quarta-feira, 2 de setembro de 2020

No Brasil, Sul é a região que mais registra casos da doença que matou Chadwick Boseman; entenda

By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: BANDA B Imagem: Divulgação

O ator e diretor Chadwick Boseman, que interpretou o Pantera Negra nos cinemas, morreu nesta sexta-feira (28), aos 43 anos, devido a um câncer de cólon. Ele lutava contra a doença havia quatro anos. O câncer de intestino ou colorretal abrange os tumores que se iniciam na parte do intestino grosso chamado cólon e no reto (final do intestino e no começo do ânus) e ânus.
Em todo mundo, esse é o terceiro tipo de câncer mais comum, e representa 10 % de todos os novos casos da doença em geral. Uma das particularidades desse tumor é que ele é mais frequente em regiões mais desenvolvidas, como a América do Norte, Europa e Oceania. Mesmo no Brasil, as maiores taxas de incidência estão no Sul e no Sudeste.
A condição está fortemente ligada a hábitos alimentares, por isso é um câncer que pode ser prevenido.
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O próprio exame de colonoscopia, indicado para diagnóstico e rastreamento, também possui um caráter preventivo -quando pólipos são encontrados, eles podem ser removidos antes de evoluir para um tumor maligno. Além disso, a doença costuma evoluir lentamente, o que favorece o tratamento do câncer.
Sintomas
Na maioria dos casos, o câncer colorretal é assintomático no início. À medida que progride, podem surgir manifestações como:
– Presença de sangue ou muco nas fezes
– Fezes escuras ou em forma de fita
– Anemia
– Cólicas abdominais
– Dores ou sangramento ao evacuar
– Mudança no hábito intestinal (a pessoa começa a ter diarreia ou prisão de ventre que não passam e não têm causa aparente)
– Sensação que o intestino não esvaziou após evacuar
– Sensação de empachamento
– Perda de peso inexplicável
– Cansaço e fadiga constantes
Vale lembrar que esses sintomas também podem estar ligados a outras condições.
Onde a doença se manifesta?
A extensa maioria dos cânceres de intestino são adenocarcinomas, ou seja, têm início na mucosa que reveste o interior do intestino. A maior parte dos tumores começa com pequenas lesões benignas chamadas de pólipos, espécies de verrugas que aparecem na mucosa. O cólon e o reto são as partes que compõem o intestino grosso.
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A maior parte dos nutrientes é absorvida antes de chegar nele, no intestino delgado, região em que o surgimento de um câncer é mais raro. “No intestino grosso o conteúdo passa mais devagar, por isso o risco é maior”, justifica Samuel Aguiar Junior, médico especialista em cirurgia oncológica do A. C. Camargo Cancer Center.
Outros tipos de câncer no intestino: tumores carcinoides (que começam nas células do intestino que produzem hormônios), tumores estromais gastrointestinais (ou Gist, que começam nas células intersticiais de Cajal, na parede do intestino), linfomas (que surgem nas células linfáticas) e sarcomas (nos vasos sanguíneos, tecido muscular ou conjuntivo).
Fatores de riso modificáveis
– Ingestão excessiva de carnes vermelhas, principalmente as processadas: o mecanismo de ação seriam os compostos carcinogênicos gerados durante o processamento (para virar salsicha, bacon, presunto etc,) ou quando a carne é submetida a altas temperaturas (como assar, fritar ou grelhar). O churrasco seria ainda pior, pois inclui os compostos provenientes da queima do carvão. Por excesso, entenda-se mais de cinco vezes por semana, ou uma média superior a 100 gramas por dia.
– Dietas pobres em frutas, legumes e verduras: vegetais são ricos em antioxidantes e fibras, que têm papel protetor contra a obesidade e o câncer. Por isso a recomendação é ingerir cinco porções ao dia desses alimentos.
– Obesidade abdominal: a condição envolve reações hormonais e inflamatórias que aumentam o risco de câncer.
– Sedentarismo: a prática regular de exercícios combate a obesidade e melhora o perfil hormonal.
– Fumo: o tabaco também já foi relacionado ao câncer colorretal.
– Consumo excessivo de álcool: homens que ingerem mais de 14 doses de bebida alcoólica por semana, bem como mulheres que bebem mais que sete doses por semana, têm risco mais alto de ter esse e outros tipos de câncer.
Fatores de risco não modificáveis
– Idade: a maior parte dos pacientes com a doença tem mais de 50 anos.
– Doenças inflamatórias intestinais: pacientes com colite ulcerativa ou doença de Crohn têm propensão maior ao câncer colorretal.
– Herança familiar: algumas famílias têm histórico desse tipo de câncer, e nesses casos é comum o surgimento antes dos 50 anos. Também há síndromes associadas à doença, como o câncer colorretal hereditário não poliposo (HNPCC, ou síndrome de Lynch) e a polipose adenomatosa familial (FAP).
– Histórico pessoal de câncer ou pólipos: quem já teve pólipos adenomatosos ou tratou-se de câncer colorretal, de ovário, útero ou mama também é mais propenso.
– Etnia: estudos indicam que judeus de origem europeia oriental têm maior tendência a esse tipo de câncer, bem como pessoas negras, embora as causas não sejam claras.
– Diabetes tipo 2: de acordo com a Associação Americana do Câncer, pacientes com a doença têm maior risco mesmo descontando-se fatores como obesidade abdominal e sedentarismo.
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Como é feito o diagnóstico?
O principal exame para detectar o câncer colorretal é a colonoscopia. Além de solicitado quando há sintomas, ou após um resultado positivo na pesquisa de sangue oculto nas fezes (PSOF), é utilizado no rastreamento do câncer colorretal a partir dos 50 anos, ou a partir dos 40 anos em pacientes com histórico familiar.
Embora no Brasil a maioria dos diagnósticos ocorram a partir dos 55 anos, casos de câncer colorretal em pacientes com 40 ou 45 anos têm aumentado, segundo os médicos.
Como é o tratamento?
O tratamento pode ser feito por meio de várias terapias e é recomendado de acordo com o quadro de cada paciente. Eles podem ser:
Cirurgia
Apenas alguns tumores em estágio inicial podem ser retirados por colonoscopia. A cirurgia para retirada de tumores do cólon é chamada de colectomia, e pode ser aberta (com incisão no abdome) ou feita por laparoscopia. Gânglios linfáticos próximos também podem ser removidos no mesmo procedimento. Em casos de obstrução intestinal, um stent pode ser inserido antes do procedimento.
Os principais riscos da cirurgia são infecções, sangramentos, coágulos sanguíneos e aderências (quando um tecido se cola no outro, podendo exigir uma cirurgia adicional). Em relação ao câncer de reto, muitas vezes a quimioterapia ou a radioterapia podem ser indicadas para reduzir o tamanho do tumor antes do procedimento cirúrgico.
É que, como o reto está localizado dentro da cavidade pélvica, o trabalho do cirurgião fica dificultado. Existem técnicas minimamente invasivas capazes de remover tumores localizados sem incisões.
Quimioterapia
Após a cirurgia, a necessidade de quimioterapia preventiva é avaliada pelo oncologista clínico a partir do resultado do exame anatomopatológico. Em certos casos, como, por exemplo, quando o tumor é no reto, a quimio pode ser feita antes do procedimento cirúrgico para reduzir o tamanho do câncer e facilitar a ressecção. Os principais efeitos colaterais da quimioterapia são náuseas, vômitos, infecções, perda de cabelo e fadiga, entre outros.
Radioterapia
Também pode ser indicada antes da cirurgia, para diminuir o tamanho do tumor, ou depois, para evitar recidivas, ou no controle de metástases e alívio de sintomas. Os efeitos colaterais mais comuns são irritações, incontinência intestinal e fadiga.
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Terapias-alvo
São drogas ou outras substâncias usadas para identificar e atacar células cancerosas sem danificar as sadias que se encontram em volta, por isso causam menos efeitos colaterais que a quimioterapia. Já existem algumas terapias-alvo aprovadas para alguns tipos de câncer colorretal. Segundo Diogo Bugano, essas drogas aumentaram significativamente a sobrevida de pacientes com doença metastática incurável nos últimos anos.
Imunoterapia
Tratamento considerado promissor para alguns tipos de câncer, ajuda a fazer o sistema imunológico reconhecer as células cancerosas e destruí-las de forma mais eficaz. Apenas uma pequena parcela dos pacientes com câncer colorretal pode se beneficiar de imunoterápicos, mas, como esse uso ainda não está previsto em nenhuma bula no Brasil, é preciso que as famílias paguem pelo tratamento, que é de alto custo.
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