sexta-feira, 11 de junho de 2021

Pfizer procurou embaixada do Brasil nos EUA para ter resposta sobre oferta de vacinas

By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 Imagem: Divulgação
Um documento que está em análise na CPI da Covid mostra que a farmacêutica Pfizer apelou até para a embaixada brasileira em Washington na tentativa de vender vacina para o Brasil ainda no ano passado.
Para o comando da CPI da Covid, os depoimentos e arquivos entregues até agora não deixam dúvidas de que o governo brasileiro ignorou ofertas de vacinas da Pfizer que poderiam, inclusive, ter chegado ao Brasil ainda no ano passado. Foram mais de seis meses entre a primeira proposta formal, em agosto, e o fechamento do contrato, em março deste ano.
A primeira oferta oficial da Pfizer foi em 14 de agosto de 2020. A empresa ofereceu 500 mil doses para serem entregues em 2020, e pediu uma resposta até 29 de agosto.
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Sem retorno, no dia 27, os presidentes da Pfizer na América Latina e no Brasil pediram ajuda à embaixada do Brasil em Washington, nos Estados Unidos, para obter uma resposta.
No dia 28, a embaixada encaminhou um documento ao Ministério das Relações Exteriores, à época comandado por Ernesto Araújo. A TV Globo teve acesso ao texto que relata que os "dirigentes da Pfizer ressaltaram ao posto a importância de que o governo brasileiro manifeste interesse pela compra da vacina até 29/8, com base em proposta comercial apresentada aos ministérios da Saúde e da Economia em 14/8". 
Os dirigentes da Pfizer também fizeram um alerta: “que o risco brasileiro, neste momento, seria o de não assegurar a aquisição da quantidade mínima pretendida da vacina, cuja demanda de outros países, conforme ressaltaram, tenderia a aumentar no futuro próximo”.
Mas o pedido de ajuda via embaixada não surtiu efeito. Em depoimento à CPI no mês passado, o presidente da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, detalhou os sucessivos fracassos de diálogo com o governo.
Diante do silêncio federal em Brasília, em novembro e depois em fevereiro deste ano, a Pfizer apresentou novas propostas. Mas o Ministério da Saúde só assinou o contrato em março.
Um dos objetivos da CPI é apurar omissões do governo federal na compra de vacinas e o consequente atraso na imunização do país. Especialistas dizem que um dos motivos do fracasso do Brasil no enfrentamento da doença é justamente a falta de vacinas. 
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Governistas afirmam que as negociações entre governo e Pfizer não avançaram à época por entraves jurídicos na legislação do Brasil. A Pfizer garante que as condições apresentadas ao Brasil foram as mesmas de contratos fechados em vários outros países.
“É querer forçar a mão de que o Brasil se negou a negociar com a Pfizer, é forçar a barra. A própria Pfizer repetiu no plenário da CPI várias vezes. Não havia condições jurídicas, não havia segurança jurídica para assinar o contrato antes de se fazer a mudança legislativa. Qualquer coisa fora disso é narrativa. Não se sustenta”, disse o senador Marcos Rogério (DEM-RO).
A oposição ressalta que a vacinação poderia ter começado antes.
“Na oitiva com Carlos Murillo, o CEO da Pfizer para América Latina, ficou claro que a Pfizer, desde março, maio de 2020, tenta relação, tenta conversas com o governo para poder vender a vacina. O governo só foi apresentar um plano nacional de imunização contra a Covid por determinação do ministro Lewandowski, do STF, em dezembro de 2020. Até lá, até esse período, o governo se negava a adquirir vacinas em grande quantidade”, afirmou o senador Rogério Carvalho (PT-SE). 

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