By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: DivulgaçãoUm estudante de biologia de 25 anos encontrou uma espécie de percevejo
de origem asiática em Santos, no litoral de São Paulo, nunca catalogada
no Brasil. A primeira aparição do Ethersina fullo fez com que
nascesse um estudo sobre o inseto, e também acendesse um alerta sobre os
prejuízos que ele pode trazer para a fauna local, e também para a
agricultura.
O primeiro encontro se deu em novembro de 2020. O estudante Yan Lima e
Silva tirava algumas fotos no bairro Aparecida, onde mora. Ele é
fotógrafo amador, e costuma sair com sua câmera para registrar animais
invertebrados. Ele fez a foto e, como não entende muito desse tipo de
animal, publicou o registro na rede social iNaturalist, voltada à
ciência.
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“O próprio aplicativo já sugere um gene, ou até mesmo uma espécie. Quando eu publiquei, ele sugeriu Erthesina
como nome do percevejo. Como eu não sabia, deixei lá, para
posteriormente alguém que fosse mais especialista confirmar”, lembra. Ao
publicar a foto, ele também percebeu que o mapa da plataforma indicava a
incidência desse animal na Ásia, e só o registro do estudante na
América do Sul.
Pouco tempo depois, o mestre em biologia animal pela Universidade
Federal do Rio Grande (FURG) Ricardo Brugnera entrou em contato com o
estudante, interessado pela espécie, e pediu para que ele coletasse um
indivíduo, caso encontrasse novamente. Em fevereiro, o jovem encontrou a
espécie novamente, na mesma árvore, e conseguiu fazer a coleta.
A partir disso, ele e o pesquisador criaram um grupo de estudos para
saber como o percevejo se comportaria em um terrário. “Me gerou
interesse, porque não se trata de uma espécie nativa do Brasil, e quando
falamos disso, falamos de algo que pode trazer muitos prejuízos, não só
econômicos, mas para a fauna local”, explica Brugnera.
A suspeita, segundo ele, é de que o animal tenha chegado ao país por
contêineres, pelo Porto de Santos, já que a maior incidência ocorre em
bairros próximos ao cais santista. Até o momento, eles foram localizados
em praças públicas nos bairros Aparecida, Embaré, Ponta da Praia e
Macuco. “Pelo menos cinco indivíduos foram confirmados. Temos
conhecimento de mais, porém, ainda não confirmamos que se tratam da
mesma espécie”, afirma.
Ethersina fullo
O pesquisador aponta que esse percevejo é comumente encontrado no
Sudeste da Ásia, e se alimenta de até 57 plantas diferentes. Um estudo
internacional publicado em junho de 2020, e considerado o mais recente,
indica que a espécie é uma importante praga na China, que causa danos
econômicos a plantações de kiwi, pêra, pêssego, maçã e romã. Esse animal
também foi encontrado na Nova Zelândia e na Albânia.
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Segundo Brugnera, o alerta ocorre principalmente por seu vasto hábito
alimentar, e isso é muito facilitado no Brasil, devido à diversidade de
plantas nativas e cultivadas existentes no território nacional. Além
disso, ele pode se adaptar facilmente, fato que também pode contribuir
para que a espécie se expanda. “A princípio, a espécie conseguiu se
estabelecer aqui, se alimentar, se reproduzir e continuar outras
gerações”, explica.
Além da diversidade de plantas, o que pode ajudar na adaptação desse
inseto é o clima do país, que é tropical. Conforme explica Brugnera, a
temperatura mais elevada contribui para a reprodução adequada, já que
ele não precisa hibernar, como ocorreria caso estivesse em um país
predominantemente frio.
“Isso não acontece aqui no Brasil, e é uma coisa favorável para a
espécie. Isso gera um interesse em estudar e entender por que essa
espécie está aqui, e tentar controlar, para que não se expanda muito”,
finaliza o pesquisador.
Após a confirmação de que se trata da espécie asiática, a prefeitura, o
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (Ibama) e o Ministério da Agricultura foram notificados. Em
nota, a administração municipal informou que o Ibama realizará uma
reunião com os pesquisadores, para a qual a Secretaria de Meio Ambiente
(Semam) será convidada a participar.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) informou
que está investigando a nova espécie de inseto, e aguarda resultado da
análise laboratorial. Após a confirmação, é iniciada a 2ª fase de
investigação, que visa eliminar a população/foco da praga e fazer
levantamentos para delimitar a área afetada.
Ainda de acordo com a pasta, a região de Santos é de alto risco de
surgimento de novas pragas. Por isso, a inspeção dos produtos agrícolas e
outras vias de disseminação de pragas faz parte da rotina de trabalho
realizado pela Vigilância Agropecuária do Mapa (Vigiagro). Além disso, é
realizada constantemente a inspeção de matérias em portos e aeroportos
de forma preventiva, com ações para identificar, de forma ágil, qualquer
praga.
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