By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Mauro Pimentel (AFP)
Após prestar depoimento à PF, o governador ficará preso em uma sala especial na unidade prisional da Polícia Militar em Niterói, Região Metropolitana do Rio.
Operação Boca de Lobo
Além do governador, outras sete pessoas foram presas. Ao todo, 9
mandados de prisão e 31 de busca e apreensão foram expedidos pela
Justiça.
Batizada de Boca de Lobo, a operação é baseada na delação premiada de
Carlos Miranda, operador financeiro de Sérgio Cabral. O ex-governador,
de quem Pezão foi vice, também está preso.
O comboio da Polícia Federal deixou o palácio com o governador preso às
7h35 e chegou à Superintendência da PF, na Praça Mauá, às 7h52.
De acordo com os agentes, o governador se surpreendeu com a chegada dos
agentes da PF e achou que seriam cumpridos apenas mandados de busca e
apreensão no local. Segundo o relato, Pezão reagiu bem à voz de prisão e
chamou seus advogados imediatamente.
Outros presos e governador em exercício
Além de Pezão, os secretários Iran Peixoto Júnior, de Obras, e Affonso
Henriques Monnerat Alves da Cruz, de Governo, e Marcelo Santos Amorim,
sobrinho do governador, foram presos nesta manhã.
Na avaliação da força-tarefa da Lava Jato, solto, o governador poderia
dificultar ainda mais a recuperação dos valores, além de dissipar o
patrimônio adquirido em decorrência da prática criminosa. Segundo o MPF,
o esquema de corrupção ainda estava ativo.
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Com a prisão de Pezão, assume automaticamente Francisco Dornelles, 83
anos, vice-governador do estado. Em entrevista à Globonews, Dornelles
comentou a prisão de Pezão.
“É um violência contra Pezão. Foi uma surpresa. Em primeiro lugar,
vamos dar prosseguimento a todas as ações do regime de recuperação
fiscal. Já conversei por telefone com o presidente Michel Temer,
garantindo isso. Vamos também continuar com os trabalhos de transição.
Falei hoje o governador eleito e já dei essa garantia a ele. Vamos
procurar ter o melhor relacionamento com os principais poderes. Já
conversei também por telefone com o presidente da Alerj, André
Ceciliano. Marcamos de conversar pessoalmente agora pela tarde", disse.
Resumo
- A prisão preventiva foi determinada pelo STJ;
- São nove mandados de prisão, incluindo a de Pezão, e 30 de busca e apreensão;
- A decisão foi baseada em delação de Carlos Miranda, operador financeiro de Cabral;
- A Justiça determinou o bloqueio de R$ 39 milhões em bens;
- São investigados os crimes de lavagem de dinheiro, organização criminosa e corrupção ativa e passiva.
- Pezão é o quarto governador do Rio a ser preso. O primeiro no exercício do mandato.
Nove mandados de prisão
- Luiz Fernando Pezão, governador do Estado do Rio de Janeiro
- José Iran Peixoto Júnior, secretário de Obras de Pezão
- Affonso Henriques Monnerat Alves da Cruz, secretário de Governo de Pezão
- Luiz Carlos Vidal Barroso, servidor da Casa Civil e Desenvolvimento Econômico
- Marcelo Santos Amorim, sobrinho do governador
- Cláudio Fernandes Vidal, sócio da JRO Pavimentação
- Luiz Alberto Gomes Gonçalves, sócio da JRO Pavimentação
- Luis Fernando Craveiro de Amorim, sócio da High Control Luis
- César Augusto Craveiro de Amorim, sócio da High Control Luis
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A Polícia Federal cumpre ainda 30 mandados de busca e apreensão. Um
deles é na casa de Pezão em Piraí, no Sul do estado, base do governador.
Há equipes também no Palácio Guanabara, sede do governo, em
Laranjeiras. Motoristas que passavam em frente, na Rua Pinheiro Machado,
buzinavam, em sinal de comemoração.
A ordem de prisão preventiva foi expedida pelo ministro Felix Fischer,
do Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde governadores têm foro.
Atualmente, dos três poderes do Estado do Rio, estão presos o
governador e o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Jorge
Picciani.
Boca de Lobo
Carlos Miranda detalhou o pagamento de mesada de R$ 150 mil para Pezão
na época em que ele era vice do então governador Sérgio Cabral. Também
houve, segundo a delação, pagamento de 13º de propina e ainda dois bônus
de R$ 1 milhão como prêmio.
Segundo o depoimento à Justiça, o "homem da mala" do ex-governador
Sérgio Cabral disse que o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando
Pezão, guardou R$ 1 milhão em propina com um empresário do Sul Fluminense.
O nome da operação faz alusão aos desvios de recursos, revelados nas
diversas fases da Operação Lava Jato, que causa a sensação na sociedade
de que o dinheiro público vem escorrendo para o esgoto.
O trecho da delação, homologada pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo
Tribunal Federal, foi revelado pelo jornal O Globo em abril.
O dinheiro vinha de empreiteiras e fornecedoras que tinham contrato com
o governo do estado, afirmou o delator. Miranda acrescentou ainda que,
de 2007 a 2014, Pezão, na época vice-governador, também ganhou um 13º
salário, além de dois bônus, de R$ 1 milhão cada.
Com a prisão de Luiz Fernando Pezão nesta quarta-feira (29), quatro dos últimos cinco governadores eleitos do Rio de Janeiro estão ou já foram presos. Sérgio Cabral, Anthony Garotinho e Rosinha Matheus foram presos quando já não eram mais governadores do RJ. A exceção é Wilson Witzel, que toma posse em 1º de janeiro de 2019.
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Nas duas ocasiões, o governador negou as acusações. Sobre a mesada,
Pezão disse que "as afirmações eram absurdas e sem propósito". "O
governaor afirma que jamais recebeu recursos ilícitos e já teve sua vida
amplamente investigada pela Polícia Federal", disse a nota.
Outro lado
O governo do Estado do Rio não comentou especificamente a prisão de
Pezão. Emitiu nota informando que, "de acordo com o artigo 140 da
Constituição estadual, a chefia do Poder Executivo passa a ser exercida,
a partir desta quinta-feira (29/11), pelo vice-governador Francisco
Dornelles".
"O governador em exercício afirma que o Governo do Estado do Rio de
Janeiro manterá todas as ações previstas no Regime de Recuperação Fiscal
(RRF) e dará prosseguimento aos trabalhos de transição de governo,
reiterando o seu maior interesse na manutenção do bom relacionamento com
os demais Poderes do Estado", prossegue a nota.
Já o MDB comunicou que "acredita que os processos legais e as investigações restabelecerão a verdade".
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