By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: RADIO CULTURA – Imagem: Divulgação
O dia 17 de maio de 2021 entra para a
história do município de Pinhão (PR) e da diocese de Guarapuava, como a
data de início de uma grande missão e busca pela santidade de uma pessoa
da comunidade que teve sua história calcada na oração e na vivência
cristã. Na oportunidade, padre André Ricardo Santos Lima, pároco da
paróquia Nossa Senhora Imaculada Conceição, de Palmital, mas que nasceu
em Pinhão, proferiu bênção sobre o túmulo de Dolores de Jesus Camargo.Padre André foi designado pelo bispo
diocesano, Dom Amilton Manoel da Silva para dar atenção aos vários
pedidos da comunidade que, há um tempo, reza pela memória de Dolores e a
ela atribuem graças alcançadas.
MAS QUEM FOI ESTA JOVEM?
Dolores de Jesus Camargo, nasceu em 25
de março de 1932 e morreu em 8 de agosto de 1959. Conforme a história
popular, ela dedicou sua vida e seu sofrimento a Jesus, a quem sempre
buscava e agradecia por tudo o que ocorria em sua vida
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Um ano depois, agora com 14 anos de
idade, foi visitar seus avós que viviam em uma fazenda, no município de
Pinhão. A pedido da avó, Dolores foi torrar café, uma prática muito
comum naquela época, principalmente para quem vivia no campo.
Com o corpo quente por ter ficado muito
tempo ao redor do forno, Dolores foi tomar banho no rio antes de entrar
na casa. Ela teve um choque térmico e sofreu uma paralisia em um lado de
seu corpo, com grandes danos à sua face.
Era o ano de 1946 e a menina ficaria
naquele estado de deficiência e dor por treze anos, quando não resistiu e
morreu no mês de agosto de 1959.
Relatos familiares destacam que a menina
nunca reclamou de sua condição de saúde, embora tendo que interromper
todas as suas atividades práticas, como estudar, por exemplo. Ela tinha a
intenção de se tornar freira e colaborar com os projetos da Igreja em
uma demonstração clara de vocação e doação a Deus.
Segundo relatos, além de prejudicar seu
corpo, a paralisia a deixou cega, mas os mesmos relatos sublinham que
ela não reclamava de sua condição, ao contrário, aceitava a situação com
alegria. “Ofereço tudo a Jesus”, costumava dizer ao ser abordada sobre o
assunto.
“Por diversas vezes, aqueles que
tentavam consolá-la eram consolados por Dolores, pela força que sua fé
lhe dava. Devota de São Miguel Arcanjo, sempre rezava a ‘Oração do
Arcanjo São Miguel’”, contavam os que conviveram com ela.
Filha de Pedro Silveira de Camargo e
Umbelina da Silveira Caldas, Dolores tinha outros oito irmão, em uma
família de novo filhos.
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De origem católica (como a maioria na
região, naquela época), desde cedo, a criança se mostrava fervorosa em
sua fé, conforme contam os moradores antigos do lugar. “Dolores crescia
como qualquer criança, no entanto, a fé em Jesus Eucarístico e em Nossa
Senhora, fazia com que ela se destacasse na espiritualidade ao ensinar
outras crianças a rezar, principalmente a poderosa oração de São Miguel
Arcanjo”, contam algumas pessoas.
Depois do acidente, impossibilitada de
voltar ao colégio por causa da enfermidade, e tendo que desistir da
ideia de se tornar uma religiosa, ela deu sequência à sua missão de um
modo particular, rezando silenciosamente e alimentando a esperança da
restabelecer a saúde. Mas este dia nunca chegou. Neste ínterim, ela
oferecia sua condição física e suas dores a Deus, como fator de expiação
de seus pecados e dos demais à sua volta. “Dolores passou
aproximadamente treze anos naquela enfermidade, atrofiando cada vez mais
o corpo e os membros pelo avanço da paralisia. Muitas vezes foi a
Guarapuava, levada de carroça pelos pais, em vários dias de viagem para
consultar o médico, receber a unção dos enfermos, confessar os pecados e
comungar”, diz a história não escrita da menina.
Com o tempo, as dores e as dificuldades
só aumentavam na vida de Dolores. Depois da perda da visão, ela se
tornou mais sensível à sua fé, representando verdadeiro exemplo de
paciência e perseverança. “As enfermidades e dificuldades aumentavam
enquanto o tempo passava. Ela se tornava adulta e crescia fisicamente,
dificultando os cuidados de cada dia. Aos poucos, Dolores foi perdendo a
visão, chegando a ficar completamente cega. No entanto, aprendeu a
enxergar com os olhos da fé. Era sempre uma grande inspiração de
paciência, resignação, oferecimento e amor. Crescia em estatura,
sabedoria e graça diante dos homens e diante de Deus. Recebia
periodicamente a santa comunhão quando os padres iam até sua comunidade
celebrar missas. Morreu em meio à sua família e comunidade, em 8 de
agosto de 1959. A partir de então, foi sempre reconhecida pela família e
amigos, como uma mulher de Deus, da eucaristia e da fé. Seu túmulo se
encontra no cemitério da Caroba, em Pinhão. Lugar que espera a visita do
povo de Deus e as orações por sua alma, bem como pedidos de graças por
sua intercessão”, diz um texto escrito pelos familiares e amigos, sobre a
vida de Dolores.
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Conforme padre André Santos Lima, a
mobilização da comunidade que atribui graças alcançadas pela intercessão
de Dolores, despertou a atenção do bispado de Guarapuava que pediu uma
análise mais acurada dos fatos, com observação minuciosa de cada
episódio narrado pelas pessoas.
Em 17 de maio, houve uma bênção no
túmulo da jovem, com a participação de familiares e de algumas pessoas
da comunidade que seguiram as recomendações do distanciamento social,
por causa da pandemia de Coronavírus. Na ocasião, padre André disse que,
em primeiro lugar, se observa em Dolores, uma vida de virtudes e uma
doação intensa a Deus e a Nossa Senhora. “Este, antes de ser um gesto da
comunidade, é um gesto da família. Em primeiro lugar, enxergamos aqui,
uma vida de virtudes, de resignação, de fé. Foram poucos anos de vida,
mas uma vida muito intensa. Como diz Jesus, no Evangelho, ‘vida em
abundância’”, falou padre André durante a bênção ao túmulo.
O sacerdote contou que atualmente a
Igreja faz um cuidadoso e criterioso levantamento dos fatos e da
biografia de Dolores, colhendo informações e relatos de pessoas que
conviveram com ela, para se ter comprovação de ocorrência de milagres
atribuídos à jovem doente. “Nós estamos fazendo um levantamento
biográfico, (colhendo) relatos das pessoas que conviveram com ela, que
estiveram presentes na vida dela, ou posterior à vida dela. Eu
entrevistei uma irmã dela, que mora em Irati. Vamos fazer uma reunião
com a família. Teve uns sobrinhos que conviveram com Dolores. Na
segunda-feira, dia 17, nós fizemos a bênção do túmulo. Era um túmulo que
estava meio esquecido e que foi restaurado. (O local está) preparado
ali para receber a visita do povo de Deus. (O povo) vai vir, fazer sua
oração, sua devoção e também pedir graças. Já existem graças alcançadas
pela intercessão de Dolores, pelas virtudes dela”, detalhou padre André.
Cauteloso, o sacerdote explicou que
ainda não se pode chamar Dolores de beata, tampouco de santa neste
momento, por se tratar de uma situação muito criteriosa e minuciosa que
demanda estudos aprofundados e tempo para análise de cada situação. “Nós
não podemos chamá-la de santa, nem de beata, porque isso é muito
criterioso, é muito minucioso. Mas nós estamos em um projeto de
levantamento de dados, de biografia para iniciar um processo diocesano
de beatificação”, ressaltou padre André.
Um dos fatores principais em se tratando
de beatificação pela Igreja Católica, são os relatos e comprovações das
graças e dos milagres recebidos pela intercessão daquela pessoa a quem
se atribui tal fato.
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Em se tratando de Dolores, padre André disse que é
muito importante que essas informações cheguem até a paróquia para que
com isso, o processo ganhe consistência. “Se alguém receber graça pela
intercessão de Dolores, que entre em contato com a paróquia de Pinhão e
relate isso. A paróquia vai indicar como fazer esse relato, mas é
preciso que essas informações cheguem, para dar mais peso ainda a esse
processo”, concluiu padre André.
As sobrinhas de Dolores, Evani Camargo e
Neusa Maria Amaral de Camargo, a Neusinha, acompanharam o momento
considerado importante e disseram que a tia foi um exemplo de fé, de
esperança e de espiritualidade.
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