segunda-feira, 31 de julho de 2017

Familiares questionam excesso de tiros em jovens mortos



By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: REDE SUL DE NOTICIAS Imagem: Divulgação

"Por que tanto disparos? Por que não atirou nas pernas e com eles no chão não chamou a polícia pra prender?" Estes são os questionamentos que mais ecoaram durante o velório dos dois jovens mortos por um policial militar, em Guarapuava. Wagner Sieklick, 19 anos, e seu primo Osnei Sieklick, 26 anos, foram velados na residência dos pais de Wagner, na Vila Concórdia e sepultados nesta sexta (28), no cemitério da localidade de Saltinho, no distrito de Guairacá.
De acordo com o policial, os dois jovens foram mortos após tentativa de assalto no Parque do Lago, por volta das 20h de ontem, quinta (27). O policial à paisana fazia corrida no Lago quando recebeu voz de assalto por parte dos jovens. Segundo o PM, os dois estavam armados, mas com revólveres de brinquedos (simulacros). Em Nota Oficial expedida pelo comando do 16º Batalhão da Polícia Militar (BPM), há a informação de que o policial mostrou a credencial e se identificou como PM, mas os jovens continuaram apontando as armas e esperando o celular, que seria o fruto do assalto. Segundo a Nota, para garantir a integridade física de pessoas que estavam no Parque do Lago e do próprio policial, este sacou uma arma e atirou. O fato aconteceu no meio da rua Padre Salvatore Renna.
De acordo com a mãe de Wagner, Salete, seu filho foi alvo de quatro tiros, sendo um na coluna vertebral, outro num dos braços, outro que atravessou de um lado para o outro do corpo e o último na região abdominal. De acordo com o atestado de óbito de Wagner, a causa da morte foi choque hemorrágico pneumotórax, traumatismo abdominal e lesão medular. Ele morreu logo que deu entrada ao hospital.
Salete disse à RedeSul de Notícias que ainda viu o filho com vida. “Chamei pelo seu nome e ele me olhou e disse ‘o que’? Daí virou a cabeça pro lado e morreu minutos depois”.
Osnei recebeu três tiros que atingiram as duas pernas, que foram quebradas, e outro na cabeça. De acordo com sua mãe, Ivone, ele possuía muitos hematomas, principalmente, no rosto. “Uma pessoa contou que tinham 12 cápsulas de balas no chão. Por que esse policial atirou tanto se eles não tentaram fugir?” Osnei morreu na hora. O atestado de óbito aponta como causa uma hemorragia craniana por ferimento de arma de fogo. "Por que tantos tiros quando eles já estavam caídos? É essa resposta que queremos", pergunta Emerson Chikliski, primo de Wagner e de Osnei. "Eu falei com o Osnei pelo Whats poucas horas antes da tragédia e ele disse que tinham distribuídos currículos pela cidade. Se não desse certo, ele iria pra Santa Catarina no mês que vem".
"Nossos filhos foram charqueados como animais", diz Ivone.
As mães também contestam a informação de que ambos possuíam armas, mesmo sendo de brinquedos. “Por que essa arma não apareceu? Por que não nos mostraram”? pergunta Salete. Os dois simulacros, entretanto, foram fotografados pelo jornalista e repórter Victor Hugo Bittencourt, da RPC Guarapuava.
Esses questionamentos circulam também em vídeo gravado durante o velório dos jovens pelo pai de Wagner, Carlos. O vídeo foi enviado à RSN. As imagens são fortes.
Segundo ela, as últimas horas dos dois jovens foram de trabalho em casa. “Wagner passou o dia fazendo a casinha dele aqui atrás da nossa. O Osnei e o mais um sobrinho meu estavam ajudando. Por volta das 17h30, os dois saíram pra levar a enteada de um ano do Wagner na casa da avó e depois voltaram pra levar a Milena [companheira de Wagner] no Visconde [colégio] e estavam voltando pra tomar café quando aconteceu essa tragédia”, conta Salete. Ivone trabalha em Blumenau (SC) e veio a Guarapuava tão logo foi avisada da morte do filho e do sobrinho.
REPERCUSSÃO
A atitude do policial recebe o apoio de guarapuavanos nas redes sociais. Os inúmeros comentários postados logo após a veiculação das matérias que tratam do assunto avalizam a reação do policial.
O comando da PM informou que abriu um IPM (inquérito policial militar) para apurar a ação do policial.
Os dois homens não tinham passagem pela polícia.

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