By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Divulgação
A idosa que promoveu uma ação de solidariedade em Jaú (SP), costurando máscaras e as oferecendo de graça em um varal
montado em frente ao portão de sua casa, em maio do ano passado, entrou
na última terça-feira (26) para as trágicas estatísticas de mortes
provocadas pela Covid-19.
A costureira Maria Ruiz Vertuan, de 72 anos, que começou a costurar
máscaras para ocupar seu dia durante o isolamento, minimizar os efeitos
de uma depressão e ainda ajudar as pessoas que não tinham condições de
comprar o item de proteção necessário durante a pandemia, não teve tempo
de desfrutar de uma novidade com a qual ela já vinha contando, a
vacina.
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Segundo ele, a mãe reclamou de um mal-estar na quarta-feira (20) e foi
levada a uma unidade de saúde. No sábado (23), já com falta de ar,
voltou ao hospital e ficou internada com respirador.
Na segunda-feira (25), Maria foi para a UTI, com entubação. No dia
seguinte, a família recebeu a ligação do hospital com o anúncio da sua
morte. Ela foi enterrada no mesmo dia, sem velório, no cemitério
municipal de Pederneiras, onde tinha parentes.
“Desde que começou essa pandemia minha mãe ficava só com a gente, eu,
minha esposa e minha filha, que moramos ao lado. Ela não saía para quase
nada, apenas para ir ao médico, a uma farmácia. Não acreditamos que
aconteceu com a gente”, diz o filho.
Segundo ele, que teve Covid em novembro do ano passado, mas que cumpriu
a quarentena sem sintomas, a mãe já fazia planos por uma nova rotina
com a chegada da vacina.
“Ela sempre falava da vacina, agora que começou a chegar ela estava
esperançosa, sempre repetindo pra sua neta frases como ‘logo tô
vacinada’. Mas não deu tempo”, lamenta.
Apesar da tristeza, João Carlos destaca a lição que dona Maria deixou
para a família, com ações solidárias como a de fazer máscaras para quem
não podia comprá-las.
“Minha mãe sempre teve bom coração, sempre ajudou as pessoas, e nos
deixou a lição de que devemos ajudar sempre que pudermos”, diz.
Solidariedade contra a depressão
Ao G1
em maio do ano passado, Maria explicou que a ideia de fazer as máscaras
e distribuir para pessoas carentes surgiu a partir do momento em que o
rigoroso isolamento social exigido pela pandemia afetou o trabalho da
mulher que desde os 12 anos vivia da costura, mas que viu os pedidos
praticamente sumirem.
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Ela contou que começou abastecendo o varal com saquinhos contendo três
máscaras de pano, mas com o sucesso das retiradas, passou a fazer
saquinhos com duas unidades.
Além de ajudar as pessoas necessitadas, a costureira disse que a
atividade solidária que descobriu durante a pandemia também a ajudou a
enfrentar o problema da depressão que, segundo ela, se agravava diante
da falta de trabalho.
O filho disse que Maria fez máscaras ainda por um bom tempo e só parou
quando se revoltou com pessoas que paravam em frente ao portão "em
carrões de luxo" para pegar todas as máscaras que seriam destinadas a
quem não podia comprá-las.
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