quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Morre senhora que dependia do poder público para tratamento de câncer



By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 Imagem: Divulgação


Morreu nessa segunda-feira (7), aos 58 anos, em Sergipe, Maria José Barreto. Ela era um dos milhares de brasileiros que dependem do poder público para o tratamento contra o câncer.
Maria José era professora, mas no ano passado, se aposentou por invalidez para cuidar da saúde. Ela descobriu que estava com câncer de pulmão. Os médicos indicaram 18 sessões de quimioterapia. Ela começou o tratamento em fevereiro e deveria terminar em julho, mas em março o medicamento acabou e a quimio foi interrompida.
Em abril, o tratamento foi retomado. Em julho, o medicamento acabou de novo e a preocupação de Maria José aumentou. Ela estava certa. Para Roberto Gurgel, médico oncologista, que há 30 anos cuida de pacientes com câncer, as interrupções no tratamento são muito prejudiciais e é pior ainda no caso de câncer de pulmão: “O câncer de pulmão requer uma assistência muito mais pesada no que diz respeito ao tratamento em si para que a evolução se torne melhor. A falta é impactante. Se ela tem um ciclo marcado e falta esse ciclo, significa que o ciclo celular dela, que a quimio ia fazer efeito, deixa de fazer. É como se sempre começasse o tratamento de novo e nunca uma sequência de tratamento.
Maria José morava na cidade de Nossa Senhora Aparecida, no interior de Sergipe. No mês passado, o Jornal Hoje contou a história dela em uma série de reportagens (clique aqui para rever). Muitas vezes, Maria José enfrentava a viagem de quase duas horas até Aracaju, onde fazia o tratamento, e só ficava sabendo que o medicamento tinha acabado quando chegava no hospital.
No meio de agosto o tratamento foi retomado. Ele era feito no centro de Aracaju, em um dos dois hospitais de Sergipe que faz esse tipo de tratamento. Durante uma dessas sessões de quimioterapia, Maria José estava revoltada: “Que Deus coloque no coração dessas criaturas que não deixe a gente passar por isso. É muito difícil e não depende da gente. Depende deles e talvez se as pessoas que estão à frente estivessem lá, eles não deixassem isso acontecer. Porque só sabe quanto custa ficar sentada lá por três horas, quem fica. E eles quando têm um problema desses, têm lugar melhor para ir”.
No dia em que a série de reportagens começou a ser exibida, Maria José recebeu uma mensagem no celular avisando que o tratamento seria interrompido mais uma vez. Na semana passada, ela passou mal e foi internada em um hospital da cidade de Nossa Senhora da Glória, a poucos quilômetros de onde vivia. Ela morreu na noite de domingo (6).
A filha de Maria José, Marcionolia Barreto Pereira, está inconformada: “Eu não sei quantas pessoas vão precisar morre para que eles acordem, tomem uma atitude.
A quimioterapia dela estava marcada e iria recomeçar no dia 18 de novembro, mas não deu tempo.
O Hospital de Cirurgia, onde Maria José fazia o tratamento, disse que a falta de medicamentos é provocada pelo atraso no repasso das verbas. O hospital recebe dinheiro dos governos municipal, estadual e federal. Segundo o Ministério da Saúde, o repasse da União está em dia. A Secretaria de Estado da Saúde de Sergipe informou, por nota, que também faz o repasse em dia.
O Jornal Hoje não teve retorno da Secretaria Municipal da Saúde. A informação é que o secretário de Saúde de Aracaju, Antonio Almeida, está em uma reunião desde o começo da manhã. O atual prefeito da cidade, João Alves Filho, do DEM, não se reelegeu. Quem vai assumir é Edvaldo Nogueira do PCdoB.
Em entrevista ao Jornal Hoje, no mês passado, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, pediu desculpas à Maria José. Ele reconheceu que a tabela do SUS está defasada, mas disse que o Governo Federal faz o repasse de verbas em dia para estados e municípios. O ministro também disse que o Governo Federal está fazendo um esforço para mudar a situação e que economizou R$ 1,5 bilhão só nos primeiros cem dias da gestão.
O hospital disse que a situação por lá só vai ser resolvida quando a prefeitura pagar o que deve ao hospital, dívida que, segundo o hospital, é de R$ 8,8 milhões.

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