quarta-feira, 7 de abril de 2021

Homem morre após nebulização de hidroxicloroquina em hospital

By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 Imagem: Divulgação
Um homem de 69 anos morreu após realizar tratamento com nebulização de hidroxicloroquina, contra a Covid-19, no Hospital de Caridade de Alecrim, na Região Noroeste do Rio Grande do Sul. Segundo a família de Lourenço Pereira, o médico responsável não informou que realizaria o procedimento. Lourenço faleceu no dia 22 de março.
O médico responsável é Paulo Gilberto Dorneles. A RBS TV tenta contato com o profissional.
O Hospital de Caridade de Alecrim não quis se manifestar, mas informou que deve realizar uma reunião nesta segunda-feira (5) para avaliar o que aconteceu.
Ao G1, o MP informou que os familiares do paciente enviaram comunicação do ocorrido ao MP de Santo Cristo, que atende o município de Alecrim. Foi instaurado expediente (notícia de fato). 
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Agora, o promotor Manoel Figueiredo Antunes vai requisitar instauração de inquérito policial pra averiguar a situação em âmbito criminal.
Este não é o primeiro caso de morte após tratamento com nebulização de hidroxicloroquina no estado. No dia 24 de março, três pacientes morreram após realizar a técnica no Hospital de Camaquã, no Centro-Sul do RS.
O procedimento foi administrado pela médica Eliane Scherer, denunciada pelo hospital ao Conselho Regional de Medicina e ao Ministério Público, que já investiga a conduta dela. 
O Ministério Público informou, nesta segunda-feira (5), que segue investigando e não vai se manifestar por enquanto.
A defesa da médica diz que não tem conhecimento da investigação do Cremers e nem da polícia, e que recebeu apenas um pedido de manifestação por parte do Ministério Público.
Segundo o diretor técnico do Hospital Nossa Senhora Aparecida, de Camaquã, Tiago Bonilha, três dos quatro internados que fizeram o tratamento apresentaram taquicardia ou arritmias após a nebulização.
"Não tenho como atribuir melhora ou piora diretamente ao procedimento, mas, de fato, o desfecho final de três pacientes submetidos à terapia foi óbito. Todos eles têm documentado em prontuário taquicardia ou arritmias algumas horas após receberem a nebulização", descreve. 
Estudos feitos em várias partes do mundo desde o ano passado não comprovaram a eficácia da hidroxicloroquina no tratamento contra a Covid-19. Neste mês, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou que o medicamento não seja usado como prevenção da doença.
O caso
Lourenço Pereira estava internado no Hospital de Caridade desde o dia 19 de março, quando sentiu falta de ar. Na chegada ao hospital, um exame comprovou o diagnóstico de Covid-19. 
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No segundo dia de internação, de acordo com o prontuário obtido pela família, o médico prescreveu inalações de hidroxicloroquina a cada seis horas. No dia 21, a equipe médica registrou uma piora do quadro respiratório, e o médico deixou de fazer as nebulizações, receitando um comprimido por dia de hidroxicloroquina via oral.
No dia seguinte, 22 de março, às 12h, Pereira faleceu. Segundo a família, a certidão de óbito apontou como causas da morte a Covid-19 e a doença pulmonar obstrutiva crônica.
"Como um médico usa um tratamento experimental em um paciente com 40% de comprometimento do pulmão", desabafa Eliziane. 
Descaso com informações
A família também reclama que houve um descaso no tratamento em geral que Pereira recebeu no hospital, já que em nenhum momento recebiam notícias.
"Eles [irmãos] chegaram lá na sexta [19] à noite para obterem maiores informações, porém sem sucesso. E como em princípio meu pai não poderia receber visitas, eles ficaram aguardando serem chamados para maiores informações. No domingo [21] pela manhã, alguém da equipe de enfermagem os contatou utilizando o telefone do meu pai para que um familiar fosse ficar de acompanhante", conta Eliziane. 
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Segundo ela, as informações sobre Lourenço eram dadas apenas por ele mesmo.
"Simplesmente o médico disse pra ele que o caso já estava muito avançado e que iria entrar com medicação, só isso. Não nos contatou, até porque meu pai é uma pessoa idosa, era leigo pra muitos assuntos e internou sozinho".
A filha comparou ao atendimento que a mãe, que também teve Covid, recebeu em Porto Alegre, em que eles recebiam informações diárias através dos médicos.
"A diferença foi enorme, minha mãe deu entrada na UPA e de início os profissionais vieram nos questionar os medicamentos que ela tomava, horários. A médica entrou em contato conosco, já que não poderíamos visitar, passando o quadro clínico. E quando minha mãe conseguiu leito na Santa Casa passamos a receber ligações diárias da médica que estava cuidando dela", diz. 

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