By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Divulgação
Uma jovem de 19 anos, moradora de Porto Alegre, registrou boletim de
ocorrência na Polícia Civil por lesão corporal na noite de segunda-feira
(8). Segundo o relato, ela usava uma mochila com um adesivo com a
bandeira LGBT e os dizeres "Ele Não", contra o candidato à Presidência
da República Jair Bolsonaro (PSL), quando foi abordada e agredida por
três homens.
Na tarde desta quarta-feira (10), ela prestou depoimento à Polícia
Civil, e optou por não representar criminalmente, ou seja, não dar
prosseguimento ao caso. Com isso, o delegado Paulo Cesar Jardim informa
que a investigação fica suspensa.
Segundo o delegado, a jovem prestou um depoimento de quatro laudas, com
detalhes do caso.
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A informação inicial de que ela vestiria uma camiseta
em que se lia "Ele não", por exemplo, foi corrigida pela vítima,
explicando que na verdade ela carregava um adesivo em sua mochila.
Ela descreveu os agressores como "mauricinhos da Padre Chagas" [rua em região de classe alta de Porto Alegre], conforme o delegado. "Eles não eram carecas, nem cabeludos. Também não tinham tatuagens", descreve Paulo Cesar Jardim.
Segundo o delegado, a menina informou que "só queria ir pra casa", e
por isso não representou criminalmente o caso. "Ela nem gostaria de ter
feito o boletim de ocorrência. Fez isso a pedido de uma amiga", diz.
"A partir do momento em que a vítima não demonstra interesse, eu me
sinto obstruído para continuar esse trabalho", diz o delegado. O chefe
da Polícia Civil do RS, Emerson Wendt, confirma que, sem a vontade da
vítima, a investigação não pode prosseguir. "Se for delito de ação penal
privada ou pública condicionada à representação, não se pode seguir no
procedimento policial por falta de condição de procedibilidade –
interesse expresso ou verbal em prosseguir", disse, ao G1.
Durante a tarde, equipes da delegacia saíram em busca de informações
sobre o caso, porém, como explica Jardim, somente após a manifestação de
interesse da vítima é que o inquérito pode seguir. "Vamos aguardar uma
nova manifestação dela, se houver", informa o delegado. A vítima tem
seis meses para pedir novamente a representação criminal.
Repercussão nas redes sociais
O caso ganhou repercussão nas redes sociais nesta segunda. Após três
horas no ar, o post de uma jornalista de Brasília, que conversou com a
jovem agredida, tinha mais de 10 mil compartilhamentos. Foi ela quem
convenceu a menina a procurar a polícia.
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"Ela foi agredida, humilhada no meio da rua. E como se não bastasse,
dois homens seguraram seus braços, enquanto o terceiro cravava uma
suástica na sua costela. Uma suástica...", escreveu Ady Ferrer no
Facebook.
Ady conta ainda que a jovem agredida também estampava a bandeira LGBT
na mochila. E que muitas ofensas que ela ouviu foram nesse sentido.
"Foram ofensas duras demais para retratar em um texto, duras demais para
mulheres lésbicas ouvirem e lerem."
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