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INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: CORREIO BRAZILIENSE – Imagem: DivulgaçãoMarcos Granconato, pastor da Igreja Batista Redenção,
em São Paulo, gerou revolta nas redes sociais ao afirmar que “mendigos
têm o dever bíblico de passar fome”. O líder publicou o comentário no
Facebook, na madrugada de domingo (1º/5), e recebeu uma enxurrada de
criticas ao longo da semana.
A publicação tem mais de 750 comentários, 300 compartilhamentos e 1.300 curtidas e reações. Na postagem, o pastor
justifica a afirmação com uma passagem bíblica, em que fala sobre
trabalho, no livro de Tessalonicenses. “Paulo diz aos Tessalonicenses:
‘se alguém não trabalha, que também não coma’”.
Nos comentários da publicação, os internautas refutaram
a opinião do líder religioso. Um seguidor, identificado como Álvaro
Rodrigues, questionou o pastor.
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“Então a maioria dos mendigos são
vagabundos na sua visão? O senhor diz isso com base em quê?”. Em
resposta, Granconato afirmou que, sim, a maioria são “vagabundos”. “Com
base no que eu vejo nas ruas. Gente forte, saudável e jovem mendigando
por aí! Quando vejo um doente, me compadeço. Mas quando olho para a
maioria, percebo que é pura vagabundagem”, declarou.
Outros fiéis levantaram, também nos comentários da
publicação, outras passagens bíblicas que falam sobre ajudar ao próximo e
dar de comer aos necessitados. “‘Bem-aventurado é aquele que atende ao
pobre; o SENHOR o livrará no dia do mal (Salmos 41:1)’”, disse Giovane
Willer. Mesmo mostrando outras partes da bíblia que batem de frente com a
opinião do pastor, ele segue dizendo que a maioria dos moradores de rua
são “vagabundos”. “O pobre a gente ajuda. O vagabundo não”, afirmou
Granconato.
“Minha consciência é regida pelas Sagradas Escrituras”
Depois da repercussão negativa, o pastor Marcos
Granconato publicou um texto, também no Facebook, esclarecendo o que
pensa sobre a população em situação de rua. “Sou conservador e, como
conservador, minha consciência é regida pelas Sagradas Escrituras, às
quais me apego, inclusive, como regra de vida”, afirmou.
“Nessas Santas Escrituras somos ensinados a socorrer
todos os pobres e necessitados e eu defendo, estimulo e promovo isso,
estando, inclusive, diretamente envolvido nesse tipo de socorro”,
pontuou o líder religioso.
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Entretanto, disse ele, a Bíblia “tem um
conceito de pobre que abrange, a rigor, quatro grupos de pessoas, a
saber: 1. Os que trabalham, mas seus proventos não são suficientes para o
seu sustento e da sua família; 2. Os mendigos que estão nessa condição
por motivo de doença; 3. As vítimas de tragédias naturais, como a fome
que sobreveio a todo o mundo nos dias do Imperador Cláudio; 4. Os
perseguidos e encarcerados por causa da fé”. Segundo o pastor, essas
pessoas precisam de ajuda e “não podemos poupar esforços para
prover-lhes o alimento e outras formas de socorro”.
Sobre a passagem bíblica de Tessalonicenses, Granconato
disse que o apóstolo Paulo se depara um grupo diferente dos quatro
anteriormente enumerados. “Um grupo de pessoas que, por pensar que a
volta de Cristo estava próxima, tinham parado de trabalhar, passando a
viver às custas dos outros. Eram pessoas saudáveis, jovens e capazes
que, simplesmente, decidiram viver no ócio aproveitando-se de uma
desculpa aparentemente justa (Cristo está voltando). A essas pessoas, o
Apóstolo aplica um princípio perene: ‘Você não quer trabalhar, então
também não deve comer’”, justificou.
O pastor disse ainda que ajudar esse grupo de pessoas
seria “promover o ócio” e, quem o fizer, estaria pecando. “Quero
destacar, assim, que reconheço o dever santo e cristão de ajudar os
pobres (e muitos moradores de rua se encaixam no conceito bíblico de
“pobre”). Porém, tenho também o dever santo, cristão e bíblico de não
incentivar o ócio”, finalizou.
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Essa não é a primeira vez que Marcos Granconato se
envolve em polêmicas por conta de declarações e publicações feitas nas
redes sociais. Em abril de 2021, por exemplo, o pastor foi alvo de
críticas ao publicar uma foto segurando uma arma, em um estande de tiro.
Na ocasião, depois da postagem viralizar, ele voltou ao
Facebook para defender o armamento. "Eu quero sim influenciar pessoas,
as instigando a praticar o tiro esportivo e ter armas em casa, desde que
legalmente. Eu aprovo isso como cristão e creio que todos, após cumprir
certas exigências, deveriam ter armas em sua residência, em seu carro e
em seu local de trabalho”, afirmou.
“Se eu pudesse, pregaria armado, com um coldre sob o paletó, para proteger meu rebanho de loucos assassinos que atacam igrejas indefesas",
garantiu o líder evangélico. Granconato é também um crítico ferrenho de
movimentos de esquerda. “Se a esquerda chegar de novo ao poder no
Brasil, o demônio que a lidera agirá desta vez com toda força e ousadia
para implantar aqui sua agenda maligna, pois sabe que pouco tempo lhe
resta”, escreveu ele em abril deste ano.
Granconato também usa as redes para criticar outras igrejas cristãs.
Ainda em abril deste ano ele compartilhou um vídeo em que o ministro
André Mendonça teria testemunhado em um culto na Congregação Cristã no
Brasil (CCB). “A CCB é considerada pelos evangélicos ortodoxos uma seita
legalista que afirma não existir salvação fora dela”, disse.
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