A Justiça Federal decidiu retirar Adélio Bispo de Oliveira do presídio
de Campo Grande, onde ele está recolhido, em cela isolada, desde
setembro de 2018, quando ocorreu o evento de Juiz de Fora que foi
decisivo para a eleição de Jair Bolsonaro.
A decisão foi tomada depois que laudos psiquiátricos atestaram a piora do seu estado de saúde.
Adélio cumpre medida de segurança em estabelecimento que tem regime
disciplinar diferenciado, criado para a prisão de líderes de facção.
A decisão de tirar Adélio do sistema penitenciário foi do titular da
5a. Vara Federal da capital sul-mato-grossense, Luiz Augusto Iamassaki
Fiorentini, que é corregedor do presídio.
Fiorentini atendeu a um pedido da Defensoria Pública da União,
representada pelo defensor Welmo Edson Nunes Rodrigues, que teve a
concordância do Ministério Público Federal.
Seguindo o que determina a resolução sobre política antimanicomial, e
a pedido da Defensoria, Adélio não poderá ficar em presídio, nem em
manicômio judicial.
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Ele poderia receber tratamento ambulatorial, residindo na casa da
família, mas, em razão da necessidade de readaptação, o mais provável é
que ele seja levado para um leito hospitalar mantido pelo Sistema Único
de Saúde (SUS).
Para ficar perto da família, o ideal é que Adélio seja levado para
Montes Claros, no norte de Minas Gerais, e não a Juiz de Fora, distante
cerca de 600 quilômetros, onde ocorreu o evento com
Mas o Juiz de origem poderá determinar a internação em leito
hospitalar pelo SUS, o que é bem diferente de internação em
estabelecimento psiquiátrico.
Livre do isolamento e da vigilância de segurança máxima no presídio
federal, Adélio poderá se sentir seguro para se abrir com a família.
A irmã Maria das Graças Ramos de Oliveira realizou três visitas, duas
virtuais. Depois da visita presencial, a que ela foi levada por mim,
Adélio, estranhamente, não quis mais recebê-la.
Estaria sendo pressionado? A direção do presídio diz que não, e até
apresentou um termo que ele assinou, para recusar a visita da irmã.Na visita presencial, que foi gravada pelo sistema de segurança,
Adélio se emocionou quando ouviu da irmã que ela jamais desistiria de
levá-lo para casa e cuidar dele.
A Defensoria Pública da União também entrou com ação na Comissão Interamericana de Direitos Humanos, e deve manter o processo.
Ação busca uma reparação econômica, para garantir que mais nenhuma
pessoa inimputável seja colocada num presídio, seja ele federal ou
estadual (medidas de não repetição).
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A decisão da 5a. Vara Federal de Campo Grande estabeleceu prazo de 60
dias para que o juiz de origem (Juiz de Fora) adote todas as
providências necessárias.
Há alguns anos, a Justiça Federal no Mato Grosso do Sul já havia
decidido pela retirada de Adélio do presídio de Campo Grande, mas o
responsável pela ação de origem, Bruno Savino, se opôs, e o caso foi
parar nas cortes superiores, que decidiram o conflito de competência em
favor de Juiz de Fora.
Desta vez, o juiz Fiorentini condicionou sua decisão a uma
manifestação da 3a. Vara Federal de Juiz de Fora, que já não tem Bruno
Savino como titular.
Seu sucessor, Ubirajara Teixeira, permaneceu em silêncio diante da
consulta, o que indica que não haverá recurso, e Adélio deixará o
presídio, quase seis anos depois.
Será uma oportunidade para Adélio contar, livremente, sobre o que ocorreu em Juiz de Fora.
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