By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Divulgação
A Johnson
& Johnson foi condenada a pagar uma indenização equivalente a cerca de 18,3
bilhões de reais a 22 mulheres que alegam ter desenvolvido câncer de ovário ao
usar talcos produzidos pela multinacional.
Uma corte no Missouri (EUA) concedeu,
inicialmente, compensação no valor de 550 milhões de dólares e acrescentou 4,1
bilhões de dólares referentes à indenização punitiva.
A gigante farmacêutica, que nega as acusações e
assegura que seus produtos não causam câncer ou contêm substâncias
cancerígenas, enfrenta cerca de 9 mil processos judiciais envolvendo o talco
que fabrica para bebês.
A empresa informou que está "profundamente
desapontada" com o resultado do julgamento e pretende recorrer da decisão.
Foram seis semanas de julgamento, no qual as 22
mulheres e as famílias delas afirmaram que desenvolveram câncer de ovário
depois de usar o talco para bebês e outros produtos em pó da empresa.
Das 22 mulheres que foram à Justiça em busca de
indenização, seis morreram de câncer no ovário.
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Os advogados das mulheres alegam que a Johnson
& Johnson sabia que o talco estava contaminado com amianto desde os anos
1970, mas falhou em alertar os consumidores.
O talco é um mineral que, às vezes, pode ser
encontrado no solo próximo ao amianto. A J&J nega que seus produtos contivessem
amianto e insiste que o talco não causa câncer. A empresa acrescentou que
vários estudos mostraram que seu talco é seguro e disse que o veredicto foi
produto de um "processo fundamentalmente injusto".
A agência dos EUA que controla a produção de alimentos
e medicamentos, a FDA na sigla em inglês, pediu um estudo com diferentes
amostras de talco, incluindo os da J&J, entre 2009 e 2010. Não foi
encontrado amianto nessas amostras.
Mas o advogado de acusação disse na corte que
tanto a FDA quanto a empresa usaram métodos de teste falhos.
AnálisePhilippa Roxby, repórter de saúde da BBC
Talco é seguro?
Há anos existe o receio de que o
uso talco, particularmente em áreas próximas aos genitais, aumente o risco de
câncer de ovário - mas as evidências não são conclusivas. A Agência
Internacional de Pesquisa sobre o Câncer classifica o uso de talco nos genitais
como "possivelmente cancerígeno " por causa dos indícios
contraditórios.
Por que há debate sobre o tema?
O talco mineral em sua forma
natural contém amianto e causa câncer. No entanto, o talco sem amianto tem sido
usado em produtos para bebês e em outros cosméticos desde a década de 1970.
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Mas
estudos sobre o talco livre de amianto dão resultados contraditórios.
Outros estudos argumentam que não há qualquer
ligação entre uso de talco e o câncer. Apontam ainda que não há associação
entre o talco em métodos contraceptivos, como diafragmas e camisinhas (que
chegam perto dos ovários), e câncer.
Também não parece haver uma relação entre a
doença e o tempo de exposição ou de uso, ao contrário do que acontece com o
tabaco, por exemplo.
O que as mulheres devem fazer?
A instituição de caridade
Ovacome diz que os indícios de um vínculo entre o uso de talco e risco de
câncer são fraca. E, mesmo que o talco aumente o risco de câncer de ovário,
estudos sugerem que esse incremento é de cerca de um terço.
A entidade salienta que esse aumento é pequeno e
diz que câncer de ovário é uma doença relativamente rara.
Além disso, o risco de câncer de ovário é afetado
por muitos fatores diferentes - hereditários e ambientais - e não apenas pelo
uso de talco.
A entidade acrescenta: "Assim, mesmo que o
talco aumente ligeiramente o risco, pouquíssimas mulheres que usam talco terão
câncer de ovário. Além disso, se alguém tiver câncer de ovário e usou talco,
parece improvável que foi essa a causa pela qual eles desenvolveram
câncer."
Sentença recorde
O valor da indenização é o maior
que a J&J já foi condenada a pagar. Os danos punitivos normalmente são
frequentemente reduzidos pelo juiz de primeira instância ou depois do recurso.
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A J&J já conseguiu reverter várias decisões dos tribunais, alguns delas por
motivos técnicos, por meio de recursos.
Uma decisão anterior de um júri da Califórnia, em
2017, havia concedido US$ 417 milhões para uma mulher que afirmou ter
desenvolvido câncer de ovário após usar os produtos da empresa, incluindo o
talco. No entanto, essa decisão foi anulada e várias outras ações contra a
J&J ainda estão por ser decididos.
A maioria das 22 mulheres que moveram a ação
contra a J&J não é do Missouri. Os casos, contudo, foram reunidos numa só
ação e a empresa deve usar isso no recurso no qual tenta reverter a sentença.
"Todo veredicto contra a Johnson & Johnson
neste tribunal foi revertido após recurso e os múltiplos erros presentes neste
julgamento foram piores do que aqueles nos anteriores que foram
revertidos", afirmou a empresa.
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