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INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: DivulgaçãoA Polícia Federal fez buscas na manhã desta quarta-feira (3) na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro em Brasília. Os policiais também prenderam o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, e outros cinco suspeitos.
Jair Bolsonaro não foi alvo de mandado de prisão. A Polícia Federal chegou a agendar um depoimento do político para as 10h desta quarta, mas ele decidiu não comparecer.
A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes dentro do
inquérito das "milícias digitais" que tramita no Supremo Tribunal
Federal (STF ). Na decisão, o ministro considerou "plausível"
a linha de investigação da Polícia Federal de que grupo ligado a
Bolsonaro inseriu informações falsas no ConectSUS para obter vantagens
ilícitas.
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A fraude nos cartões de vacinação do Bolsonaro e da filha de 12 anos
aconteceu em 21 de dezembro passado, pouco antes de viajarem para os EUA
(no penúltimo dia de mandato). Após ser lançado no ConecteSUS, é
possível gerar um comprovante de imunização. Os dados foram retirados do
sistema em 27 do mesmo mês, segundo relatório da Polícia Federal (leia mais aqui ).
Policiais chegaram nas primeiras horas da manhã ao condomínio onde o
ex-presidente mora desde que voltou ao Brasil, em março. Por volta das
9h20, já não havia carros da Polícia Federal em frente à casa de
Bolsonaro.
Bolsonaro falou à imprensa após as buscas. Ele reafirmou que não se
vacinou contra a Covid e disse que não houve adulteração nos dados do
cartão.
Qual o motivo da operação?
A PF investiga um grupo suspeito de inserir dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde .
"Com isso, tais pessoas puderam emitir os respectivos certificados de
vacinação e utilizá-los para burlarem as restrições sanitárias vigentes
imposta pelos poderes públicos (Brasil e Estados Unidos ) destinadas a impedir a propagação de doença contagiosa, no caso, a pandemia de Covid", diz a Polícia Federal.
Quais dados foram forjados?
A TV Globo e a GloboNews apuraram que teriam sido forjados os certificados de vacinação:
- do hoje ex-presidente Jair Bolsonaro;
- da filha de Bolsonaro, hoje com 12 anos;
- do ex-ajudante de ordens Mauro Cid Barbosa, da mulher e da filha dele.
Essa suposta falsificação teria o objetivo de garantir a entrada de
Bolsonaro, familiares e auxiliares próximos nos Estados Unidos, burlando
a regra de vacinação obrigatória.
A PF ainda investiga a situação de outros membros da comitiva, como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
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Quais dados constam na carteira de Bolsonaro?
Segundo apurou a TV Globo, os sistemas do Ministério da Saúde indicam
que duas doses de vacinas contra Covid teriam sido aplicadas em Jair
Bolsonaro. Nesta quarta, após a operação da PF, o próprio ex-presidente
negou que ele e a filha tenham se imunizado.
No sistema da Rede Nacional de Dados em Saúde, no entanto, constam duas doses da Pfizer:
- a primeira, supostamente aplicada em 13 de agosto de 2022 no Centro Municipal de Saúde de Duque de Caxias (RJ);
- a segunda, supostamente aplicada no dia 14 de outubro, no mesmo estabelecimento de saúde.
Os dados, segundo os investigadores, foram inseridos no Sistema de
Informações do Programa Nacional de Imunizações apenas em 21 de
dezembro, pelo secretário municipal de Governo de Duque de Caxias, João
Carlos de Sousa Brecha.
Uma semana depois, no dia 27 de dezembro do ano passado, as informações
foram excluídas do sistema por Claudia Helena Acosta Rodrigues da
Silva, sob alegação de "erro".
Quem são os alvos da operação?
Até as 7h, todas as prisões já tinham sido cumpridas. Os presos foram:
- o coronel Mauro Cid Barbosa, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro;
- o sargento Luis Marcos dos Reis, que era da equipe de Mauro Cid;
- o ex-major do Exército Ailton Gonçalves Moraes Barros;
- o policial militar Max Guilherme, que atuou na segurança presidencial;
- o militar do Exército Sérgio Cordeiro, que também atuava na proteção pessoal de Bolsonaro;
- o secretário municipal de Governo de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha.
Os agentes cumpriram 16 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva, em Brasília e no Rio de Janeiro.
A Polícia Federal apreendeu dinheiro vivo na casa do tenente-coronel Mauro Cid. Foram encontradas notas de dólares no valor de US$ 35 mil e de reais no valor de R$ 16 mil .
Como funcionava o suposto esquema?
A inclusão dos dados falsos aconteceu em dezembro do ano passado,
segundo a PF. As pessoas beneficiadas conseguiram emitir certificados de
vacinação e usar para burlar restrições sanitárias impostas pelos
governos do Brasil e dos Estados Unidos, segundo os investigadores.
A inserção de dados falsos teve de ser refeita, em outra oportunidade.
Isso porque, na primeira tentativa, o grupo inseriu no sistema lotes que
tinham ido para outras cidades – e não para Brasília, como a fraude
tentava apontar.
Nessa segunda tentativa, segundo os investigadores, os envolvidos
deixaram rastros que facilitaram a apuração dos supostos crimes.
Segundo a Polícia Federal, o ajudante de ordens Mauro Cid Barbosa era quem controlava o cadastro de Jair Bolsonaro no ConecteSUS. Os acessos à plataforma foram feitos por um computador atribuído a Cid.
Além dos indícios no próprio sistema do Ministério da Saúde, a
investigação obteve trocas de mensagens entre os envolvidos que
confirmaram a fraude – a quebra do sigilo foi autorizada pela Justiça.
Entre novembro de 2021 e dezembro de 2022, período referente à investigação, o ex-presidente Jair Bolsonaro fez duas viagens oficiais e uma pessoal para os Estados Unidos.
A Polícia Federal afirma que o objetivo do grupo seria "manter coeso o
elemento identitário em relação a suas pautas ideológicas" e "sustentar o
discurso voltado aos ataques à vacinação contra a Covid-19".
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Segundo a PF, as condutas investigadas podem configurar, em tese, crimes como:
- infração de medida sanitária preventiva;
- associação criminosa;
- inserção de dados falsos em sistemas de informação;
- corrupção de menores.
- Jair Bolsonaro: o ex-presidente da República afirmou que não tomou vacina e que não houve adulteração nos registros de saúde dele e da filha. "Nunca me foi pedido cartão de vacina em lugar nenhum, não existe adulteração da minha parte. Eu não tomei a vacina, ponto final. Nunca neguei isso", disse.
- Mauro Cid e família: dizem que vão se manifestar quando tiverem acesso aos autos do processo.
- Marcelo Siciliano, ex-vereador do Rio: o político disse que foi surpreendido por agentes da Polícia Federal em sua casa e teve o celular apreendido, mas não sabe o motivo da operação. Disse também que está à disposição para dar esclarecimentos.
- Claudia Helena Acosta Rodrigues da Silva: disse que não vai se manifestar porque a investigação está sob sigilo.
- João Carlos Brecha, secretário de Governo de Duque de Caxias: a TV Globo entrou em contato com a prefeitura da cidade, mas não teve retorno.
O g1, a TV Globo e a GloboNews tentam contato com os demais citados.
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