By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Divulgação
Os ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF)
negaram nesta terça-feira (26) por 5 votos a 0 pedido da Procuradoria
Geral da República (PGR) para prender o senador Aécio Neves (PSDB-MG),
mas, por 3 votos a 2, determinaram o afastamento do mandato e o
recolhimento noturno do senador em casa.
Votaram contra o pedido de prisão os cinco ministros da turma – Marco
Aurélio Mello (relator), Alexandre de Moraes, Luis Roberto Barroso, Rosa
Weber e Luiz Fux. Em relação ao pedido de afastamento do mandato,
votaram contra Marco Aurélio Mello e Alexandre de Moraes. Barroso, Rosa
Weber e Fux votaram pelo afastamento.
A prisão de Aécio foi negada de forma unânime porque os ministros não
consideraram ter ocorrido flagrante de crime inafiançável, única
hipótese prevista na Constituição para prender um parlamentar antes de
eventual condenação.
Pela decisão, Aécio Neves também ficará proibido de manter contato com
outros investigados na Operação Lava Jato e deverá entregar seu
passaporte, devendo permanecer no Brasil.
Aécio deverá ser afastado, e seguir as demais restrições, assim que for
notificado, o que deve ocorrer nesta quarta-feira (27), segundo o
advogado do senador, Alberto Toron.
Votos pelo afastamento
Primeiro ministro a votar pelo afastamento, Luís Roberto Barroso disse
no julgamento que há indícios “induvidosos” de crimes cometidos pelo
senador. Aécio é acusado de corrupção passiva e obstrução da Justiça,
por pedir e receber R$ 2 milhões da JBS, além de ter atuado no Senado e
junto ao Executivo para embaraçar as investigações da Lava Jato.
Na ocasião em que foi revelado o conteúdo da delação premiada de executivos da JBS, Aécio Neves argumentou que pediu o dinheiro como um empréstimo,
em uma transação de caráter particular, a fim de pagar advogados.
Segundo ele, antes do pedido de empréstimo foi proposta ao empresário
Joesley Batista, um dos sócios da JBS, a compra de um apartamento, que
ele não aceitou. A intenção, segundo o senador, era quitar a dívida do
empréstimo com Joesley com a venda do apartamento.
“Todos esses fatos, para minha maior surpresa e decepção, se passaram
anos depois do julgamento da ação penal 470 [mensalão], três anos após a
Lava Jato em curso, a demonstrar que as práticas continuam
rigorosamente as mesmas. Estamos passando por tudo isso sem nenhum
proveito, sem mudança no patamar ético da política no Brasil”, disse o
ministro Barroso.
Em seu voto, Luiz Fux considerou que a imunidade parlamentar – que dá
maior proteção a senadores e deputados contra prisões – “não é sinônimo
de impunidade”. O ministro disse que os direitos conferidos pela
Constituição para proteger o mandato têm por objetivo preservar a
“moralidade” do cargo.
Fux disse que Aécio não teve “grandeza” ao não se afastar
voluntariamente do mandato quando surgiram as suspeitas. “Já que ele não
teve gesto de grandeza, vamos auxilia-lo a ser portar tal como deveria
se portar, sair do Senado para poder comprovar à sua ausência de culpa
nesse episódio”, disse.
Ao também votar pelo afastamento, Rosa Weber considerou que Aécio
descumpriu medida imposta pelo senador Edson Fachin, em maio, que também
o havia afastado do mandato e o proibido de manter contato com outros
investigados. Depois desta decisão, Aécio postou foto conversando com
outros parlamentares do PSDB também alvos da Lava Jato.
“Não se trata de mera conversa ou contato. Essa reunião política revela
de forma objetiva contato com outros investigados da Operação Lava
Jato, o que estava cautelarmente vedado pela decisão do ministro Edson
Fachin”, disse a ministra.
Questionado após o julgamento sobre o encontro com os parlamentares, o
advogado de Aécio contestou a afirmação de que o senador teria
descumprido restrições impostas pelo ministro Edson Fachin em maio.
“A decisão impõe o afastamento das atividades legislativas. Ele não é
um cassado político, à moda do que ocorria na ditadura de 64. Ele pode
falar sobre política, ele pode conversar. Foi ele quem divulgou esse
encontro, porque não o fez clandestinamente, convencido de que fazia
algo absolutamente legal”, disse Toron.
Para defesa, decisão será revertida
Após o julgamento, o advogado de Aécio, Alberto Toron, disse que a
defesa irá agora estudar que tipo de ação pode ser levada ao Supremo
para reverter a decisão.
Ele disse que há novas provas no caso, especialmente uma nova gravação
entregue por Joesley Batista, sócio da J&F, comprovando, segundo
afirmou, que a irmã de Aécio, Andrea Neves, havia oferecido apartamento
ao empresário, e não pedido de propina.
“Eu tenho absoluta certeza que o STF, em face de novas provas, saberá rever essa decisão”, disse.
No momento da decisão do STF, Aécio Neves não estava no plenário do Senado, onde transcorria sessão deliberativa. O G1 procurou a assessoria do senador e aguardava uma manifestação até a última atualização desta reportagem.
Os pedidos da PGR
Os pedidos de prisão e de afastamento do mandato foram feitos no fim de julho pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Em maio, um primeiro pedido de prisão foi negado pelo relator da
Operação Lava Jato no STF, Edson Fachin – na época, porém, ele determinou o afastamento de Aécio do Senado.
No fim de junho, o ministro Marco Aurélio Mello, para quem o caso foi encaminhado, negou um novo pedido de prisão e permitiu a volta do senador ao exercício do mandato.
Os pedidos da PGR são baseados na delação de executivos da J&F. O
órgão sustenta que o senador teria recebido dinheiro da empresa e que
atuou em conjunto com o presidente Michel Temer para impedir as
investigações da Lava Jato.
Ele é acusado de corrupção passiva e obstrução de Justiça. Janot pediu a
prisão para evitar que o parlamentar tucano atrapalhasse as
investigações.
A defesa de Aécio diz que o pedido de prisão não seguiu as exigências
da Constituição, que só permite a medida em caso de flagrante de crime
inafiançável e após autorização do Senado.
OS COMENTÁRIOS NÃO SÃO DE
RESPONSABILIDADES DO INTERVALO DA
NOTICIAS. OS COMENTÁRIOS IRÃO PARA ANALISE E SÓ SERÃO PUBLICADOS SE TIVEREM
OS NOMES COMPLETOS.
FOTOS PODERÃO SER USADAS MEDIANTE
AUTORIZAÇÃO OU CITAR A FONTE
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.