By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: RPC – Imagem: RPC
O Ministério Público Federal (MPF) apresentou, nesta segunda-feira (2),
denúncia contra o ex-diretor-geral do Departamento de Estradas de
Rodagem no Paraná (DER-PR), Nelson Leal Junior, e outros 17 investigados
na 48ª fase da Lava Jato, que apura irregularidades nas concessões de
rodovias federais no Paraná.
Leal Júnior e outras quatro pessoas estão presas desde 22 de fevereiro, quando a operação foi deflagrada.
Entre os denunciados estão administradores e funcionários da
concessionária de pedágios Econorte, que integra o grupo Triunfo,
operados financeiros e servidores púbicos. Eles foram acusador por
crimes como organização criminosa, estelionato, peculato, lavagem de
dinheiro, corrupção ativa e corrupção passiva.
Segundo o documento apresentado à Justiça, o MPF pede que seja
estabelecido o mínimo de R$ 126 milhões para reparação de danos
causados, valor que corresponde à lavagem feita pelos denunciados Adir
Assad e Rodrigo Tacla Duran, e que incluiu R$ 31 milhões que, conforme o
MPF, foram desviados da Econorte.
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O documento deve ser analisado pelo juiz federal Sergio Moro,
responsável pelas ações da Lava Jato na 1ª instância, que decide se
aceita ou não a denúncia do MPF. Não há prazo para isso ocorrer.
Ex-diretor do DER-PR
Nelson Leal Júnior é apontado pelo MPF como o principal responsável
pelo esquema dentro do DER-PR, por viabilizar aditivos contratuais
favoráveis à Econorte. Ele foi denunciado pelos crimes de lavagem de
dinheiro, corrupção passiva, estelionato e organização criminosa.
A denúncia relata que o patrimônio de Leal é incompatível com seus rendimentos e que ele usou dinheiro vivo para comprar um apartamento de luxo em Balneário Camboriú (SC).
Além disso, a acusação diz que Leal recebeu, entre 2013 e 2016, mais de
R$ 2 milhões em depósitos em espécie, sem comprovação de origem, nas
contas bancárias que controlava.
Os procuradores também afirmam que o ex-diretor foi presenteado pela
Econorte com dois ingressos, ao custo de R$ 5 mil cada, para assistir a
um jogo da Copa do Mundo de 2014 em Brasília (DF), em camarote do Grupo
Triunfo. Ainda conforme a denúncia, as despesas de viagem foram bancadas
com recursos em espécie, poucos meses antes da aprovação de um aditivo
favorável à Econorte.
Ex-assessor da Casa Civil
O ex-assessor da Casa Civil do Paraná, Carlos Nasser, foi denunciado
pelos crimes de lavagem de dinheiro de organização criminosa. Segundo o
MPF, a empresa Power Marketing, de propriedade de Nasser, recebeu R$ 2,9
milhões da Rio Tibagi, subsidiária da Econorte, e da Triunfo
Participações, sem a efetiva prestação de serviços.
“A empresa POWER MARKKETING, porém, não conta com empregados
registrados e nunca teve existência real, como confirmado pelo próprio
CARLOS NASSER”, detalha a denúncia.
Os procuradores afirmam que o dinheiro foi sacado pelo ex-assessor e
utilizado, segundo depoimento de Nasser, no financiamento de campanhas
políticas.
Econorte
De acordo com os procuradores, os administradores da Econorte,
denunciados por associação criminosa, lavagem de dinheiro e estelionato,
implantaram um esquema de contratações fraudulentas e desvios dentro da
empresa, que possibilitava fraudar o equilíbrio econômico do contrato
de concessão com o Paraná.
Esse esquema, ainda de acordo com a denúncia, gerava dinheiro em
espécie para o pagamento de propina a servidores públicos e
enriquecimento dos próprios administradores e funcionários da
concessionária.
Foi por meio dessa fraude que foi possível obter aditivos contratuais junto ao DER-PR, conforme a denúncia.
Operadores financeiros
Operadores financeiros já investigados na Lava Jato estão entre os
acusados, sendo que dois deles, Adir Assad e Marcelo Abud, firmaram
acordo de colaboração premiada com o MPF e detalharam a lavagem de R$ 85
milhões para o Grupo Triunfo.
Os procuradores também apontam que os operadores financeiros Rodrigo
Tacla Duran e Ivan Carratu lavaram outros R$ 6 milhões para o grupo, por
meio da simulação de contratos de serviços jurídicos.
A denúncia ainda relata contratações irregulares da Econorte com
empresas ligadas a agentes públicos do Paraná – incluindo ex-servidores
do DER/PR e da Casa Civil estadual – que, ou não prestavam nenhum
serviço, ou superfaturavam os serviços contratados.
Prisões e continuidade das investigações
Ao fim da denúncia, o MPF pede a continuidade das investigações no
inquérito já instaurado, para apurar a conduta de outros investigados,
alvos de busca e apreensão, que não foram denunciados nesta
segunda-feira.
"[O MPF pede] também, a continuidade das investigações segue para
esclarecimento de outros crimes antecedentes ainda não esclarecidos por
completo", diz o documento.
Os procuradores reiteraram os pedidos de prisão preventiva de quatro
denunciados – Helio Ogama, Leonardo Guerra, Nelson Leal Junior e
Wellington de Melo Volpato.
Já em relação a Oscar Alberto da Silva Gayer, o MPF entende que é
possível substituir a prisão preventiva por outra medida, com
afastamento das funções em empresas que mantenham contratos com o poder
público.
O que dizem os citados
O DER-PR reitera que todas as decisões relativas aos contratos de
concessão são embasadas pela análise da equipe técnica e questiona os
critérios usados pelo MPF para alegar suposto superfaturamento.
A Triunfo Participações e Investimentos, que controla a Econorte,
informou que não comenta investigaçoes em andamento e que está
colaborando com as autoridades.
A defesa de Nelson Leal Júnior afirmou que vai pedir a revogação da prisão dele e comprovar a improcedência da denúncia.
O Governo do Paraná afirmou que não pode se manifestar em nome de um ex-funcionário.
As defesas de Leonardo Guerra e de Wellington de Melo Volpato
informaram que ainda não tiveram acesso à denúncia e que só vão se
manifestar após analisar o documento do MPF.
O advogado de Oscar Alberto da Silva Gayer disse que vai aguardar a decisão da Justiça sobre o recebimento ou não da denúncia.
O G1 tenta contato com os outros citados na reportagem.
A 48ª fase
A 48ª fase da Lava Jato, batizada de Integração, foi deflagrada em 22
de fevereiro deste e teve como alvos principais servidores públicos e
empresas investigadas por irregularidades nas concessões de rodovias
federais no Paraná.
Na ocasião, seis pessoas foram presas - entre eles, o diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem no Paraná (DER-PR), Nelson Leal. Posteriormente, cinco investigados tiveram a prisão convertida em preventiva, que é por tempo indeterminado, e um deles foi solto.
Além mandados de prisão, a Polícia Federal (PF) cumpriu 55 mandados de
busca e apreensão; a Casa Civil, na sede do governo estadual, foi um dos
alvos.
Segundo o MPF, a fase da operação tenta mostrar as "reais causas" do usuário pagar preços tão elevados pelos pedágios. De acordo com a investigação, o valor das tarifas foi superfaturado para financiar a corrupção.
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