By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: UOL – Imagem: Lula Marques
Em
discurso durante o encerramento do 6º Congresso Nacional do PT na tarde deste
sábado (3), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou o pedido do
Ministério Público Federal por sua condenação no caso do tríplex.
"Em
qualquer lugar do mundo, a pessoa precisa ter provas para indicar ou pedir prisão.
Aqui no Brasil, o fato de você ser inocente, é ser culpado", afirmou.
Lula
falou logo após a senadora paranaense Gleisi Hoffmann ser eleita presidente do
partido pelos próximos dois anos.
"Eu
tenho uma história nesse país. Não tenho nada contra o Ministério Público, até
ajudei a fortalecê-lo. O que eu tenho é contra as 'meninices' dos procuradores
da Lava Jato", disse. "Eles estão desafiados a encontrar um dólar, um
peso, um real de propina nas minhas contas".
Lula
também criticou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao citar a
prisão do procurador Ângelo Goulart Villela, acusado de repassar à JBS
informações sobre investigações à empresa.
"Eu
não sei se o procurador-geral da república, que tinha um amigo procurador que
foi preso, eu não sei a teoria do domínio do fato vale para ele", disse
Lula.
A
teoria do domínio do fato foi usada no julgamento do mensalão para condenar o
ex-ministro petista José Dirceu. De acordo com a teoria, o líder de uma
organização pode ser condenado não por participar diretamente de um crime, mas
por ser o superior hierárquico dos envolvidos.
O
ex-presidente finalizou parabenizando Gleisi --que também é ré na Lava Jato-- e
disse que os opositores do partido terão uma 'lição amarga'. "Agora que o
PT está assumindo a responsabilidade, depois de 37 anos, de ter a primeira
mulher presidente, é que eles vão saber como esse partido será daqui pra
frente, mais ousado, mais aguerrido e muito mais bonito", afirmou Lula.
Após
o discurso, Lula foi abordado por jornalistas e questionado sobre o julgamento
da chapa Dilma-Temer no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que começa na
terça-feira (6), mas não respondeu.
Caso do tríplex
O MPF
entregou, na noite desta sexta-feira (2), as alegações finais do processo em
que Lula responde por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no chamado caso
do tríplex. O MPF pediu ao juiz Sergio Moro, da Justiça Federal do Paraná, que
Lula seja condenado. Ele é acusado de ter recebido R$ 3,7 milhões em propina
por conta de três contratos entre a OAS e a Petrobras.
Segundo
o documento, o MPF pede a condenação de Lula pela prática de corrupção passiva
três vezes e pelo de lavagem de dinheiro outras 34 vezes. A Procuradoria pede
condenação à prisão, em regime fechado. Além disso, solicita a Moro que o
ex-presidente pague R$ 87.624.971,26, que seria "correspondente ao valor
total da porcentagem da propina paga pela OAS". O ex-presidente nega todas
as acusações.
O MPF
alega que os valores foram repassados a Lula por meio da reforma de um
apartamento tríplex no Guarujá (SP) --que seria propriedade do petista, segundo
a procuradoria-- e do pagamento do armazenamento de bens, como presentes
recebidos, no período em que ele era presidente. A sentença de Moro neste
processo está prevista para após o dia 20 de junho, quando se encerra o prazo
para a defesa do ex-presidente apresentar também suas alegações finais.
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