Apoiará e
incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais. O
nosso constituinte aproxima a cultura de um conceito mais próximo do
senso comum do que um conceito técnico-jurídico. A cultura seriam os
costumes, o conjunto de hábitos das pessoas. Então, ele se distancia
deste conceito técnico-jurídico de cultura e vai para um conceito mais
de senso comum, atrelado às manifestações intelectuais e científicas das
pessoas”, comentou.
Pandemia e tecnologia
A
pandemia de Covid-19 fez com que grande parte da população precisasse
ficar em casa, o que afetou diretamente o setor artístico e cultural,
que precisou se reinventar naquele período. Muitos deles passaram a
fazer lives nas redes sociais e conseguiram obter patrocínios para
realizar essas atividades. Renata avalia que o meio digital e as
relações da arte com o metaverso são formas para melhorar o trabalho dos
artistas, que precisam se adaptar a este novo cenário.
“Se
pararmos mesmo para pensar sobre todas estas transformações, veremos que
neste eixo da conferência devemos nos debruçar e encaminhar propostas
tanto para serem enviadas para a União quanto para o nosso microcosmos
municipal e o cosmos estadual de propostas reais para o nosso público de
artistas, para eles começarem a se preparar para todas estas
transformações digitais”, pontuou.
A secretária municipal de Cultura e Turismo de Irati, Samantha Regina
dos Santos Ferreira, destacou que vai aproveitar a Conferência
Intermunicipal de Cultura, que acontece nesta quinta-feira, 19, em
Prudentópolis, para trazer algumas coisas para a cultura de Irati.
“Muitas coisas nós teremos que trazer para a nossa realidade, que é um
pouquinho menor que em outras cidades maiores. Porém, vemos que o que
temos hoje em Irati, a cultura que está se mostrando e desenvolvendo em
Irati é de grandes centros, onde temos todos os segmentos se mostrando
fortes e estamos nos descobrindo também. Como o Leonardo colocou em uma
fala, tem diferença de cadastros de artistas de uns meses atrás para
agora. A quantidade de pessoas que nós mesmos, sendo do município,
acabamos descobrindo como artistas, foi impressionante”, finalizou.
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