quinta-feira, 7 de julho de 2016

Gabriel "Kami": o jovem fenômeno do LoL no Brasil que vale R$ 1 milhão



By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 Imagem: Divulgação


Chutar, arremessar, cortar, correr, saltar, lutar... Nenhum destes verbos Gabriel "KamiKat" Bohm conjuga. Aliás, a ação que talvez resuma todo seu sucesso seja "farmar" - ato de abater os adversários. Pode até parecer estranho, mas o gaúcho de apenas 20 anos é um esportista - ou ciberatleta - brasileiro com fama internacional. E não só isso: ele também é o mais caro jogador de League of Legends do país. Custa R$ 1 milhão - valor da multa rescisória para tirá-lo da Pain Gaming. Com milhares de fãs e até marca de roupa própria, Kami tem rendimentos que superam a marca de R$ 20 mil por mês.
A história do filho único Gabriel "Kami" com os games começa logo aos 3 anos, ainda em Pelotas, no Rio Grande do Sul, cidade natal do gamer. Era sua idade quando ganhou o primeiro jogo portátil da mãe, Sandra Bohm. Entretanto, junto com o "brinquedo" que mudaria sua vida vieram tempos turbulentos. Separada do pai de Gabriel e demitida do emprego que mantinha como técnica em manutenção de computadores, Sandra e o pequeno Kami foram obrigados a se mudar para Florianópolis no ano seguinte. Sozinhos.
Kami seguiu com a sua predileção por jogos. Eles eram seus companheiros fiéis. Seja na escola, em casa e até na praia - a mãe era frequentadora assídua. A diversão parecia não bastar para Kami, que foi adicionando aos poucos um outro componente à sua paixão: as competições. O xadrez foi o primeiro palco. Mas era só um passatempo. O que seduzia mesmo o jovem eram os jogos eletrônicos.
Medo da violência urbana é divisor de águas
Kami teve que amadurecer cedo. Perto dos 10 anos de idade, viu a mãe enfrentar uma nova separação e passar num concurso público para agente prisional no estado. O turno durava 24h. Rotina cruel que obrigava ao pequeno Gabriel a ter que dormir sozinho na maioria das noites. Cruel? Só para Sandra. O garoto passou a virar madrugada na companhia dos games, personagens fantásticos e amigos virtuais. A mãe, por sua vez, patrocinava comprando os aparatos eletrônicos. Era um plano. Os jogos cumpriam o objetivo de manter o garoto em casa. Sandra tinha pavor da violência urbana.
- Ele passava muitas horas jogando. Eu ficava questionando o rendimento na escola. Mas ele conseguia fazer tudo. Era muito inteligente e cumpria os nossos acordos, principalmente com matemática. Eu também patrocinava esses jogos. Eu precisava dele em casa. Eu tinha medo da violência da cidade grande - disse Sandra.
As horas em frente ao computador ia aumentando gradativamente. Os picos chegavam a 10h quase ininterruptas. Antes companhia fácil da mãe nas saídas, Gabriel passou a preferir somente a companhia da sua paixão virtual. Aquele era o mundo dele.
- Foi a época que eu comecei a jogar mais online. Eu tinha amizades online. Tinha mais amigos online até. E não acho que isso seja um problema. Eu jogava umas 10h, até mais do que agora que sou profissional - contou Kami.
O profissionalismo
Não demorou muito para a diversão tomar contornos de profissão. O padrinho da mudança de status foi Gabriel "Mit" - que o acompanha até hoje na Pain Gaming. Foi o técnico quem convidou o menino-prodígio dos games para integrar uma equipe online. O ano era 2011, e Kami tinha apenas 15 anos. Foi assim que o jovem participou dos seus primeiros torneios profissionais dentro e fora do país. O sucesso foi meteórico.
Dois anos depois, veio o convite que mudaria para sempre o destino do jovem gamer. Recém-criada, a Pain Gaming acabara de inaugurar em São Paulo uma novidade até então no Brasil: uma gaming house (veja aqui como estas estruturas funcionam). Gabriel foi instado a tomar a decisão da sua vida. E ele não titubeou: deixou a mãe e a vida em Florianópolis para ir morar na capital paulista com outros seis garotos. Iniciava naquele momento a história de uma das equipes mais vitoriosas do cenário brasileiro. E também de um dos seus maiores astros.
- Quando ele me falou que iria para São Paulo foi uma surpresa muito grande para mim. Desconfiei muito no início. Ele viajou com um computador embaixo do braço. Não senti muita seriedade. Na verdade, eu fiquei apavorada. Fiz questão de visitar a casa e conhecer a estrutura. Pensava comigo: "como isso pode ser sério se ele tem que levar o próprio computador?". Até cair a ficha demorou muito. E ainda teve o caso de ter que parar com os estudos, e isso me chateou muito - contou a mãe do jogador.
Sandra tinha razão. Realmente aquele era um mundo em desenvolvimento. O universo do LoL no Brasil ainda estava muito longe das altas cifras que o cercam atualmente. O salário de Kami na mudança para São Paulo era apenas R$ 800. Salário? Não. Ajuda de custo.
A fama
Junto com a evolução da Pain Gaming no cenário brasileiro nos últimos anos, Gabriel "Kami" e Felipe "BrTT" surgiam como os grandes astros do game no Brasil. E ao mesmo tempo se transformavam em verdadeiras celebridades. Kami, por exemplo, mantém atualmente quase um milhão de seguidores em suas redes socais. Até o mercado publicitário percebeu o potencial. Kami também é garoto-propaganda de um gigante do setor de eletrônicos.
- Eu sei que tenho uma certa responsabilidade por ser quem sou hoje. Estou ciente que sou formador de opinião. Preciso ter atenção ao passar mensagem quero. E eu tomo muito cuidado. Mas o lance de ter fãs é um grande barato. Eu adoro. Acontece com frequência fãs que têm dificuldades em tirar fotos comigo porque estão tremendo de nervosismo. As situações mais marcantes para mim são quando me abordam filhos com os pais - afirmou Kami.
O topo da carreira aconteceu no ano passado. Depois de vencer o Campeonato Brasileiro de League of Legends e também uma seletiva com países emergentes, a Pain Gaming - única bicampeã nacional - se classificou para disputar o Mundial do game. A equipe não fez lá grande campanha. Despediu-se da competição com apenas duas vitórias. Participação pequena, mas emblemática para o gamer, que considera este o seu maior feito dentro esporte.
Muito além de um gamer
Kami age como um embaixador dos jogos eletrônicos. Defende com unhas e dentes o universo que mudou a sua vida. Articulado, atua como um porta-voz da classe dos jogadores. Aliás, o ativismo é um traço marcante de sua personalidade. O jovem assumiu a homossexualidade em sua rede social, em 2014, para uma legião de quase meio milhão de seguidores.
- Há alguns dias eu tomei uma decisão muito impactante na minha vida, e uma vez que eu vá fundo com ela, não tem como voltar atrás. [...] Mudei minha mentalidade e passei, pela primeira vez na minha vida, a aceitar: "eu não sou como os meninos que gostam de meninas, eu sou como os meninos que gostam de meninos" - escreveu. A postagem recebeu 45 mil curtidas e foi compartilhada mais de três mil vezes.
Recentemente, Kami voltou a se manifestar sobre a causa. O estopim foi o atentado em junho à boate gay Pulse, nos EUA, quando um atirador invadiu a casa e matou 50 pessoas a tiros.
- Chocante e extremamente triste. Minhas mais sinceras condolências às famílias das vítimas. Ninguém merece isso, e é impossível, não importa o ângulo, achar uma justificativa. É uma sensação de impotência absurda, e de partir o coração não só de todos nós, seres humanos, mas especialmente da comunidade LGBT - lamentou.
Gabriel "KamiKat" Bohm é uma prova da magnitude dos jogos eletrônicos atualmente no Brasil e no mundo. Estaria o monopólio da bola ameaçado no país do futebol?

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