By: INTERVALO DA NOTICIAS
A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (8) projeto de lei que
descriminaliza a “vadiagem”. Atualmente a lei de contravenções penais,
de 1941, prevê pena de 15 dias a três meses a quem se entregar
“habitualmente à ociosidade, sendo válido para o trabalho, sem ter renda
que assegure meios bastantes de subsistência, ou que prover a própria
subsistência mediante ocupação ilícita.”A proposta, de autoria do ex-deputado Eduardo Cardozo, atual ministro da
Justiça, segue para votação no Senado. “Evidente que a simples
pretensão de punir aqueles que a sociedade já condenou à exclusão
social, à fome e ao desespero revela uma crueldade talvez insuperável em
nosso ordenamento jurídico”, argumentou Cardozo ao apresentar do
projeto.
O relator da proposta, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), também defendeu
a modificação na Lei de Contravenções. “Há anos que o país não consegue
gerar os empregos necessários para sua população. O desespero de alguém
que se vê jogado na rua por não conseguir trabalho aliado à
possibilidade de poder ser preso por tal fato é de indescritível
crueldade”, disse o parlamentar em seu parecer.
A votação do projeto nesta quarta foi possível por concessão da
oposição. A demora no pagamento de restos a pagar e no empenho de
emendas parlamentares impediu a votações no plenário da Câmara na semana
passada e nesta terça (9). Após reunião no gabinete do presidente da
Câmara, Marco Maia, nesta tarde, os líderes dos partidos de oposição
mantiveram a decisão de não votar medidas provisórias, mas aceitaram
analisar três projetos de lei.
Antes do recesso, para garantir a votação da Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO), parlamentares governistas prometeram o empenho de
R$ 2,5 milhões em emendas individuais para cada deputado da oposição -
R$ 1 milhão voltados à saúde e R$ 1,5 milhão para outros setores. DEM e
PSDB alegam que o governo só cumpriu cerca de 20% do prometido.
Nesta tarde, Marco Maia cobrou, em entrevista à imprensa, o cumprimento
do acordo por parte do governo. “Como há razoabilidade, o nível de
empenho é pequeno, nós estamos com isto solidários ao questionamento e
ao que está sendo proposto pela oposição. O governo precisa cumprir o
acordo. O governo não nega o acordo, diz que vai cumprir, mas estamos
esperando gestos que demonstrem isso”, afirmou.
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