By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: REVISTA CARTA CAPITAL – Imagem: Divulgação
O relator da Reforma Trabalhista,
deputado Rogério Marinho (PSDB-RN), apresentou na quarta-feira 12 seu
parecer na comissão especial que analisa o tema na Câmara dos Deputados.
O relatório tem 132 páginas e 45 foram reescritas.
O texto altera mais de 100 artigos da CLT
(Consolidação das Leis do Trabalho) e cria ao menos duas modalidades de
contratação: a de trabalho intermitente, por jornada ou hora de
serviço, e o chamado teletrabalho, que regulamenta o “home office”.
O texto contempla ainda o fim da contribuição sindical, mas cria impeditivos para a terceirização. FGTS, 13º salário, integralidade do salário e férias proporcionais foram assegurados.
Acordos coletivos
Um
dos principais pontos da Reforma abre a possibilidade para que
negociações entre trabalhadores e empresas se sobreponham à legislação
trabalhista, o chamado "acordado sobre o legislado". Poderão ser
negociados à revelia da lei o parcelamento de férias, a jornada de
trabalho, a redução de salário e o banco de horas. Por outro lado, as
empresas não poderão discutir o fundo de garantia, o salário mínimo, o
13o e as férias proporcionais.
Para
a jornada de trabalho, o texto prevê que empregador e trabalhador
possam negociar a carga horária num limite de até 12 horas por dia e 48
horas por semana. A jornada de 12 horas, entretanto, só poderá ser
realizada desde que seguida por 36 horas de descanso.
Já
as férias poderão ser divididas em até três períodos, mas nenhum deles
poderá ser menor que cinco dias corridos ou maior que 14 dias corridos.
Além disso, para que não haja prejuízos aos empregados, fica proibido
que as férias comecem dois dias antes de um feriado ou fim de semana.
Hoje, a CLT prevê jornada máxima de 44 horas semanais e as férias podem
ser divididas apenas em dois períodos, nenhum deles inferior a dez dias.
Ainda sobre férias, o texto da Reforma passa a permitir que
trabalhadores com mais de 50 anos dividam suas férias, o que atualmente é
proibido.
Outro
ponto sugerido no relatório é a determinação que, se o banco de horas
do trabalhador não for compensado em no máximo seis meses, essas horas
terão que ser pagas como extras, ou seja, com um adicional de 50%, como
prevê a Constituição. O texto também atualiza a CLT, que previa um
adicional de 20% para o pagamento das horas extras, para 50%, como está
previsto na Constituição.
Contrato por hora e home office
A versão final apresentada pelo deputado Rogério Marinho cria duas
modalidades de contratação: o trabalho intermitente, por jornada ou hora
de serviço, e o teletrabalho, que regulamenta o chamado home office, ou trabalho de casa.
Atualmente a legislação trabalhista não contempla o trabalho em casa e o texto apresentado hoje inclui o home office,
estabelecendo regras para a sua prestação. Ele define, por exemplo, que
o comparecimento às dependências do empregador para a realização de
atividades específicas que exijam a presença do empregado não
descaracteriza o regime de trabalho remoto.
Haverá a necessidade de um contrato individual de trabalho especificando as atividades que serão realizadas pelo empregado e esse documento deverá fixar a responsabilidade sobre aquisição, manutenção ou fornecimento dos equipamentos, além da infraestrutura necessária para o exercício de cada atividade. As despesas ficam por conta do empregador, que não poderão integrar a remuneração do empregado.
A outra modalidade de contratação criada, o trabalho intermitente, permite que o trabalhador seja pago somente pelas horas de serviço de fato prestadas. Neste caso, segundo a versão final do relatório, a empresa terá que avisar o trabalhador que precisará dos seus serviços com cinco dias de antecedência.
Haverá a necessidade de um contrato individual de trabalho especificando as atividades que serão realizadas pelo empregado e esse documento deverá fixar a responsabilidade sobre aquisição, manutenção ou fornecimento dos equipamentos, além da infraestrutura necessária para o exercício de cada atividade. As despesas ficam por conta do empregador, que não poderão integrar a remuneração do empregado.
A outra modalidade de contratação criada, o trabalho intermitente, permite que o trabalhador seja pago somente pelas horas de serviço de fato prestadas. Neste caso, segundo a versão final do relatório, a empresa terá que avisar o trabalhador que precisará dos seus serviços com cinco dias de antecedência.
A
modalidade, geralmente praticada por bares, restaurantes, eventos e
casas noturnas, permite a contratação de funcionários sem horários fixos
de trabalho. Atualmente a CLT prevê apenas a contratação parcial.
Horas extras
A
CLT em vigor considera trabalho em regime de tempo parcial aquele cuja
duração não passe de 25 horas semanais. Pela legislação atual, é
proibida a realização de hora extra no regime parcial. O parecer do
relator aumenta essa carga para 30 horas semanais, sem a possibilidade
de horas suplementares por semana. Também passa a considerar trabalho em
regime parcial aquele que não passa de 26 horas por semana, com a
possibilidade de 6 horas extras semanais. As horas extras serão pagas
com o acréscimo de 50% sobre o salário-hora normal. As horas extras
poderão ser compensadas diretamente até a semana seguinte. Caso isso não
aconteça, deverão ser pagas.
Para
o regime normal de trabalho, o parecer mantém a previsão de, no máximo,
duas horas extras diárias, mas estabelece que as regras poderão ser
fixadas por “acordo individual, convenção coletiva ou acordo coletivo de
trabalho”. Hoje, a CLT diz que isso só poderá ser estabelecido
“mediante acordo escrito entre empregador e empregado, ou mediante
contrato coletivo de trabalho”.nPela regra atual, a remuneração da hora
extra deverá ser, pelo menos, 20% superior à da hora normal. O relator
aumenta esse percentual para 50%.
Terceirização
Em
março, o presidente Michel Temer sancionou uma lei que permite a
terceirização para todas as atividades de uma empresa, mas o texto da
Reforma Trabalhista propõe salvaguardas para o trabalhador terceirizado.
O
parecer cria uma quarentena que impede que o empregador demita um
trabalhador efetivo para recontratá-lo como terceirizado em menos de 18
meses.
Além
disso, um trabalhador terceirizado deverá ter as mesmas condições de
trabalho dos efetivos de uma mesma empresa. Essa equidade vale para
itens como de ambulatório, alimentação, segurança, transporte,
capacitação e qualidade de equipamentos.
Multa por não-contratados
Atualmente, o empregador que mantém trabalhadores sem registro está sujeito à multa de um salário-mínimo regional, por empregado, acrescido de igual valor em cada reincidência.
Atualmente, o empregador que mantém trabalhadores sem registro está sujeito à multa de um salário-mínimo regional, por empregado, acrescido de igual valor em cada reincidência.
O
texto original da Reforma, proposto pelo governo, determinava multa de
R$ 6 mil por empregado não registrado, acrescido de igual valor em cada
reincidência. No caso de microempresa ou empresa de pequeno porte, a
multa será de R$ 1 mil. O texto prevê ainda que o empregador deverá
manter registro dos respectivos trabalhadores sob pena de R$ 1 mil. O
relator Rogério Marinho, porém. reduziu o valor da multa para R$ 3 mil
para cada empregado não registrado nas grandes empresas e para R$ 800
para as micro e pequenas empresas.
Contribuição sindical
Atualmente,
o pagamento da contribuição sindical é obrigatório e vale para
empregados sindicalizados ou não. Uma vez ao ano, é descontado o
equivalente a um dia de salário do trabalhador. Se a mudança for
aprovada, a contribuição passará a ser opcional. Na prática, o fim da
contribuição obrigatória enfraquece a discussão e pleitos coletivos por
categoria de trabalhadores.
Próximos passos
A
próxima reunião da comissão está prevista para a terça-feira 18. O
presidente do colegiado, deputado Daniel Vilela (PMDB-GO), disse que a
votação da proposta poderá acontecer já na semana que vem, caso seja
aprovado um requerimento de urgência em Plenário. Assim, os prazos de
vistas (duas sessões) e emendas ao substitutivo (cinco sessões) poderiam
ser dispensados.
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