By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: RADIO NAJUA – Imagem: DivulgaçãoNa quarta-feira, 9, acontece o júri popular de João Fernando
Nedopetalski, que atingiu dois tiros em sua ex-mulher Ivanilda Kanarski,
de 30 anos, no dia 26 de julho de 2018. O crime ocorreu no Parque
Aquático de Irati e foi presenciado pelos dois filhos, irmão, cunhada e
sobrinho da vítima.
Em virtude da pandemia de coronavírus, a entrada no Tribunal do Júri
será restrita a cinco pessoas da família do réu e cinco da vítima.
Veículos de comunicação e a população em geral só poderão acompanhar o
andamento dos trabalhos em uma transmissão em tempo real no Youtube, por
meio do canal Júri Irati, a partir das 9 h. Segundo informações da Vara
Criminal de Irati, o espaço não comporta a metragem mínima exigida pela
Secretaria de Estado da Saúde (SESA) e do Tribunal de Justiça para que
haja distanciamento entre as pessoas presentes. Sete pessoas da
comunidade serão sorteadas para compor o júri popular.
Nedopetalski responderá por feminicídio, que é o crime cometido contra
mulheres, que tem como causas a violência doméstica ou discriminação de
gênero.
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O réu também será julgado pela tentativa de homicídio do irmão
de Ivanilda, Romildo Kanarski, que estava no Parque Aquático no momento
que ela foi assassinada. Logo após ela ser baleada, Romildo e
Nedopetalski entraram em luta corporal. Um policial, que estava em seu
horário de descanso, ouviu os disparos que ocorreram nas proximidades de
sua residência e conseguiu deter o autor dos tiros, que havia sido
imobilizado pelo irmão da vítima. Com isso, o homem soltou a arma. Ele
foi preso e desdeu então permanece na Delegacia de Irati. Ivanilda
chegou a ser socorrida pelo Corpo de Bombeiros, mas morreu ao dar
entrada na Santa Casa de Irati.
A esposa de Romildo, Franciele dos Santos, que estava no
local no dia do crime, diz que a família aguarda pela punição do réu
para que outras mulheres não sofram o mesmo tipo de violência. “É até
difícil porque toda a vez que eu falo eu me emociono, porque a gente
enquanto família não é fácil passar por uma situação assim. O que a
gente pede é justiça pela Ivanilda e as mulheres que passam esse tipo de
situação”, relatou Franciele durante participação no programa "Espaço
Cidadão" da Super Najuá. Ouça o vídeo completo da entrevista no fim do texto
A
psicóloga Rafaela Ferencz, que também participou da entrevista na rádio
e acompanha a família desde a morte de Ivanilda, entende que o tema
precisa ser debatido na sociedade para que aumente o número de denúncias
de violência contra a mulher. “Porque quando uma pessoa toma coragem de
denunciar, ela cria uma onda que mostra que pode ser possível mudar
esse cenário. Então por isso que é importante falar sobre esse tema,
admitir que muitas mulheres passam por violência e a gente vem sentindo
quanto isso vem mudando. A violência doméstica envolve até a vergonha e
muitas pessoas tinham até vergonha de admitir”, afirma Rafaela, que atua
há oito anos como psicóloga da prefeitura de Irati, onde tem contato
com famílias que convivem com o drama da violência doméstica.
Atualmente, ela trabalha no Centro da Juventude e na escuta
especializada de crianças e adolescentes vítimas de violência.
Uma forma de combater essa realidade é a implantação de
políticas públicas e programas que protejam as mulheres e seus filhos.
“Quando ela vai lá e faz uma denúncia, ela pede uma medida protetiva, o
poder público precisa se mobilizar para proteger essa mulher. Se a
mulher não tem para onde ir tem que ter uma casa de apoio para ela ficar
com os filhos enquanto ela se sentir ameaçada”, diz Rafaela.
Ela
diz que recentemente foi aprovada uma lei que obriga o agressor a
participar de atividades em grupo ou terapias para mudar seu
comportamento. “Claro que a gente precisa evoluir em ter essa política
pública de ter uma equipe que faça esse trabalho. As leis a partir do
momento que elas vão sendo criadas, o poder público ou o Executivo
precisam encontrar estratégias e programas [para serem aplicados]. A
nossa sociedade precisa evoluir neste sentido de proteger as mulheres da
violência”, avalia a psicóloga.
Números mostram que
uma mulher é morta a cada duas horas no Brasil. Continua depois da publicidade
As estatísticas também
revelam que uma mulher é estuprada no País a cada 11 minutos. “Esse tipo
de violência está enraizada na sociedade, que está na estrutura, que
ela começa com pequenas coisas e que a gente chama de machismo que não
prejudica só as mulheres como os homens também. Porque a partir do
momento que você diz para uma criança ou jovem a frase ‘homem não
chora’. Homem chora sim. Os homens são negligenciados de que eles não
podem falar de sentimentos. Eles vão guardando tudo para eles até que
uma hora eles explodem. O suicídio é 3,6% mais recorrente em homens,
porque os homens não pedem ajuda e não admitem que tem problema”, relata
Rafaela.
A psicóloga citou o exemplo da própria Ivanilda, que pediu divórcio, mas
o marido não aceitou. Após o crime, o grupo #MariEllas organizou o
movimento “Ivanilda Vive, Justiça Para Todos”. Em outubro de 2018, o
grupo criado em defesa dos direitos das mulheres, auxiliou os familiares
de Ivanilda na organização de um ato em memória da jovem. O objetivo é
mostrar que o luto da família pela perda de Ivanilda virou uma luta para
que outras mulheres tenham coragem de denunciar os agressores.
“A gente se sente mais confortável em saber que o nome da
Ivanilda está sendo usado para uma causa boa demonstrando para as
outras mulheres que pode haver mudança, que elas podem denunciar, que
podem sair de uma situação de violência”, diz Franciele.
Rafaela
avalia que o processo de conscientização deve começar pelas crianças no
sentido de mostrar que as mulheres não devem suportar nenhum tipo de
violência ou relacionamento abusivo. “O ciclo de violência contra
mulher, a violência não começa com o espancamento, a violência vai
começando cada dia com uma coisinha diferente é um desrespeito, uma
palavra que ofende, é um tapa ou soco. Depois vem a reconciliação, o
agressor muda, pede desculpas diz que vai mudar que não acontecer de
novo. Na próxima situação de estresse acontece de novo e é mais forte.
As mulheres no início do relacionamento devem dizer um basta para
qualquer situação de violência que ela passe. Tem que ser muito firme
não deixar acontecer de novo, não acreditar nas desculpas do agressor. O
ciclo da violência é assim não começa com o feminicídio. Muitas
mulheres por se sentirem sozinhas, por não ter apoio de outras pessoas,
por dependerem financeiramente do marido, por terem filhos dão mais uma
chance”, afirma a psicóloga.
Para Rafaela, as pessoas
devem acreditar na palavra da vítima, pois estatísticas mostram que
raramente ela está mentindo.
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“A gente sempre tem que acreditar na
palavra da vítima em primeiro lugar porque se ela estiver certa ela está
em perigo. A primeira coisa a fazer como sociedade é apoiar essas
pessoas”, solicita a psicóloga.
Denúncias
de violência doméstica seja ela contra mulheres, crianças ou idosos
podem ser realizadas nas unidades do Centro de Referência de Assistência
Social (CRAS) ou Centro de Referência Especializado em Assistência
Social (CREAS). A vítima também deve registrar Boletim de Ocorrência
(BO) na Delegacia de Polícia Civil e solicitar medida protetiva de
afastamento do agressor.
Confira AQUI a entrevista.
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