By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: BANDA B – Imagem: Élio Kohut
(Intervalo da Noticias)
A Segunda Turma do Supremo Tribunal
Federal (STF) aceitou, nesta terça-feira, 24, um recurso apresentado pela
defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para retirar do juiz
federal Sérgio Moro, da 13ª Vara Criminal de Curitiba, trechos da delação da
Odebrecht que narram fatos relativos a investigações em torno do petista. Por
decisão de três dos cinco ministros da turma, os documentos serão encaminhados
à Justiça Federal de São Paulo.
De acordo com o Ministério Público,
essas colaborações relatam a ocorrência de reformas no sítio em Atibaia (SP),
aquisição de imóveis para uso pessoal e instalação do Instituto Lula e
pagamentos de palestras, condutas que poderiam funcionar como retribuição a
favorecimento da companhia.
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Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e
Gilmar Mendes concordaram com os argumentos dos advogados de Lula, de que os
fatos relatados não dizem respeito a crimes relativos a Petrobras.
Ao abrir divergência do ministro
relator do caso, Edson Fachin, que já havia votado para manter as colaborações
com Moro, Toffoli afirmou que as narrativas dos delatores também mencionam
ilícitos na obra do Porto de Mariel, em Cuba. “A investigação se encontra em
fase embrionária, e não vislumbro relação com a Petrobras”, disse Toffoli.
Vencidos, os ministros Celso de
Mello e Edson Fachin ressaltaram a decisão da própria Turma, que já havia
entendido, em julgamento anterior, que as cópias cabiam a Moro, argumento
também destacado pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
“A Turma julgadora não só analisou o argumento da defesa como, também, entendeu
que há relação de conexão entre os fatos narrados pelos colaboradores com os
crimes que estão sendo julgados pela 13ª Vara Federal de Curitiba”, destaca a
PGR em parecer enviado ao Supremo em fevereiro.
Em seu voto, o decano Celso de
Mello destacou que os fatos narrados nas colaborações têm relação com ações
penais em que Lula é réu e já estão em curso no Paraná. Além do caso do triplex
do Guarujá, no qual Lula já foi condenado em primeiro e segundo grau, o decano
citou as ações em torno do prédio do Instituto Lula e do sítio de Atibaia.
No caso sítio, Lula é investigado
por supostamente receber das empreiteiras OAS, Odebrecht e Schahin vantagens
indevidas de R$ 1,1 milhão por meio de reformas no Sítio Santa Bárbara, que
frequentou diversas vezes, em Atibaia. Na outra ação, o ex-presidente responde
por suposta propina de R$ 12,5 milhões da Odebrecht, que seria referente a um
terreno em São Paulo onde, segundo delatores, seria sediado o Instituto Lula.
Essas declarações dos executivos da
Odebrecht foram encaminhadas para Curitiba por decisão de Fachin em abril do
ano passado. A defesa de Lula já havia tentando, através de outro recurso,
tirar os depoimentos de Moro, mas a Segunda Turma negou esse pedido. No
entanto, na sessão desta terça-feira, ao julgar um novo recurso (embargos de
declaração), a defesa do ex-presidente conseguiu uma vitória.
Abreu e Lima
Na mesma sessão, os ministros, por
maioria, também decidiram tirar do juízo da 13° Vara as colaborações de
executivos da Odebrecht que narraram crimes praticados no âmbito da Refinaria
Abreu e Lima, em Pernambuco. As cópias dos termos de colaboração serão enviadas
a uma das varas criminais do Recife (PE).
Nesses depoimentos, os
colaboradores relataram a formação de ajuste de mercado em obras associadas à
Refinaria Abreu e Lima. Os depoimentos foram enviados para Curitiba por
determinação de Fachin, em abril do ano passado.
Contra essa decisão, a defesa do
empresário Aldo Guedes Álvaro entrou com um recurso, então negado pela Segunda
Turma. Na sessão desta terça-feira, o novo recurso (embargos de declaração) foi
também rejeitado, mas a maioria dos ministros decidiu enviar as cópias dos
termos de colaboração para Pernambuco através de uma decisão “de ofício”.
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