By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: UOL – Imagem: Agência Brasil
O ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot reagiu à
declaração do general Eduardo Villas Bôas, que afirmou que o Exército "se
mantém atento às suas missões institucionais" e compartilha "com os
cidadãos de bem" o "repúdio à impunidade". Para Janot,
"outro 1964 será inaceitável".
"Isso definitivamente não é bom. Se for o que parece,
outro 1964 será inaceitável. Mas não acredito nisso realmente", escreveu o
ex-PGR fazendo uma referência ao golpe de 1964, quando o então presidente João
Goulart foi deposto e teve início a ditadura militar no Brasil.
A declaração do comandante do Exército também foi feita pelo
Twitter e logo ganhou grande repercussão, sobretudo por ocorrer na véspera do
julgamento de habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo STF
(Supremo Tribunal Federal), marcado para esta quarta (4)."Asseguro à nação
que o Exército brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de
bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à
democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais",
escreveu Villas Bôas. "Nessa situação que vive o Brasil, resta perguntar
às instituições e ao povo quem realmente está pensando no bem do país e das
gerações futuras e quem está preocupado apenas com interesses pessoais?".
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Lula foi condenado a 12 anos e 1 mês de prisão pela 8ª Turma
do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) por corrupção e lavagem de
dinheiro no caso do tríplex no Guarujá, litoral de São Paulo, e poderá ser
preso se o STF negar o habeas corpus.
Os três desembargadores da 8ª Turma entenderam que Lula
recebeu o imóvel como propina paga pela empreiteira OAS em troca de contratos
na Petrobras. O petista nega ser dono do imóvel e afirma ser alvo de uma
perseguição política promovida por setores do Judiciário, do Ministério Público
e da Polícia Federal, para impedi-lo de ser novamente candidato à Presidência.
O habeas corpus impetrado pela defesa de Lula busca que a
pena imposta ao ex-presidente comece a ser cumprida somente em caso de rejeição
de todos os recursos possíveis em todas as instâncias do Judiciário.
Lula lidera, com folga, as principais pesquisas de intenção
de voto para a corrida presidencial de outubro, mas devido à condenação por um
órgão colegiado da Justiça, deve ser impedido de concorrer pela Lei da Ficha
Limpa.
Instabilidade e
sugestão de intervenção militar
Mais cedo, o general da reserva Luiz Gonzaga Schroeder Lessadeclarou ao jornal O Estado de S. Paulo que se o STF permitir que Lula se
candidate e se eleja presidente, não restará alternativa a não ser uma
intervenção militar.
"Se acontecer tanta rasteira e mudança da lei, aí eu
não tenho dúvida de que só resta o recurso à reação armada. Aí é dever da Força
Armada restaurar a ordem. Mas não creio que chegaremos lá", disse Lessa,
segundo reportagem publicada no site da revista Exame.
O julgamento do recurso de Lula no STF tem sido precedido de
forte pressão. A Corte já recebeu dois abaixo-assinados nesta semana, um pela
prisão após condenação em segunda instância e outro contrário a esse entendimento.
Atos opostos ao ex-presidente e outros de apoio ao petista
também têm sido organizados desde esta terça-feira (3). Na quarta, vias de
Brasília serão bloqueadas, e manifestantes pró e contra Lula serão separados
por grades e policiais militares.
Na semana passada, a caravana do ex-presidente Lula pelo sul
foi alvejada por três tiros durante a passagem pelo Paraná. No mesmo dia, o
ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no STF, declarou à
GloboNews que ele e sua família têm recebido ameaças.
Na segunda-feira (2), a presidente do Supremo, Cármen
Lúcia, pediu "serenidade" e disse que "violência não é
justiça". Já nesta terça, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann,
declarou esperar um "clima ordeiro" nas manifestações desta semana.
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