By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: UOL – Imagem: Wilton Junior (Estadão)
O
pedido de prisão do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) e o recurso dele
contra o afastamento do mandato só serão julgados em agosto, após o recesso do
Judiciário, informou nesta segunda-feira (26) o gabinete do ministro Marco
Aurélio Mello, relator da ação no STF (Supremo Tribunal Federal). O pedido de
prisão do tucano foi feito ao Supremo pelo procurador-geral da República,
Rodrigo Janot.
Segundo
funcionários do gabinete, o julgamento só poderá ser retomado após Janot emitir
um parecer sobre o pedido de Aécio para que o plenário, composto pelos 11
ministros da Corte, decida sobre a prisão e o afastamento.
Inicialmente,
o caso seria julgado pela 1ª Turma do Supremo, mas a defesa de Aécio pediu para
que o caso fosse ao plenário.
A
última sessão da 1ª Turma do STF antes do recesso será realizada nesta terça
(27). Já o último encontro do plenário será na quarta (28). Como a PGR ainda
não divulgou sua opinião, há o entendimento de que não haverá tempo suficiente
para que o caso seja julgado ainda neste semestre.
Julgamento adiado
O
caso iria a julgamento na última terça-feira (20) na 1ª Turma, mas o relator,
ministro Marco Aurélio, adiou o julgamento para decidir antes sobre o recurso.
O
magistrado afirmou que o fato de Andrea Neves, irmã do senador, e os outros
investigados já terem sido denunciados, por si só, não pode fundamentar a
prisão do tucano.
"Ainda
não temos na ordem jurídica, e espero que nunca tenhamos, a prisão automática
conforme a acusação é formalizada pelo Ministério Público", disse o relator.
As
investigações da PGR (Procuradoria-Geral da República) apontam que Aécio e sua
irmã, Andrea Neves, teriam pedido R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista,
um dos donos do grupo JBS, para supostamente pagar advogados de defesa do
senador.
O
diálogo em que Aécio pede o dinheiro a Joesley foi gravado secretamente pelo
empresário, que fechou acordo de colaboração premiada.
A
Polícia Federal rastreou que parte desse valor foi entregue por um executivo da
JBS ao primo de Aécio Frederico Pacheco de Medeiros, que repassou o dinheiro a
Mendherson de Souza Lima, na época assessor do senador Perrella. Ele foi
demitido do Senado após a operação da PF.
No
último dia 2 a PGR apresentou denúncia contra Aécio, Andrea, Frederico e
Mendherson, na qual o grupo é acusado de ter praticado o crime de corrupção
passiva. Aécio também foi denunciado por obstrução à Justiça.
Sem flagrante, mas com risco de obstrução
Ao
apresentar o pedido de prisão de Aécio, o procurador-geral da República,
Rodrigo Janot, afirmou que apesar de a imunidade parlamentar permitir a prisão
de senadores apenas em flagrante de crime inafiançável, a interpretação da
Constituição autoriza a prisão preventiva de parlamentares quando há fortes
indícios de que eles poderiam continuar praticando crimes graves ou atentar
contra as investigações.
"A
decretação de prisão preventiva, porque reservada à autoridade judiciária,
resulta de juízo muito mais aprofundado do que a voz de prisão em flagrante
pela autoridade policial", diz Janot."A Constituição não pode ser interpretada
em ordem a situar o Supremo Tribunal Federal, seu intérprete e guardião máximo,
em posição de impotência frente a uma organização criminosa que se incrustou
nas mais altas estruturas do Estado. Não pode ser lida em ordem a transformar a
relevante garantia constitucional da imunidade parlamentar em abrigo de
criminosos", escreve o procurador-geral no pedido de prisão de Aécio.
O que diz a defesa do senador
O
advogado de Aécio, Alberto Zacharias Toron, afirmou, em nota, que a defesa do
senador "refuta integralmente" o teor da denúncia e disse ver uma
"inexplicável pressa" da PGR em apresentar a acusação, oferecida
antes de o senador ser ouvido para prestar esclarecimentos.
"A
principal prova acusatória da suposta corrupção é a gravação feita por um então
aspirante a delator que, além de se encontrar na perícia para comprovação da
autenticidade e integridade, retrata uma conversa privada, dolosamente
manipulada e conduzida pelo delator para obter os incríveis e sem precedentes
benefícios", diz Toron.
O advogado diz que o diálogo não indica suspeitas de
nenhum crime e que os próprios delatores da JBS afirmam não ter sido
beneficiados pela atuação de Aécio no Senado.
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