By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Divulgação
Um documento que está em análise na CPI da Covid mostra que a
farmacêutica Pfizer apelou até para a embaixada brasileira em Washington
na tentativa de vender vacina para o Brasil ainda no ano passado.
Para o comando da CPI da Covid, os depoimentos e arquivos entregues até
agora não deixam dúvidas de que o governo brasileiro ignorou ofertas de
vacinas da Pfizer que poderiam, inclusive, ter chegado ao Brasil ainda
no ano passado. Foram mais de seis meses entre a primeira proposta
formal, em agosto, e o fechamento do contrato, em março deste ano.
A primeira oferta oficial da Pfizer foi em 14 de agosto de 2020. A
empresa ofereceu 500 mil doses para serem entregues em 2020, e pediu uma
resposta até 29 de agosto.
Sem retorno, no dia 27, os presidentes da Pfizer na América Latina e no
Brasil pediram ajuda à embaixada do Brasil em Washington, nos Estados
Unidos, para obter uma resposta.
No dia 28, a embaixada encaminhou um documento ao Ministério das
Relações Exteriores, à época comandado por Ernesto Araújo. A TV Globo
teve acesso ao texto que relata que os "dirigentes da Pfizer ressaltaram
ao posto a importância de que o governo brasileiro manifeste interesse
pela compra da vacina até 29/8, com base em proposta comercial
apresentada aos ministérios da Saúde e da Economia em 14/8".
Os dirigentes da Pfizer também fizeram um alerta: “que o risco
brasileiro, neste momento, seria o de não assegurar a aquisição da
quantidade mínima pretendida da vacina, cuja demanda de outros países,
conforme ressaltaram, tenderia a aumentar no futuro próximo”.
Mas o pedido de ajuda via embaixada não surtiu efeito. Em depoimento à
CPI no mês passado, o presidente da Pfizer na América Latina, Carlos
Murillo, detalhou os sucessivos fracassos de diálogo com o governo.
Diante do silêncio federal em Brasília, em novembro e depois em
fevereiro deste ano, a Pfizer apresentou novas propostas. Mas o
Ministério da Saúde só assinou o contrato em março.
Um dos objetivos da CPI é apurar omissões do governo federal na compra
de vacinas e o consequente atraso na imunização do país. Especialistas
dizem que um dos motivos do fracasso do Brasil no enfrentamento da
doença é justamente a falta de vacinas.
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“É querer forçar a mão de que o Brasil se negou a negociar com a
Pfizer, é forçar a barra. A própria Pfizer repetiu no plenário da CPI
várias vezes. Não havia condições jurídicas, não havia segurança
jurídica para assinar o contrato antes de se fazer a mudança
legislativa. Qualquer coisa fora disso é narrativa. Não se sustenta”,
disse o senador Marcos Rogério (DEM-RO).
A oposição ressalta que a vacinação poderia ter começado antes.
“Na oitiva com Carlos Murillo, o CEO da Pfizer para América Latina,
ficou claro que a Pfizer, desde março, maio de 2020, tenta relação,
tenta conversas com o governo para poder vender a vacina. O governo só
foi apresentar um plano nacional de imunização contra a Covid por
determinação do ministro Lewandowski, do STF, em dezembro de 2020. Até
lá, até esse período, o governo se negava a adquirir vacinas em grande
quantidade”, afirmou o senador Rogério Carvalho (PT-SE).
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