O senador José Serra (PSDB-SP)
foi o único a votar contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC)
que amplia uma série de benefícios sociais às vésperas da eleição e
decreta estado de emergência para blindar o presidente Jair Bolsonaro (PL) de punições da Lei Eleitoral. Serra argumentou que o pacote viola a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e fura o teto de gastos - a regra que limita o crescimento das despesas do governo. As medidas, na visão dele, vão levar a uma perda da credibilidade fiscal do País, o que pode alimentar a inflação e levar o Banco Central (BC) a elevar ainda mais os juros.
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“O
pretexto foi defender quem mais precisa, mas isso deveria ser feito de
outra forma. O governo enviaria projeto de lei e créditos
extraordinários, sinalizando controle e governança”, disse o senador, em
publicação no Twitter. Após a inclusão de novas benesses, o custo do
"pacote do desespero", como técnicos passaram a chamar a PEC, ficou em
R$ 41,25 bilhões fora do teto.
Para blindar o presidente Jair Bolsonaro (PL) de eventuais punições da
Lei Eleitoral, foi incluído na PEC um estado de emergência nacional,
criticado pela oposição, que, apesar disso, votou a favor da proposta. A
legislação impede, em situação normal, a ampliação ou adoção de
benesses em ano eleitoral, exceto em caso de estado de emergência ou
calamidade.
“Na verdade, o ‘pacote de bondades’ é eleitoreiro, só vai até dezembro
de 2022 e compromete o futuro das contas públicas”, escreveu Serra.
“Além disso, a perda de credibilidade fiscal vai estimular inflação,
juros mais elevados e reduzir os investimentos necessários para a
geração de emprego e renda, que é a mais importante política de combate à
pobreza de que dispomos”, emendou.
Benefícios
Após uma negociação com o MDB e o governo, o relator, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE),
incluiu na PEC um auxílio-gasolina de R$ 200 por mês a taxistas, com
custo de R$ 2 bilhões, e a destinação de R$ 500 milhões ao programa Alimenta Brasil. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, o ministro da Economia, Paulo Guedes,
deu aval às medidas, em articulação que envolveu o senador Flávio
Bolsonaro, líder do PL no Senado, e o próprio presidente da República.
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Com
o auxílio-taxista e os recursos ao Alimenta Brasil, o impacto do pacote
subiu de R$ 38,75 bilhões para R$ 41,25 bilhões fora do teto de gastos.
A PEC já previa zerar a fila de espera do Auxílio Brasil e aumentar o valor do programa social que substituiu o Bolsa Família de R$ 400 para R$ 600 até o final do ano. O custo estimado com o benefício na proposta é de R$ 26 bilhões.
Também
há estimativa de gasto de R$ 5,4 bilhões para conceder uma
"bolsa-caminhoneiro" de R$ 1 mil por mês; de R$ 2,5 bilhões para dar
subsídio à gratuidade a passageiros idosos nos transportes públicos
urbanos e metropolitanos; de R$ 1,05 bilhão para dobrar o vale-gás a
famílias de baixa renda, que vai subsidiar um botijão a cada dois meses;
e de R$ 3,8 bilhões para compensar Estados que reduzam as alíquotas de ICMS sobre o etanol para manter a competitividade do biocombustível em relação à gasolina.
Todas
as medidas valem apenas até o final do ano e serão feitas por meio da
abertura de créditos extraordinários. Bezerra chegou a citar R$ 26,6
bilhões de outorgas da Eletrobras
como opção para custear parte da proposta, além de repasses de
dividendos, estimados entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões, mas não há
vinculação a nenhuma receita específica.
Na
votação no Senado, foram 72 votos a favor no primeiro turno e 67 no
segundo. Serra foi o único a votar contra nos dois turnos. O texto segue
agora para a Câmara dos Deputados.
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