terça-feira, 24 de julho de 2012

SUPERESCOLAS - ESCOLAS DRIBLAM AS DIFICULTADES E COMO A POBREZA E SE DESTACAM. NO PARANÁ 01 ESCOLA EM REBOUÇAS É DESTAQUE


By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: Gazeta do Povo Imagem: Gazeta do Povo




O Brasil ainda está distante da meta de garantir a toda criança um ensino de qualidade, mas há, dentre as mais de 40 mil escolas públicas do país, um pequeno grupo que se destaca pela excelência. São colégios que, além de figurar entre as primeiras posições de rankings educacionais, conseguem atender alunos de baixíssima renda e deixá-los com indicadores de qualidade compatíveis aos de nações desenvolvidas. Um levantamento feito pelo economista Ernesto Martins Faria, da Fundação Lemann, em parceria com o jornal O Globo, mostra que há no país 82 estabelecimentos públicos que – mesmo aten­dendo alunos que se encontram entre os 25% mais pobres do Brasil – conseguem atingir no Ideb, principal avaliação federal de qualidade do ensino, média igual ou superior a 6 na primeira etapa do ensino fundamental (1.º a 5.º ano). A nota é considerada pelo Ministério da Educação (MEC) como o patamar de países de primeiro mundo. Para identificar esse grupo de escolas, Faria calculou um indicador do nível socioeconômico de cada estabelecimento. As 43.574 escolas públicas para as quais foi possível fazer o cálculo foram ranqueadas por dois critérios: 1) de acordo com o nível de pobreza dos estudantes e 2) pelo desempenho no Ideb. Do confronto entre os dois rankings, destacam-se colégios que ganham mais de 40 mil posições. Ou seja, trabalham com os alunos da rabeira do ranking de pobreza, mas levam-nos ao topo do aprendizado.
Nas estatísticas e em visitas a localidades improváveis – como o interior amazonense, a periferia de Alagoas ou o sertão do Ceará – foi possível identificar que o bom resultado não é fruto do acaso. Nessas escolas, é notável o esforço da direção e dos professores em não deixar que nenhum aluno fique para trás e de corrigir as deficiências na aprendizagem e os problemas de frequência assim que eles são detectados.
Estudos no mundo inteiro têm comprovado que o nível socioeconômico dos pais é o que mais influencia o aprendizado. Ao comparar as características das 82 escolas, Faria identificou que essas instituições conseguem cumprir uma parte muito maior do currículo previsto. Nelas, os professores relatam em maior proporção que se sentem motivados pelo diretor e que há um clima de colaboração na equipe. Os problemas de indisciplina são muito menores e há, por fim, maior zelo na tarefa de não deixar que alunos evadam ou comecem a faltar às aulas. Para o diretor-executivo da Fundação Lemann, Denis Mizne, mesmo sendo raras, essas escolas demonstram que é possível dar um ensino de qualidade para crianças mais pobres. “Precisamos escolher se vamos tratar a educação pública como ferramenta que mantém as desigualdades ou que ajuda a compensá-las. O exemplo dessas escolas prova que isso é possível”, afirma Mizne. Ser possível, no entanto, não significa ser simples. Para o pesquisador Francisco Soares, da Universidade Fede­ral de Minas Gerais, autor de vários estudos sobre escolas eficazes, a dificuldade enfrentada por colégios com alunos de baixo nível socioeconômico é que, além da desvantagem por atender filhos de pais menos escolarizados, essa condição vem às vezes associada a problemas como a violência dentro e fora de casa.


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