By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Divulgação
Um passeio de motociclistas em apoio e com a participação do presidente
Jair Bolsonaro (sem partido) provocou interdições em vias da capital
paulista, na manhã deste sábado (12). O evento foi organizado por
dezenas de motoclubes de São Paulo e de outros estados e a maioria dos
participantes não usou máscaras. Bolsonaro, seu filho Eduardo, três ministros, o da Infraestrutura,
Tarcísio Gomes, o do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e Marcos Pontes, da
Ciência e Tecnologia, e mais cinco deputados, entre eles Carla Zambelli,
foram multados por não usarem máscara. Durante o trajeto, motociclistas
se envolveram em acidentes, a maioria cobriu a placa da moto com fitas
adesivas e também houve aglomeração. Faixas antidemocráticas pedindo a
intervenção militar foram exibidas aos participantes.
No encerramento do passeio, na região do Parque Ibirapuera, Bolsonaro
discursou e falou, mais uma vez, contra o uso de máscaras e o isolamento
social, e a favor de remédios sem eficácia.
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O presidente também voltou a
dizer que houve excesso de notificações de mortes por Covid-19.
Nesta semana, Bolsonaro afirmou a apoiadores que um documento falso
atribuído ao Tribunal de Contas da União (TCU) lançaria dúvida sobre
parte dos óbitos registrados em decorrência da pandemia. Pouco depois da
declaração, o TCU negou que tenha emitido algum relatório questionando o número de mortes por Covid-19 em 2020.
"[Há] indício robusto que houve, sim, supernotificações. E caso nós
venhamos a comprovar isso, vamos ver que o Brasil passaria a ser um dos
países que tem o menor índice de morte por habitante. E onde está o
segredo disso? Que parece ser pecado falar: está no tratamento precoce.
No ano passado, eu com 65 anos de idade fui acometido de Covid e tomei
hidroxicloroquina. No dia seguinte, estava curado", afirmou no discurso
deste sábado.
Estudos científicos já comprovaram a ineficácia do uso de medicamentos
como cloroquina e ivermectina no tratamento contra a Covid-19.
Além disso:
- a Organização Mundial de Saúde (OMS) diz que a cloroquina não deve ser usada como forma de prevenção;
- a Associação Médica Brasileira (AMB) diz que o uso de cloroquina e outros remédios sem eficácia contra Covid deve ser banido;
- a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) diz que a cloroquina não tem efeito e deve ser abandonada.
Sobre o isolamento social, medida empregada pela maioria dos países do
mundo para evitar a circulação do coronavírus, Bolsonaro voltou a dizer
que não existe "fundamentação para tal".
"O isolamento social praticado no Brasil, em especial em São Paulo, não
encontra fundamentação cientifica para tal. Sempre falei no isolamento
vertical. O meu governo não fechou comércio, o meu governo não decretou
lockdown. O meu governo não impôs toque de recolher. Quem fez isso, fez
errado", disse.
Percurso
A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo afirmou que gastou mais
de R$ 1,2 milhão com o reforço no policiamento na capital paulista e
região de Jundiaí.
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Dos mais de 6,3 mil policiais escalados, 1.433 atuaram exclusivamente
ao longo dos 129 km do trajeto. "A ação contou ainda com dedicação
exclusiva de 5 aeronaves, 10 drones e aproximadamente 600 viaturas,
entre motos, carros, bases comunitárias móveis e unidades especiais.
Todo ato foi monitorado pelo sistema Olho de Águia, por meio de câmeras
fixas, móveis, motolink e bodycams", diz nota da Secretaria.
Por conta do passeio, a Polícia Militar fez bloqueios em vias como a
Avenida Santos Dumont, Avenida do Estado, Marginal Tietê, Rodovia dos
Bandeirantes e Avenida Pedro Álvares Cabral. Sete linhas de ônibus
também foram desviadas.
A Prefeitura de São Paulo gastou R$ 75 mil com a contratação de gradis
para auxiliar na organização e contenção de público, conforme
solicitação do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da
República.
De acordo com a CET, os bloqueios ficaram a cargo da Polícia Militar,
por questões de segurança. O grupo começou a se reunir por volta das 7h
na Avenida Olavo Fontoura, na região do sambódromo, na Zona Norte.
Sem máscara, Bolsonaro chegou ao evento intitulado "Acelera para
Cristo", por volta das 10h, e provocou aglomeração. Com a chegada do
presidente, os motociclistas iniciaram o deslocamento. Além de vias da
capital paulista, o evento inclui uma ida até Jundiaí, pela Rodovia dos
Bandeirantes. No total, o trajeto foi de cerca de 120km foi encerrado na
região do Ibirapuera, na Zona Sul.
Da Marginal Tietê, o grupo se deslocou para a Rodovia dos Bandeirantes,
que ficou interditada para veículos em ambos os sentidos dos kms 14 ao
61 Como alternativa, a concessionária falou para utilizar a rodovia
Anhanguera, que ficou congestionada.
Durante o trajeto, motociclistas caíram de suas motos. No km 30, um
homem sofreu uma fratura no pé, sem gravidade, e foi socorrido pela a
equipe da concessionária.
Placas
A maioria das motos, assim como a comitiva de Bolsonaro, estava com a placa coberta, para evitar a identificação.
De acordo com o Ministério da Infraestrutura, por meio de sua
assessoria de imprensa, as regras do Código de Trânsito Brasileiro só
valem para vias abertas para circulação.
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Para o especialista Luiz Célio Bottura, engenheiro e consultor de
trânsito, o CTB se aplica ao passeio de motos de Bolsonaro, mesmo as
ruas estando bloqueadas para interferência externa. O CTB afirma que
todas as placas devem possuir caracteres identificadores, dando a
prerrogativa, a algumas autoridades, de usar cores diferenciadas de
identificação.
A lei também determina que todos os veículos devem possuir placas
identificadores quando transitarem em vias abertas. No caso do passeio,
as vias foram cercadas pela PM. Mas Bottura afirma que, mesmo assim, o
CTB se aplica no caso em concreto. Segundo o especialista, "não existe
forma de bloquear a legislação".
"A via está bloqueada parcialmente ao trânsito, mas há trânsito na via,
só que diferenciado", afirmou. Segundo ele, as placas cobertas da
comitiva de Bolsonaro são uma irregularidade mesmo com as vias
bloqueadas e o presidente deveria ser autuado.
O Código Penal prevê como crime, sujeito a até 6 anos de prisão e multa,
adulterar identificação de um veículo, como as placas. A incidência da
lei inclui cobrir a identificação de placas de carros e motos. Capacete
Assim como no passeio de moto que realizou no Rio de Janeiro em maio,
Bolsonaro utilizava um capacete recomendado para a prática de skate e
não o determinado pelas autoridades para o uso de moto, segundo a
resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) nº 453, de 2013.
Pela resolução, o capacete para motociclistas deve possuir viseira de
proteção e seguir normas técnicas de espessura e outras características
que o diferem dos capacetes de skate.
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