By: INTERVALO DA NOTICIAS
No primeiro dia do julgamento do processo do mensalão, nesta quinta-feira (2), o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que
todos os 38 réus
da ação penal serão julgados no tribunal. Somente um questionamento dos
advogados de três réus tomou mais de três horas e meia da sessão, e o
cronograma inicialmente previsto para o julgamento
atrasou. A sessão foi iniciada às 14h25 pelo presidente da corte, ministro
Carlos Ayres Britto, e durou cerca de cinco horas - tempo estimado
anteriormente para cada sessão do julgamento, que deve se estender por
pelo menos um mês. No início dos trabalhos, o ex-ministro Márcio Thomaz Bastos, advogado
do réu José Roberto Salgado, pediu a separação do processo para que os
réus sem foro privilegiado respondessem às acusações na primeira
instância. O pedido foi negado por 9 votos a 2. Pela Constituição, têm foro privilegiado parlamentares, ministros,
presidente e vice, que só podem ser julgados pelo Supremo. Dos 38 réus
do mensalão, somente três têm esse tipo de foro (por serem
parlamentares): os deputados João Paulo Cunha (PT-SP), Pedro Henry
(PP-MT) e Valdemar Costa Neto (PR-SP). O relator do mensalão, Joaquim Barbosa, votou contra o pedido da defesa
dos réus e foi acompanhado por Rosa Weber, Luiz Fux, Dias Toffoli,
Cármen Lúcia, Cezar Peluso, Gilmar Mendes, Celso de Mello e por Ayres
Britto. Somente os ministros Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio Mello
votaram a favor da separação do processo. Somente a discussão sobre o desmembramento do processo durou três horas
e meia. Um debate prolongado sobre questionamentos da defesa não estava
previsto e, por conta disso, co calendário programado por Ayres Britto
para o julgamento já está atrasado. A argumentação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que
deve acusar os réus por cinco horas ficará para esta sexta-feira (3).
DesmembramentoO pedido de desmembramento da ação
foi feito pelo ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, que defende o
réu José Roberto Salgado, ex-diretor do Banco Rural. “A Constituição quer que as pessoas que não tenham foro sejam julgadas
pelo juiz natural e que lhe seja assegurado duplo grau de jurisdição”,
disse o advogado, em referência à possibilidade de o réu eventualmente
condenado na primeira instância poder recorrer da decisão à segunda
instância. Relator do mensalão, o ministro Joaquim Barbosa foi contra o pedido.
“Ora, nós precisamos ter rigor no fazer as coisas neste país. O mais
alto tribunal deste país decidiu, não vejo razão, me parece até
irresponsável voltar a discutir essa questão”, completou. A discussão sobre o questionamento dos advogados levou à primeira
discussão do julgamento do mensalão, quando Ricardo Lewandowski, que foi
o revisor do processo, votou a favor de separar a ação.O senhor é revisor. Me causa espécie vê-lo se pronunciar pelo
desmembramento quando poderia tê-lo feito há seis ou oito meses”,
argumentou Barbosa. “Farei valer o meu direito de manifestar-me sempre
que seja necessário”, rebateu Lewandowski. “É deslealdade”, disse
Barbosa em tom alto. O ministro revisor da ação, Ricardo Lewandowski, afirmou estar “à vontade” para votar contra o relator. “Preocupa-me o fato de que, se o Supremo persistir no julgamento de
réus sem foro, estará negando vigência ao pacto de San José da Costa
Rica, que lhes garante direito de recorrer no caso de eventual
condenação à instancia superior, o que pode ensejar reclamação à Corte
Interamericana de Direitos Humanos”, afirmou o ministro revisor. Depois da votação sobre o desmembramento, houve um intervalo de 30 minutos na sessão.
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