By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Divulgação
O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), derrubou nesta sexta-feira (30) o afastamento do senador Aécio Neves (PSDB-MG) das funções parlamentares. Com isso, Aécio poderá retomar as ativades no Senado.
Na mesma decisão, o magistrado negou um pedido da Procuradoria Geral da República (PGR) para prender o senador.
Na decisão, Marco Aurélio Mello escreveu que o PSDB é um dos maiores
partidos do Brasil e que Aécio tem uma carreira política "elogiável".
"O agravante [Aécio] é brasileiro nato, chefe de família, com carreira
política elogiável – deputado federal por quatro vezes, ex-presidente da
Câmara dos Deputados, governador de Minas Gerais em dois mandatos
consecutivos, o segundo colocado nas eleições à Presidência da República
de 2014 – ditas fraudadas –, com 34.897.211 votos em primeiro turno e
51.041.155 no segundo, e hoje continua sendo, em que pese a liminar
implementada, senador da República, encontrando-se licenciado da
Presidência de um dos maiores partidos, o Partido da Social Democracia
Brasileira."
Por meio de nota, o senador disse que recebeu com "absoluta serenidade"
a decisão de Marco Aurélio. " da mesma forma como acatei de forma
resignada e respeitosa a decisão anterior. Sempre acreditei na Justiça
do meu país e seguirei no exercício do mandato que me foi conferido por
mais de 7 milhões de mineiros", afirmou o Aécio (veja a íntegra da nota
ao final desta reportagem).
A Secretaria-Geral do Senado informou que o presidente da Casa, Eunício
Oliveira (PMDB-CE), foi notificado da determinação do STF e que Aécio
já pode retornar ao trabalho. Não é necessário nenhum outro trâmite,
segundo a secretaria.
Aécio havia sido afastado em maio por determinação do ministro Edson
Fachin, relator da Lava Jato no STF, após a Operação Patmos, fase da
Lava Jato baseada nas delação da JBS.
A Procuradoria Geral da República apontou risco de o senador usar seu
poder para atrapalhar as investigações e havia pedido a prisão de Aécio.
No entanto, Fachin entendeu que a Constituição proibia a prisão do
parlamentar e determinou o afastamento.
O caso de Aécio ficou com o ministro Marco Aurélio após Fachin fatiar
as investigações da delação da JBS. A defesa de Aécio havia entrado com
um recurso no tribunal e desde então ele aguardava uma decisão para
saber se poderia retomar as atividades de senador.
O ministro também derrubou outras restrições aplicadas ao senador, como
a proibição de falar com outras pessoas investigadas junto com Aécio –
como sua irmã, Andrea Neves – e também de deixar o país.
Ao atender pedido da defesa, Marco Aurélio reproduziu voto que daria
numa sessão do último dia 20, quando a Primeira Turma do STF decidiria,
de forma conjunta, por cinco ministros, a situação do senador. No
entanto, a turma não definiu o caso.
Em vez de aguardar a deliberação do colegiado, o que poderia ocorrer só
em agosto, em razão do recesso do Judiciário em julho, Marco Aurélio
decidiu sozinho nesta sexta.
Na decisão, o ministro contestou os argumentos da PGR de que Aécio
usaria o poder do cargo para interferir nas investigações. A
procuradoria mencionava, por exemplo, conversas do senador com críticas
ao ex-ministro da Justiça Osmar Serraglio. Aécio também criticava
tentativas de aprovar projetos de lei que anistiavam o caixa 2 e
endurecia punições a juízes e procuradores por abuso de autoridade.
“Críticas à atuação do Ministro da Justiça são normais, esperadas e,
até mesmo, decorrentes do exercício legítimo da função do Legislativo,
não revelando perigo concreto de influência nas atividades do Presidente
da República ou de embaralhamento de investigações em curso", escreveu
Marco Aurélio.
“No tocante à mobilização para aprovação de alterações e inovações
legislativas, tem-se atividade ínsita à função parlamentar, protegida
pela imunidade constitucional alcançar palavras, votos e opiniões",
completou em seguida.
O ministro também considerou que o afastamento do senador é uma medida
que coloca em risco a harmonia entre os poderes Legislativo e
Judiciário. Por isso, entendeu que caberia somente ao próprio Senado
afastar Aécio, lembrando da tramitação de um pedido na Casa para cassar o mandato do tucano.
Em nota, o advogado do senador, Alberto Toron, disse que a decisão do
ministro Marco Aurélio "reafirma a confiança" no Judiciário. Segundo a
defesa de Aécio, o afastamento de um senador não é previsto pela
Constituição, por isso não deveria ter ocorrido.
"A decisão do Ministro Marco Aurélio, mais que restabelecer a
legalidade e a soberania da Constituição, reafirma a confiança de todos
os brasileiros no Poder Judiciário. O afastamento de um mandatário do
povo, um parlamentar, só pode ser feito dentro do figurino previsto pela
própria Constituição. Todavia, o documento maior da cidadania não prevê
este tipo de afastamento cautelar", afirmou a defesa na nota (veja a
íntegra ao final desta reportagem).
O advogado disse ainda que a defesa de Aécio reafirma a inocência do
senador e que a "trama criada" na delação por Joesley Batista, dono da
JBS, é uma estratégia do empresário para "se ver livre da incomum, vasta
e sórdida prática criminosa que confessou".
Entrevista
Mais cedo, ao deixar a última sessão do STF no semestre,
Marco Aurélio foi questionado por jornalistas sobre o pedido da PGR
para prender o senador. Ele foi indagado sobre a questão ser deixada
para agosto, em razão do recesso.
“Que tal o retorno dele à cadeira de senador?”, respondeu o ministro.
Naquele momento, ainda não era conhecida a decisão de Marco Aurélio
sobre derrubar o afastamento de Aécio.
Veja a nota divulgada pelo senador:
Declaração senador Aécio Neves
Recebo com absoluta serenidade a decisão do Ministro Marco Aurélio, do
Supremo Tribunal Federal, da mesma forma como acatei de forma resignada e
respeitosa a decisão anterior. Sempre acreditei na Justiça do meu país e
seguirei no exercício do mandato que me foi conferido por mais de 7
milhões de mineiros, com a seriedade e a determinação que jamais me
faltaram em 32 anos de vida pública.
Veja a íntegra da nota da defesa de Aécio:
A
decisão do Ministro Marco Aurélio, mais que restabelecer a legalidade e
a soberania da Constituição, reafirma a confiança de todos os
brasileiros no Poder Judiciário. O afastamento de um mandatário do povo,
um parlamentar, só pode ser feito dentro do figurino previsto pela
própria Constituição. Todavia, o documento maior da cidadania não prevê
este tipo de afastamento cautelar. Afora isso, como bem disse o Min.
Marco Aurélio, “o processo não revela quadro favorável à imposição de
medida acauteladora, muito menos de afastamento do exercício do múnus
parlamentar”. Nada do que se apontou em relação a ele justificava o
afastamento cautelar.
Por outro lado, o Senador Aécio Neves reafirma sua inocência no caso de
que é injustamente acusado na trama criada por Joesley Batista para se
ver livre da incomum, vasta e sórdida prática criminosa que confessou. A
sua retomada das atividades legislativas representa, por outro lado, o
respeito ao princípio da presunção de inocência, tão caro as tradições
brasileiras, não cabendo a inversão das coisas numa democracia. Como
disse o Ministro Marco Aurélio, não apenas ao Senador Aécio, mas à
sociedade “importa a preservação do interesse primário, a rigidez das
instituições democráticas, a respeitabilidade à Constituição Federal, e
não a feitura de justiça a ferro e fogo, a tomada de providência
extrema, o justiçamento. A história é impiedosa considerados atos de
força que, em última análise, provocam consequências imprevisíveis”.
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