By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Divulgação
“Eles me sequestraram, me golpearam e me obrigaram a me casar”. A
revelação é de Roshan Kunar, que em 2017, quando tinha 17 anos, foi
sequestrado em Bihar, estado no norte da Índia, e forçado a casar com
uma jovem. “Eram dez homens apontando uma arma para mim, me ameaçando.
Que outra opção eu tinha?", diz.
Casos como o dele são comuns nessa região.
Um relatório da polícia diz que "em muitos desses casos, os jovens e
seus pais são obrigados a aceitar o casamento porque há uma arma
apontada para suas cabeças".
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Mas o que explica essa prática? Segundo especialistas, a resposta está
no sistema de castas que impera em muitas regiões da Índia.
Segundo a acadêmica Bharati Kumar, preocupadas em manter uma boa
"linhagem", algumas famílias não veem outra saída a não ser a de forçar
um jovem a se casar com sua filha. "As famílias pensam 'somos de uma boa
família e queremos um rapaz de boa família também'".
Famílias de mulheres jovens que não conseguem pagar o dote para que se
casem também recorrem a parentes e conhecidos para casá-las à força com
jovens considerados de boas famílias, disse ao jornal "Indian Times" o
ativista Mahender Yadav, observando que esse “é um problema social
antigo”.
No caso de Kunarm, apesar de ter sido forçado a se casar, ele se
recusou a morar com a esposa e denunciou a família dela à polícia.
“Minha vida será destruída se eu aceitar esse casamento. Quero estudar e
ser bem-sucedido na vida”, diz ele. “A família dela pode me matar se
quiser. Mas não conseguirá me forçar a aceitá-la.”
Bharati Kumar diz que nesse tipo de casamento “não há consentimento nem
do noivo nem da noiva". E as mulheres também sofrem as consequências.
“A vida da garota também está destruída. E é culpa dos pais dela”,
observa a irmã de Kunar, Priyanka, ao ressaltar que “esse casamento não
deveria ter acontecido” e que “a família está em choque”.
Parveen Kummar, sequestrado e forçado a casar em 2012, diz que restam
poucas opções aos noivos sequestrados. Primeiro, ele rejeitou a união,
mas três anos depois aceitou viver com sua esposa. Agora eles têm dois
filhos.
"Se eu não tivesse aceitado, depois nenhuma família teria permitido que eu casasse com sua filha."
Sua esposa, Marahani, optou pela resignação."Meus amigos me aconselham a
esquecer o que aconteceu e viver feliz, que essas coisas acontecem na
vida de qualquer pessoa."
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