By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: JORNAL EXTRA – Imagem: Divulgação
A cesta básica está sob pressão. Produtos como feijão, leite, óleo de
soja e carne acumulam altas e o arroz já é encontrado 80% mais caro em
alguns supermercados. O cenário tem preocupado entidades, que cobram
medidas governamentais para controlar a situação. A Associação
Brasileira de Supermercados (Abras) fez um alerta ao Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) sobre o cenário, além de
ter enviado comunicado sobre o reajuste de preços à Secretaria Nacional
do Consumidor (Senacon).
Enquanto isso, a Associação Brasileira de
Procons (Procons Brasil), o Ministério Público do Consumidor (MPCon) e a
Comissão de Defesa do Consumidor da OAB Federal pediram o monitoramento
do mercado e providências que garantam ao brasileiro acesso aos itens
básicos da sua alimentação.
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- O atendimento diário dos Procons oferece um
termômetro preciso das preocupações dos consumidores. Neste momento, o
que buscamos é evitar o agravamento do cenário que está já está sendo
indicado pelas reclamações dos consumidores — explica Filipe Vieira,
presidente da Procons Brasil, que enviou o ofício ao governo federal.
O
Procon Paraná foi o primeiro a alertar sobre o número de queixas sobre
aumentos de preços de produtos como óleo, leite e carne:
—
Começaram a pipocar muitas queixas, com fotos de prateleiras de
supermercados, com óleo a mais de R$ 6, entre outros produtos muito
básicos na alimentação do brasileiro. Procuramos a associação de
supermercados local e fomos pesquisar e identificamos que se trata de um
problema macro e não de uma prática de preço abusivo, por isso fomos
buscar auxílio da Secretaria Nacional do Consumidor — diz Cláudia
Silvano, diretora do Procon Paraná.
Juliana
Domingues, titular da Senacon, realizou nesta sexta-feira, uma primeira
reunião com representantes dos ministérios da Economia, da Agricultura e
da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), para apurar as causas
dos aumentos e discutir de que forma poderia reduzir o impacto para o
consumidor.
— Vamos pedir também um levantamento à
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP, com a
qual mantemos parceria, para nos ajudar a entender o cenário e podermos
analisar quais seriam as medidas cabíveis. Por exemplo, se seria o caso
de reduzir tarifas para importação do arroz ou outra estratégia seria
mais eficaz — diz Juliana.
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Com base nas
informações que serão passadas em caráter de urgência, a Senacon
avaliará as alternativas para garantir a competitividade nesse setor e,
principalmente, para que "não falte produtos da cesta básica para o
consumidor brasileiro".
Desequilíbrio entre oferta e demanda motivaram aumentos
Para
a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), que representa as 27
associações estaduais afiliadas, isso teria ocorrido por conta de um
aumento das exportações dos itens de cesta básica e matérias-primas,
aliado a diminuição das importações, motivadas pela mudança na taxa de
câmbio que provocou a valorização do dólar frente ao real.
A
associação elenca ainda como motivo "a política fiscal de incentivo às
exportações, e o crescimento da demanda interna impulsionado pelo
auxílio emergencial do governo federal".
Analistas de mercado da
Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) confirmam que há um
desequilíbrio entre a a oferta e a demanda no mercado interno,
principalmente em referência ao arroz. Segundo a Conab, hoje, "o país
possui estoque para suprir o consumo interno, porém grande parte do
produto disponível encontra-se nas mãos de produtores bem capitalizados,
que têm escalonado suas vendas em busca de preços mais remuneradores no
atual período de entressafra".
Historicamente, o segundo semestre
possui cotações mais elevadas do grão. Mas, de acordo com a Conab, não
há possibilidade disso acontecer: "como o preço interno já ultrapassa a
paridade de importação dos principais mercados produtores do grão, é
provável que não haja sustentação do atual patamar no médio prazo, pois
verifica-se um intenso movimento das indústrias de beneficiamento na
busca do produto no mercado internacional".
O arrefecimento é
esperado para o próximo ano, quando já deve ter ocorrido uma recuperação
de área de produção estimulada pelos preços atuais.
O
feijão e o leite estão em um período tradicional de sazonalidade de
preços positiva nessa época. A carne ainda tem pouca disponibilidade de
oferta no setor interno, associada a exportações em ótimo nível, o que
tem sustentado os preços da arroba do boi no mercado interno. "Há também
pressão de preços dos insumos, com preços de milho e soja alcançando
altas históricas", acrescenta a Conab:
"Em algumas
praças, o preço do milho teve uma elevação anual de mais de 100% em
relação ao mesmo período do ano anterior. Já os preços da soja variaram
entre 50% a 70% em relação ao último ano".
Trigo e derivados
também estão mais caros e isso impactou o preço das farinhas e das
massas.
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Em relação ao açúcar, os preços estão elevados em função das
exportações que cresceram significativamente em relação ao último ano,
aproximadamente 70% frente ao mesmo período do ano passado.
Persistência pode levar a desabastecimento
A
Abras afirmou que o setor supermercadista tem se esforçado para manter
os preços normalizados e vem garantindo o abastecimento regular desde o
início da pandemia nas 90 mil lojas de todo o país, mas isso pode ser
difícil se os preços continuarem subindo. A associação garantiu, porém,
que vai continuar "buscando oferecer aos consumidores, opções de
substituição dos produtos mais impactados por esses aumentos".
A
Conab contou que tem acompanhado os mercados e tem realizando a venda de
milho dos estoques públicos por meio do Programa de Vendas em Balcão
para os pequenos criadores, como forma de aumentar a oferta do produto
no mercado interno.
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