A cláusula de barreira, aprovada pelo Congresso em 2017, prevê um
patamar mínimo de votos que os partidos devem obter nacionalmente na
eleição para a Câmara. Desde as eleições de 2018, a sigla que não
atingiu os requisitos perde horário eleitoral gratuito e recursos do
fundo partidário.
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Progressivamente, até 2030, os critérios para atingir a barreira vão
ficando mais rigorosos. Além disso, a regra estabelece que, mesmo
aqueles partidos que alcançam os requisitos mínimos, só recebem dinheiro
do fundo na proporção da bancada. Ou seja, quem elege mais deputados,
ganha mais dinheiro.
Neste ano, a cláusula exigia que cada legenda conseguisse ao menos 2%
dos votos válidos, com um mínimo de 1% em nove estados. Ou que elegesse
ao menos 11 deputados federais em um terço das unidades da federação.
Na votação de domingo (2), seis partidos conseguiram eleger deputados,
mas não atingiram o número de votos nacionalmente exigido pela regra.
Foram eles:
- PSC
- Patriota
- Solidariedade
- Pros
- Novo
- PTB
Os outros nove partidos não atingiram o número mínimo de votos e não elegeram nenhum nome na Câmara:
- PCB
- PCO
- PMB
- PRTB
- PSTU
- UP
- Agir
- DC
- PMN
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Hoje, 32 partidos estão registrados no Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) e 23 têm representação na Câmara (sendo que sete deles estão
aglutinados em três federações partidárias). Desses, apenas 13,
incluindo as federações, conseguiram superar a cláusula de barreira.
Partidos que cumpriram a cláusula de barreira:
- PL
- Federação PT/PCdoB/PV
- União Brasil
- Progressistas
- Republicanos
- MDB
- PSD
- Federação PSDB/Cidadania
- PDT
- PSB
- Federação PSOL/Rede
- Avante
- Podemos
Das 32 siglas registradas no TSE, 23 elegeram deputados, mas o número
de partidos com representação na Câmara deve cair. Isso porque todas as
legendas que não atingiram a cláusula vão precisar, agora, negociar
fusões ou até incorporações a outros partidos se quiserem o percentual
necessário para obterem financiamento.
O consultor do Diap Antonio Augusto Queiroz elogiou a regra: "Essa
medida foi extremamente necessária e importante porque ela depura o
quadro partidário brasileiro de um lado, e de outro facilita a
governabilidade de quem vir a ser eleito presidente da República".
Governabilidade
A ideia da cláusula de barreira é diminuir o número de partidos e,
assim, aprimorar o funcionamento do Congresso e a governabilidade do
país.
O cientista político da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Carlos Ranulfo Felix de Melo explica que, com a medida, o funcionamento
das siglas menores se torna inviável, e os integrantes migram para
outras legendas.
O cientista político da FGV EAESP Marco Antonio Carvalho Teixeira
também vê a implementação da cláusula de barreira como fator decisivo
para essa redução. Para explicar o efeito da medida, Teixeira citou a
situação do Novo:
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Em nota, o Novo afirmou que, embora não tenha alcançado a cláusula de barreira, o funcionamento da sigla "continua o mesmo".
"Não alcançamos a cláusula de barreira, mas o maior impacto dela é o
fim do acesso ao Fundo Partidário e Eleitoral, que sustenta os partidos.
Como o Novo não usa nenhum dos dois e tem a sua própria forma de
financiamento, via mensalidade de filiados, o funcionamento do partido
continua o mesmo", apontou a legenda.
A intenção, ao diminuir o número de partidos, é facilitar a
governabilidade do país. Ou seja, facilitar a relação do governo com o
Congresso. Em um cenário com muitos partidos no Congresso, muitos deles
com ideologias repetidas, o governo fica com pouca margem para negociar
com todos.
Carlos Ranulfo Melo cita o exemplo do colégio de líderes, grupo da
Câmara que é consultado rotineiramente pelo presidente da Casa sobre os
projetos a ser votados.
“Quando você vai reduzindo esse colégio de líderes, vai ficando mais
fácil para o presidente da Casa discutir, negociar projetos, votações”,
afirmou o professor.
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