By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Nilson Bastian (Câmara dos Deputados)
A Procuradoria Geral da República apresentou denúncia nesta sexta-feira
(13) contra o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ), pré-candidato à
Presidência da República, pelo crime de racismo. O filho dele, o
deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ) também foi denunciado por
ameçar uma jornalista.
O crime de racismo é inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de
reclusão de 1 a 3 anos mais multa. Na denúncia, Dodge pede que Bolsonaro
pague R$ 400 mil por danos morais coletivos.
O G1 tentava contato com as assessorias de Jair e Eduardo Bolsonaro até a última atualização desta reportagem.
A acusação contra Jair Bolsonaro é referente a supostas ofensas proferidas por ele contra a população negra
e indivíduos pertencentes às comunidades quilombolas, durante palestra
no Clube Hebraica, no Rio de Janeiro, em abril do ano passado.
Por essas declarações, Bolsonaro já foi condenado a pagar R$ 50 mil por danos morais coletivos a comunidades quilombolas e à população negra em geral.
Continua depois da
publicidade
Na ocasião, Bolsonaro disse que, se for eleito presidente em 2018, não
destinará recursos para ONGs e que não vai ter "um centímetro demarcado"
para reservas indígenas ou quilombolas.
"Se depender de mim, todo cidadão vai ter uma arma de fogo dentro de
casa. Não vai ter um centímetro demarcado para reserva indígena ou para
quilombola", afirmou à época.
E acrescentou: "Onde tem uma terra indígena, tem uma riqueza embaixo
dela. Temos que mudar isso daí. [...] Eu fui num quilombo. O
afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu
acho que nem para procriador ele serve mais. Mais de R$ 1 bilhão por ano
é gastado com eles".
Na denúncia, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirma que
a conduta de Bolsonaro viola a Constituição e que é "inaceitável",
sobretudo, segundo ela, por se tratar de um parlamentar.
"Jair Bolsonaro tratou com total menoscabo os integrantes de
comunidades quilombolas. Referiu-se a eles como se fossem animais, ao
utilizar a palavra 'arroba'. Esta manifestação, inaceitável, alinha-se
ao regime da escravidão, em que negros eram tratados como mera
mercadoria, e à idéia de desigualdade entre seres humanos, o que é
absolutamente refutado pela Constituição brasileira e por todos os
Tratados e Convenções Internacionais de que o Brasil é signatário, que
afirmam a igualdade entre seres humanos como direito humano universal e
protegido", diz Dodge na denúncia.
Além de destacar as ofensas contra quilombolas, Dodge também elenca uma série de declarações de Bolsonaro que, segundo ela, reforçam a discriminação contra minorias.
"[Ao falar sobre os quilombolas] Jair Bolsonaro ainda consignou, em
comparação, que os japoneses são um povo trabalhador, que não pede
esmola. Assim, evidenciou que, em sua visão, há indivíduos ou povos
superiores a outros, tratando quilombolas como seres inferiores", disse
Raquel Dodge.
"Estas manifestações feitas pelo acusado, de incitação a comportamento e
sentimento xenobófico, reforça atitudes de violência e discriminação
que são vedadas pela Constituição e pela lei penal", conclui a
procuradora.
Réu no STF
Militar da reserva, Jair Bolsonaro está no sétimo mandato parlamentar e é réu no Supremo Tribunal Federal por suposta prática de apologia ao crime de estupro e por injúria.
A ação penal foi aberta em razão de Bolsonaro ter dito que a deputada
Maria do Rosário (PT-RS) "não merece ser estuprada" porque ela é "feia" e
não faz o "tipo" dele.
Eduardo Bolsonaro
Raquel Dodge também apresentou denúncia ao Supremo Tribunal Federal
(STF) contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho de Jair. No
caso dele, a acusação trata de supostas ameaças que o parlamentar teria
proferido contra uma jornalista.
De acordo com a denúncia, Eduardo Bolsonaro enviou mensagens por meio de um aplicativo de celular ameaçando uma jornalista, e proferindo palavras de baixo calão. A PGR afirma que, em uma das mensagens, questionado se o diálogo se trataria de uma ameaça, respondeu: “Entenda como quiser”.
"O denunciado era plenamente capaz à época dos fatos, tinha consciência
da ilicitude e dele exigia-se conduta diversa. Relevante destacar que o
denunciado teve a preocupação em não deixar rastro das ameaças
dirigidas à vítima alterando a configuração padrão do aplicativo
Telegram para que as mensagens fossem automaticamente destruídas após 5
(cinco) segundos depois de enviadas", diz Dodge.
"A conduta ainda é especialmente valorada em razão de o acusado
atribuir ofensas pessoais à vítima no intuito de desmoralizá-la,
desqualificá-la intimida-la ('otária', 'abusada', 'vai para o inferno',
'puta' e 'vagabunda')", complementa.
Segundo a PGR, o crime tem pena prevista de um ano e, caso não haja
nenhuma condenação por outros crimes contra ele, Bolsonaro filho poderá,
em substituição à prisão, indenizar a vítima em R$ 50 mil, pagar 25% do
salário que recebe como parlamentar à uma instituição de atendimento a
famílias e autores de violência doméstica por um ano, além de prestar
120 horas de serviço à comunidade.
OS COMENTÁRIOS NÃO SÃO DE
RESPONSABILIDADES DO INTERVALO DA
NOTICIAS. OS COMENTÁRIOS IRÃO PARA ANALISE E SÓ SERÃO PUBLICADOS SE TIVEREM
OS NOMES COMPLETOS.
FOTOS PODERÃO SER USADAS MEDIANTE
AUTORIZAÇÃO OU CITAR A FONTE
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.