A delegada Ana Hass, responsável pela investigação das mortes de duas
crianças, de 3 e 10 anos, em Guarapuava, contou que a mãe das vítimas,
que confessou ter cometido os crimes, ficou chocada ao saber que seria
presa. Em entrevista à RICtv neste domingo (28), a delegada disse que a
mulher não parecia estar arrependida pelo assassinato dos filhos e só mostrou consternação ao saber que seria encaminhada ao sistema penitenciário.
Ana descreveu que a suspeita, Eliara Paz Nardes, de 31 anos, recebeu os
policiais no apartamento onde morava, no Centro de Guarapuava, e que a
princípio passou a relatar para todos o que teria acontecido, dando
detalhes sobre a morte das crianças.
A suspeita foi levada para a
delegacia da cidade e, em depoimento oficial, preferiu permanecer em
silêncio. Ao saber que seria presa e transferida para a unidade feminina
da Cadeia Pública de Pitanga, Eliara ficou abalada e começou a chorar.
“A única vez que de fato pareceu que ela ficou consternada e teve um
choro verdadeiro foi quando ela tomou noção da realidade de que ela
ficaria presa. Aí sim ela ficou realmente mais consternada. E após o
interrogatório oficial aqui na delegacia, aí quando foi de fato caindo a
ficha que ela ficaria no departamento penitenciário, que seria removida
para outra cidade depois, onde ficam as mulheres presas
provisoriamente, aí realmente ela se chocou e passou a falar muito de
advogado, de querer ligar para advogado. A todo tempo ela fala muito
dela, sempre muito dela, não vejo arrependimento, mas eu vejo assim a
noção da realidade”, falou a delegada.
Eliara confessou que matou primeiro o filho mais novo, de 3 anos,
identificado como Joaquim Nardes Jardim. O menino foi asfixiado com um
travesseiro.
Depois, disse ter matado a filha, Alice Nardes de Oliveira,
de 10 anos. A menina estava com um ferimento no pulso e foi enforcada
com um cachecol. Os corpos foram deixados em cima da cama do quarto da
mãe, cobertos por um cobertor, o que evitou que o odor dos cadáveres em
decomposição fosse sentido pelos vizinhos.
O pai do menino é morador de Itajaí, em Santa Catarina, e contou que não tinha muito contato com o filho.
Ele pagava pensão, mas não via a criança há algum tempo. O pai da
menina já era falecido. A irmã de Eliara também foi ouvida pela polícia e
disse que a suspeita costumava bloquear os familiares e tinha um
comportamento que ele definiu como “bipolar”.
“Ela [suspeita] disse que era uma pessoa muito sozinha, que não era
desse jeito, mas teria acabado ficando cansada e não aguentava mais essa
situação. Porém, a parente dela que foi ouvida na tarde de hoje relatou
o contrário, ela até se utilizou do termo “bipolar”, dizendo que a
suspeita teria sido sempre muito bipolar, que ela sempre bloqueava os
familiares no WhatsApp, nos meio de contato, de repente ela aparecia,
daqui a pouco ela sumia um pouco mais, disse que os familiares não
tinham muito acesso às crianças”, relatou a delegada.
A delegada ainda disse que Eliara continuou vivendo normalmente no
apartamento, mesmo com os filhos mortos no quarto. A mulher trabalhava
com empréstimos consignados e seguiu atuando, saindo e voltando para
casa. O porteiro do prédio onde a suspeita morava disse que chegou a
sentir falta das crianças e o motorista da van escolar que levava as
vítimas entrou em contato com a mulher, mas disse que ela não respondeu
para justificar a ausência dos filhos.
“Ela estava vivendo dentro do apartamento de forma
normal, estava se alimentando, estava tomando banho, estava dormindo, a
princípio pelo que a gente percebeu na sala, em um sofá-cama, e as
crianças estavam em um quarto dos fundos, que era o quarto da suspeita”,
explicou a delegada.
Eliara morava no apartamento em Guarapuava há cerca de 5
meses e tinha vindo de Navegantes, em Santa Catarina. Vizinhos contaram
que a família aparentava ser normal, que a mulher era reservada, mas que
as crianças estavam sempre bem cuidadas.
“Eu e a vizinha aqui do lado a gente falou que o que ela precisava era
só chamar a gente, ela foi a única do corredor que não deu lado para
nós. Ela era muito bonita, muito maquiada, estava sempre de cabelo bem
feito, unha, ela era muito vaidosa, ela e as crianças também. As
crianças sempre arrumadas, limpinhas, eram muito calmas. A menina sorria
o tempo inteiro. Nunca eu ouvi um choro destas crianças, nem um grito,
para mim era uma família normal. O pequeno ela desci pegando na mão, a
menina ela descia no elevador, quando descia com o lixo, sorrindo, muito
parceira”, contou uma vizinha.
Os corpos das crianças foram velados e sepultados nesta segunda-feira (29), em Itajaí (SC).
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