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INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: DivulgaçãoA Câmara dos Deputados
aprovou nesta quinta-feira (14) dois projetos que formam a minirreforma
eleitoral. Os textos, entre outros pontos, alteram regras sobre
prestação de contas, sobre inelegibilidade e flexibiliza a cota de
participação das mulheres.
A proposta também obriga oferta de transporte público gratuito no dia das eleições.
Agora, os textos vão para o Senado.
Analistas veem na minirreforma eleitoral uma flexibilização excessiva
de algumas regras que disciplinam a ação de partidos e candidatos.
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- flexibilizar as regras de inelegibilidade
- acabar com as prestações de contas parciais, feitas durante a campanha;
- flexibilizar o uso de recursos para campanhas femininas, ao abrir brechas para que os recursos sejam usados em despesas de candidatos homens;
- retirar a obrigatoriedade de que partidos que formam uma federação cumpram individualmente a cota de 30% de candidaturas femininas
- permitir a compra de aviões e barcos com uso do fundo partidário
- ampliar o rol de vítimas de violência política contra a mulher
- permitir doações por meio do PIX
O Congresso tem articulado para votar alterações nas regras eleitorais
até o começo de outubro. Isso porque, para serem válidas já nas eleições
de 2024, essas propostas precisam ser aprovadas pela Câmara e Senado,
além de sancionadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) antes
de 6 de outubro – ou seja, um ano antes do pleito.
Principais pontos
Veja abaixo as principais mudanças que o projeto apresenta:
Inelegibilidade
A proposta prevê mudar a contagem do prazo de inelegibilidade de
políticos condenados por crimes comuns - como por exemplo lavagem de
dinheiro e tráfico de drogas.
Hoje, eles ficam inelegíveis durante o cumprimento da pena e por mais
oito anos seguintes. Com o novo texto, ficariam inelegíveis nos oito
anos após a data da condenação.
Por exemplo: um político que hoje é cassado na Câmara fica inelegível pelo resto do mandato e por mais oito anos seguidos.
Há ainda alteração semelhante para situações de políticos que perdem o mandato.
A proposta também altera a contagem da inelegibilidade para políticos
que renunciam ao mandato após oferecimento ou abertura de processo de
cassação, como impeachment para presidentes.
Pela legislação atual, o político fica inelegível pelo resto do mandato e
por mais oito anos seguidos. A minirreforma reduz esse período para
oito anos a partir da renúncia.
Candidaturas coletivas
Durante a votação dos destaques, os deputados aprovaram uma mudança
sugerida pelo PL para proibir as candidaturas coletivas -- quando um
candidato é cabeça de chapa, mas outras pessoas são eleitas no mandato
para tomar decisões conjuntas.
A modalidade é atualmente autorizada por meio de resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O relator da minirreforma, Rubens Pereira Jr. (PT-MA), tinha incluído
as regras na legislação. Contudo, além de retirar esse dispositivo, os
deputados decidiram proibir esse tipo de candidatura.
Dinheiro para embarcação e aeronave
A proposta permite o uso do dinheiro do fundo partidário para comprar
ou alugar veículo automotor, embarcação e aeronave, combustível e
manutenção, "desde que comprovadamente a serviço do partido".
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O texto acaba com as prestações de contas parciais, que dão
transparência às despesas realizadas no meio da campanha eleitoral.
Prestação de contas
O projeto determina que uma sigla ficará sem repasses do Fundo
Partidário (fundo público utilizado para manutenção das legendas) apenas
durante o período em que durar sua eventual falta de prestação de
contas.
Na avaliação de especialistas, isso impossibilita o ressarcimento de recursos públicos em casos de contas não prestadas.
Federações e incorporações
Segundo o texto, eventuais sanções a uma sigla integrante de federação
partidária não poderão ser aplicadas a todos os outros membros da
federação. A regra também é válida para partidos que forem incorporados
por outras legendas.
Fraude à cota de gênero
A minirreforma elenca condutas que podem ser caracterizadas como fraude à reserva de recursos e campanha para mulheres.
Segundo o texto, são consideradas abuso de poder político as seguintes práticas:
- não realização de atos de campanha
- e número de votos que revele “não ter havido esforço de campanha, com resultado insignificante”.
A lista das condutas é menor, em relação à divulgada inicialmente por
Rubens Pereira Jr na primeira versão da reforma.
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Recursos para campanhas femininas
O projeto aprovado prevê repasse mínimo de recursos a candidaturas femininas e negras.
Segundo o texto, os partidos deverão destinar, no mínimo, 30% de
recursos dos fundos eleitoral e partidário a essas candidaturas. No
entanto, os repasses poderão ser maiores – a regra estabelece que
deverão ser proporcionais ao número de candidaturas negras e femininas
registradas.
A regra é semelhante à determinação do Tribunal Superior Eleitoral. Na
prática, se houver 40% de candidaturas femininas em uma eleição, os
partidos deverão destinar o mesmo percentual dos fundos a essas
candidatas. O mesmo vale para candidaturas de pessoas pretas.
O texto vai contra o que é discutido na PEC da Anistia, que diminui o
montante repassado. Segundo a proposta, o valor será de 20% tanto para
mulheres quanto para negros, sem observar a proporcionalidade.
Além disso, a proposta cria regras para distribuição de recursos dos
fundos partidário e eleitoral em campanhas femininas. Na prática, abre
brecha para que as verbas sejam usadas para candidatos homens.
Apesar de determinar que o recurso destinado ao custeio das campanhas
femininas seja aplicado exclusivamente nessas candidaturas, a proposta
permite que o dinheiro seja destinado a despesas comuns com candidatos
do sexo masculino, “desde que haja benefício para campanhas femininas e
de pessoas negras”. O texto, contudo, não define quais seriam esses
benefícios.
Cota para mulheres em federação
De acordo com o relatório, a cota mínima de 30% de candidatas mulheres
pode ser preenchida por uma federação, e não por cada partido
individualmente
Por exemplo, se três siglas estiverem federadas, uma delas não precisa
ter 30% de candidatas, desde que outra legenda compense este percentual.
Na prática, segundo especialistas, a regra abre brecha para que um
partido não atenda à cota de gênero.
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Limite de multa
O relatório limita em R$ 100 mil o valor da multa aos partidos que
descumprirem as cotas mínimas de propaganda gratuita para candidatas
mulheres e negras.
Irregularidades em transferências não eletrônica
O texto anistia partidos e candidatos que não conseguirem comprovar
gastos efetuados, nas eleições de 2022, em transações não eletrônicas,
como cheques cruzados.
Segundo o texto, a condição que impedirá a punição é demonstrar que
houve “efetiva prestação do serviço ou do fornecimento de bens por meio
de documentação, como notas fiscais, extratos e outros meios idôneos de
prova”.
Transporte público
A proposta prevê que, nos dias de eleições, estados e municípios
deverão oferecer – de forma indireta ou direta – serviço público de
transporte coletivo de passageiros gratuito
O volume do serviço habitualmente disponibilizado não poderá sofrer
redução. A diminuição da oferta poderá configurar ilícito
cível-eleitoral, abuso de poder econômico, político e de autoridade.
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- criar linhas especiais para regiões mais distantes dos locais de votação;
- usar veículos públicos disponíveis ou requisitar veículos adaptados para o transporte coletivo
Doações via Pix
O projeto inclui o Pix como meio para doações de campanhas. As
informações sobre os repasses às candidaturas serão encaminhadas pelas
instituições financeiras diretamente à Justiça Eleitoral.
Calendário eleitoral
A proposta da minirreforma também muda datas do calendário eleitoral
- registro de candidatura: partidos deverão apresentar os pedidos de candidatura até as 19h de 31 de julho do ano eleitoral – atualmente vai até as 19h de 15 de agosto
- prazo de julgamento dos registros de candidatura: até cinco dias antes da eleição – atualmente, a Justiça Eleitoral tem que julgar os registros em até 20 dias antes do pleito
- convenções eleitorais: a etapa de escolha de candidatos deverá ocorrer entre 10 e 25 de julho do ano eleitoral – atualmente vai de 20 de julho a 5 de agosto do ano eleitoral
- registro de federações partidárias: em até seis meses antes das eleições – atualmente pode ser registrada até o fim das convenções partidárias
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