O presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), afirmou
nesta terça-feira que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)
Alexandre de Moraes “ultrapassou todos os limites” e o acusou de ser o
responsável pelo vazamento de informações de um inquérito da Polícia
Federal que apontaria o pagamento de transações suspeitas para a
primeira-dama Michelle Bolsonaro.
“Foi o Alexandre de Moraes que vazou. Não vem com papinho que foi a
PF não, porque esse pessoal da PF, Alexandre de Moraes, come na sua mão,
então foi você que vazou. Vazou para quê? Para criar um clima”, acusou
Bolsonaro, que não apresentou provas das alegações contra Moraes, que
também preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
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Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, conversas do tenente-coronel e
ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cesar Barbosa Cid, com outros
funcionários da Presidência sugerem a existência de depósitos
fracionados e saques em dinheiro.
Haveria a indicação de que as movimentações financeiras se destinavam
a pagar contas pessoais da família presidencial e de pessoas próximas
de Michelle.
Bolsonaro disse que Moraes incluiu seu ajudante de ordens no
inquérito das fake news e que, a partir daí, conseguiu captar conversas
do auxiliar com ele e com a primeira-dama.
SENHOR ALEXANDRE
Bolsonaro disse que a situação visa a constranger ele, seu auxiliar e outros militares que prestam apoio à Presidência.
Segundo ele, as movimentações nas contas dos auxiliares giraram em
torno de 12 mil reais e serviam para pagar despesas como a escola da
filha e uma tia de Michelle que cuidava da menina.
Ele disse que não houve qualquer uso do cartão corporativo para pagar essas despesas.
“Senhor Alexandre de Moraes, tem um detalhe: sabe quanto eu saquei
desse cartão corporativo meu desde janeiro de 2019? Zero! Nunca usei um
centavo desse cartão corporativo, então não existe isso de pagar isso
por suprimento de fundo. Essa grana poderia pagar o cabeleireiro da
Michelle? Zero, zero!”, disse, exaltado.
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“Alexandre, você mexer comigo é uma coisa. Você mexer com a minha
esposa, você ultrapassou todos os limites Alexandre de Moraes, todos os
limites. Está pensando o que da vida? Que você pode tudo e tudo bem? Que
um dia você vai dar uma canetada e me prender? É uma covardia”,
protestou.
Ao encerrar esse assunto, Bolsonaro fez um pedido a Moraes, que tem
sido alvo frequente de seus ataques: “Esqueça a minha esposa, esqueça a
minha esposa! Isso é um comportamento de quem, comportamento de pessoas
vis!”, acusou.
Procuradas, as assessorias de Moraes tanto no STF quanto no TSE não
responderam de imediato a pedido de comentário sobre as declarações de
Bolsonaro.
Em nota de esclarecimento divulgada na manhã desta terça, a
Secretaria de Comunicação da Presidência afirmou que a Ajudância de
Ordens da Presidência presta serviços de assistência direta e imediata
ao presidente também em assuntos de natureza pessoal, inclusive com
pagamento de contas e boletos bancários, com amparo em um decreto.
A nota também afirma que não há qualquer “triangulação” com outros ajudantes de ordens.
“Os pagamentos de contas particulares são realizados com recursos
exclusivos da conta pessoal do senhor presidente. O auxílio financeiro
da primeira-dama à tia se dá por questões de confiança pessoal e
segurança, tendo em vista que, nas ausências da primeira-dama, é ela
quem cuida da filha do casal”, diz a nota.
ENTENDIMENTO COM STF
Na live, o presidente voltou a falar que voltará a se entender “muito
bem” com o Supremo após criticar uma eventual aprovação pela corte do
marco temporal das terras indígenas.
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“Podem ter certeza que eu vou me entender muito bem com o Supremo
Tribunal Federal, que merece o respeito. Vou frequentar o Supremo
Tribunal Federal. Vamos resolver esse assunto. Essa proposta do
(ministro Edson) Fachin de novo marco temporal tenho certeza que vai ser
arquivada, porque se não for arquivada, é o fim do Brasil”, disse.
O julgamento do marco temporal foi suspenso ainda no ano passado
quando apenas Fachin, relator da ação, havia votado contrariamente à
medida. Não há previsão para retomada da análise do caso pelo Supremo.
Para Fachin, não há a necessidade da comprovação de que os indígenas
ocupavam determinada terra no dia da promulgação da Constituição de 1988
para eles terem direito a ela. Bolsonaro discorda frontalmente desse
entendimento e já tem afirmado, sem mostrar evidências, que, se essa
tese prevalecer, poderá ser o fim do agronegócio no Brasil.
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