By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: Portal Rondon – Imagem: Divulgação
O advogado Roberto Rolin de Moura Júnior, que assumiu a defesa dos
quatro suspeitos do assassinato de Tayná Adriane da Silva, relatou que
Adriano Batista, 23 anos, Sérgio Amorin da Silva Filho, 22, Paulo
Henrique Camargo Cunha, 25, e Ezequiel Batista, 22, lhe disseram que
foram torturados para confessar o crime.
Moura Júnior conta que, no início, os quatro permaneceram juntos na
delegacia do Alto Maracanã, em Colombo, onde teriam sido pressionados a
confessar o estupro e homicídio. Depois disto, dois presos foram
mandados à delegacia de Araucária e os outros dois ao Centro de
Operações Policiais Especiais (Cope). Em ambos os locais, disseram os
presos, houve tortura.
Surra
Adriano teria dito ao advogado que em Araucária levou um tapa na cabeça
de um policial. Depois, um preso de confiança bateu no detido e
convocou outros a fazerem o mesmo. Segundo o advogado, Adriano teve um
cabo de vassoura introduzido no ânus, foi colocado amarrado de
ponta-cabeça e agredido com uma máquina de choque, para que confessasse o
crime. A máquina de choque teria sido usada, encostada a uma haste de
metal introduzida no ânus do preso.
Adriano ainda disse, segundo o advogado, que havia outros agentes de
segurança, que ele acredita serem guardas municipais, participando da
tortura. Mas todos haviam retirado o listel com seus nomes dos
uniformes. O único que apanhou sem ser ferido foi Ezequiel. Na
quarta-feira passada, os quatro foram reunidos novamente na Casa de
Custódia de Curitiba, na Cidade Industrial.
Polícia Civil
O delegado-geral da Polícia Civil, Marcus Vinícius Michelotto, nega que
os suspeitos tenham sofrido agressões até confessar o crime. Michelotto
também não contesta a apresentação dos suspeitos, antes mesmo de os
laudos do Instituto de Criminalística ficarem prontos. "Eram confessos,
podiam ser apresentados. Eles deram depoimentos para delegados
diferentes, em dois momentos diferentes e com detalhes do homicídio.
Defendê-los é papel do advogado", declarou o delegado-geral.
Dúvidas
As dúvidas sobre a autoria do crime agora é a grande pergunta sem
resposta no caso Tayná. Há a possibilidade do envolvimento de um quinto
elemento no caso, assim como também há a possibilidade dos quatro presos
serem inocentes.
No dia da apresentação à imprensa, porém, Sérgio Amorin da Silva Filho,
de 22 anos, Paulo Henrique Camargo Cunha, 25, e Adriano Batista, 23,
deram detalhes aos jornalistas sobre como teriam matado a garota após
manterem relações sexuais forçadas com ela. Ezequiel Batista, 22, também
foi indiciado, mas porque testemunhou tudo sem tentar impedir o
assassinato e sem denunciar os comparsas. Na ocasião, nenhum dos quatro
falou em tortura.
Nesta terça-feira, o médico legista Alexandre Antônio Gebran disse que
examinou o corpo da adolescente de 14 anos, reconheceu que existe um
laudo preliminar com indícios de que não haveria a presença do sêmen dos
quatro suspeitos presos, mas considerou antiética a divulgação do
laudo, já que não há um resultado conclusivo até o momento.
“Foi pedido segredo de justiça e enquanto todos os trâmites não
estiverem prontos não vamos concluir. Não temos nada de concreto. Tenho
exames falsos, positivos, outros novamente falsos, outros positivos e,
então, nesse momento só falaremos quando tivermos algo nas mãos”,
declara o médico legista responsável pelo caso.
No entanto, a Sesp confirmou, por meio da assessoria, que o sêmen
encontrado no corpo da garota Tayná Adriane da Silva não é de nenhum dos
acusados presos. A afirmação rebate o próprio legista do caso que
reitera: “Não há como comprovar ainda, não é uma ciência exata, é
preciso cautela”, disse.
O delegado-chefe da Divisão Metropolitana da Polícia Civil, Agenor
Salgado disse que as investigações podem ter ido por outra linha. “A
polícia pode ter errado, mas sem dúvidas, não agiu de má fé”, limitou-se
a comentar o delegado, que acredita ter uma quinta pessoa envolvida no
caso.
OAB
O advogado dos suspeitos já solicitou apoio da Comissão de Direitos
Humanos, da Ordem dos Advogados do Brasil, para apurar as supostas
torturas. Até quinta-feira, Moura Júnior deverá entrar com pedido de
liberdade dos quatro detidos.
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