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INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: METROPOLES – Imagem: DivulgaçãoQuando decolou com Jair Bolsonaro
rumo aos Estados Unidos , em 30 de dezembro de 2022, o então ajudante de
ordens do presidente, tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid , já tinha
planos de esticar sua temporada em terras americanas para além de
Orlando, na Flórida.
Como ele próprio contou à Polícia Federal em 5 de abril, em depoimento ao qual o Metrópoles teve acesso, a partir do último dia de dezembro Cid saiu de férias, cruzou o país e foi visitar familiares na Califórnia.
O tenente-coronel do Exército , hoje preso, precisava descansar. Já
investigado em diversas frentes, por distribuição de fake news,
vazamento de documentos sigilosos para tumultuar o processo eleitoral e pela suspeita de operar um caixa paralelo no Planalto que servia à família Bolsonaro, ele havia tido um mês de dezembro frenético.
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Esteve empenhado na tentativa frustrada de resgate das joias presidenciais retidas pela Receita no aeroporto de Guarulhos e no esforço para fraudar comprovantes de vacinas, o que acabaria resultando na operação que o levou à cadeia, meses depois, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
O
faz-tudo de Bolsonaro não detalhou para os policiais o restante de sua
programação nos Estados Unidos, mas seu roteiro lança luz sobre um rol
de propriedades milionárias compradas e registradas em nome de sua
família nos últimos anos em solo americano.
A começar pelo
endereço principal que seria visitado na viagem à Califórnia, uma mansão
de US$ 1,7 milhão (nada menos que R$ 8,5 milhões) onde vive seu irmão,
Daniel Cid, um outro personagem do clã que também que já caiu na malha
da Polícia Federal e do STF por envolvimento na difusão de fake news em
favor de interesses bolsonaristas.
A mansão e o “trust”
A mansão está registrada oficialmente como propriedade de um trust de nome sugestivo: “Cid Family Trust”.
A
propriedade tem um grande jardim e vista para as colinas que cercam a
cidade. A paisagem estonteante foi registrada pela filha de Mauro Cid em
um post publicado nas redes sociais em 13 de janeiro deste ano.
No
ordenamento jurídico americano, trusts são um instrumento legal que
permite a proprietários de bens, sejam eles fundos de investimento ou
imóveis, deixarem a tutela do patrimônio a cargo de pessoas de confiança
(daí vem o nome, em inglês), que ficam a cargo de administrá-lo.
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Trata-se
de um modelo bastante usado, por exemplo, para blindar patrimônios de
eventuais problemas judiciais e garantir sua transferência futura para
quem o proprietário original indicar. Os donos reais, as pessoas
físicas, não aparecem nos registros oficiais — foi preciso cruzar os
dados com outras fontes para descobrir que Daniel está ligado aos
negócios.
Os
trusts também são uma forma de obter benefícios fiscais e, ao mesmo
tempo, um recurso que figuras conhecidas da política brasileira, como o
notório Eduardo Cunha, já utilizaram para garantir mais privacidade — e
menos transparência, por óbvio — para suas transações.
No caso em
questão, a mansão registrada em nome da Cid Family Trust fica em
Temecula, cidade vinícola encravada no sul da Califórnia, a cerca de 130
quilômetros de Los Angeles.
Cinematográfica, a propriedade (veja acima galeria de fotos) foi
registrada em nome do trust em 2019. Tem 438 metros quadrados de área,
com cinco quartos, quatro salas e uma confortável área de lazer que
inclui piscina e fireplace. Em dois documentos americanos, junto ao nome
do trust aparece também o nome do irmão do tenente-coronel que era
ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.
Mais propriedades
Pelo menos desde o ano de 2019, o trust da
família Cid passou a ser dono, ainda, de outra casa, menor, avaliada em
R$ 2,2 milhões e localizada na mesma cidade. Antes, o imóvel estava em
nome de Daniel, como pessoa física. O irmão do tenente-coronel também
aparece ligado a um terceiro imóvel em Temecula, vendido recentemente
por ele pelo equivalente a R$ 3,3 milhões.
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Segundo os registros oficiais do condado de Riverside, onde fica
Temecula, foi no mês de março do primeiro ano do governo Bolsonaro que o
principal bem, a mansão, foi posto em nome do trust.
A propriedade teve uma valorização considerável nos últimos anos.
Sites especializados estimam que, atualmente, ela valha mais de US$ 2,2
milhões — algo próximo a R$ 11 milhões.
A aquisição mais recente de Daniel Cid é uma casa em Miami,
na Flórida: uma unidade no Doral Isles Martinique. Segundo os serviços
de pesquisa imobiliária, o imóvel foi comprado em agosto de 2020. No
site oficial do governo de Miami Dade, o bem
está avaliado em cerca de R$ 2 milhões e registrado fora do trust, em
nome do próprio irmão do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. São quatro
quartos, em dois andares, dentro de um condomínio privativo da cidade.
Nos
Estados Unidos, o irmão de Mauro Cid fez, nos últimos anos, uma série
de movimentações — inclusive financeiras e societárias — que chamam
atenção.
O irmão “nerd” e a milícia digital
Até o ano passado, Daniel
era apenas mais um brasileiro vidrado em tecnologia que fez carreira no
setor de segurança digital na Califórnia. Quando começou a lançar mão
das habilidades para ajudar Jair Bolsonaro na tentativa de fraudar as
eleições e a disseminar mentiras sobre a pandemia de Covid-19, no
entanto, ele entrou no radar da polícia e do STF.
Daniel Cid foi o
criador e administrador do “brasileiros.social”, uma página virtual
hospedada fora dos servidores tradicionais e ilustrada com a bandeira do
Brasil. Foi nesse mesmo site que foi parar uma cópia de um inquérito
sigiloso da PF alardeado em uma “live” pelo ex-presidente — na companhia
do tenente-coronel Cid — para supostamente “provar” a manipulação do
sistema eleitoral, segundo a delegada federal Denisse Ribeiro.
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O irmão de Mauro
Cid chegou a ser ouvido pela PF. E confessou, à época, que “já realizou o
procedimento de colocar no ar link relacionados a arquivos em formato
PDF a pedido do seu irmão Mauro Cid, umas 5 ou 6 vezes”.
Para quem pesquisa na internet, há inúmeras outras menções
relacionando posts de Bolsonaro com documentos publicados no site de
Daniel, como em 15 de janeiro de 2021, quando uma corrente virtual do
ex-presidente no aplicativo Telegram publicou um arquivo PDF atrelado a
um texto: “Estudos clínicos demonstram que o tratamento precoce do Covid
funcionam (sic!)”. Ou seja, vários posts bombásticos com possíveis
mentiras propagadas por Bolsonaro tinham como fundamento documentos
manuseados por Daniel.
Daniel Cid foge do perfil usual de parentes
de assessores da família Bolsonaro flagrados pelas autoridades
brasileiras em supostos esquemas das chamadas “rachadinhas”. Já
trabalhou em grandes empresas de tecnologia. Em 2017, vendeu uma startup
chamada Sucuri para a hospedeira e criadora de websites GoDaddy. O
valor da negociação não é público.
Empresa em paraíso fiscal
No ano seguinte, em 2018, veio a
eleição presidencial brasileira. Ainda na transição, em 28 de novembro,
Mauro Cid foi nomeado para o Gabinete de Segurança Institucional da
Presidência da República, o GSI. Pouco depois, em 13 de dezembro, ele já
assumia o posto de ajudante de ordens do então futuro mandatário.
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Foi
logo após esse período que o irmão do então ajudante de ordens fez
Daniel outra mudança na engenharia de seus negócios. Em setembro de
2020, ele transferiu uma empresa que tinha na Califórnia, a
CleanBrowsing, para Delaware, conhecido como um paraíso fiscal dentro
dos Estados Unidos, como mostrou, em novembro do ano passado, o
jornalista Lúcio de Castro.
Embora seja regida pela legislação de
Delaware, o escritório de administração da firma fica no estado do
Texas. Nos sites de busca, no endereço declarado aparece apenas uma
agência postal.
Mudanças como essa podem acontecer por questões
tributárias, mas, invariavelmente, deixam mais restritas as informações
financeiras da companhia, facilitando, eventualmente, a incorporação de
dinheiro de fonte incerta nos negócios.
As investigações
Dentre as várias investigações que incluem
direta ou indiretamente o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, algumas
envolvem lavagem de dinheiro, como o Metrópoles mostrou em janeiro,
em reportagem que acabou resultando no cancelamento da nomeação de
Mauro Cid para o comando de um batalhão de forças especiais com sede em
Goiânia e na queda do então comandante do Exército.
Mensagens
encontradas pela PF no celular do tenente-coronel revelam remessas de
dinheiro para o exterior. Os investigadores pretendem recorrer a acordos
de cooperação com as autoridades americanas para avançar sobre essas
transações. Eles também tentarão obter dados sobre a conta bancária que
Mauro Cid mantinha na Flórida, de onde podem ter saído os 35 mil dólares
encontrados na casa dele em Brasília, na semana passada.
O pai
dos irmãos Cid, o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid, é amigo
antigo de Bolsonaro e foi nomeado no governo passado para chefiar o
escritório da Agência Brasileira de Promoção de Exportação e
Investimentos, a Apex, em Miami.
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Recebia, no posto, um polpudo salário
em dólares. Colega de turma de Bolsonaro na academia de formação de
oficiais, Lourena Cid perdeu o cargo no início do mandato de Lula.
O Metrópoles tentou contato com Daniel Cid e com advogados do tenente-coronel Mauro Cesar Cid, mas até o momento não houve resposta.
Confira AQUI mais detalhes da matéria.
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