By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: GAZETA ONLINE – Imagem: Divulgação
Dias antes de morrer, o adolescente de 17 anos ferido com uma mangueira de ar em um lava-jato de Campo Grande negou que a agressão tenha sido uma brincadeira entre ele, o dono do local e um colega. Os suspeitos e uma criança de 11 anos, que testemunhou o crime, disseram à polícia que as brincadeiras entre os três eram comuns no local de trabalho.
Em entrevista ao G1, nesta quarta-feira (15), o delegado Paulo Sérgio Lauretto disse que ouviu Wesner Moreira da Silva no hospital, acompanhado de profissionais da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca).
"Ele disse que aquilo não era tipo de brincadeira, disse que pediu para eles [suspeitos] pararem diversas vezes, mas que só pararam depois que ele começou a vomitar e a defecar", afirmou Lauretto.
O delegado explicou ainda que, apesar de ter sido um interrogatório informal, o depoimento do garoto gerou um relatório e que agora aguarda o laudo necroscópico e a apresentação dos suspeitos para serem interrogados.
Prisão
Delegado pediu a prisão preventiva do dono do lava-jato, Thiago Demarco Sena, de 26 anos, e do funcionário Willian Henrique Larrea, de 30 |
"Tão logo recebemos esse laudo de corpo de delito que indicava lesão corporal de natureza grave, fizemos a representação e protocolamos no fórum. Recebemos a notícia do óbito no momento em que essa representação já havia sido protocolada e só não fizemos antes porque faltava o laudo para instruir nossa representação", afirmou o delegado.
O advogado dos suspeitos, Francisco Guedes Neto, disse ao G1 nesta quarta que tem conhecimento do pedido de prisão, mas afirmou que não vai se pronunciar a respeito. "Por enquanto, permaneceremos em silêncio em respeito ao sentimento da família da vítima, acreditando que essa fatalidade causou dores para todos os envolvidos", disse.
Os suspeitos podem ser indiciados por lesão corporal grave seguida de morte ou por homicídio doloso. A tipificação final será definida pela Depca na conclusão do inquérito, segundo Lauretto. O delegado ainda esclareceu que, a princípio, o caso não foi registrado como abuso porque não ficou evidente a conotação sexual.
Thiago Demarco Sena e Willian Henrique Larrea não tinham ficha criminal. Este último era amigo da família da vítima.
O caso aconteceu por volta das 10h de sexta-feira (3). A família da vítima disse para a polícia que recebeu uma ligação do dono do lava-jato falando que tinha acontecido "uns negócios" com o adolescente e que ele precisava ser levado para o hospital.
Na unidade de saúde, os familiares foram informados que a vítima brincava no local de trabalho com os suspeitos quando o funcionário o segurou e o dono do local inseriu uma mangueira de compressão de ar em direção ao ânus do garoto.
O garoto chegou ao hospital em estado grave e passou por cirurgias. Ele perdeu parte do intestino. A pressão do ar foi tão intensa que estourou o intestino grosso e comprimiu os pulmões, trancando as válvulas respiratórias.
Inicialmente o adolescente ficou na área vermelha, depois foi transferido para a área amarela e foi para a enfermaria. Ele chegou a ficar fora de risco de morte.
Segundo a assessoria do hospital, o garoto voltou à ala vermelha na terça-feira de manhã por causa de uma complicação no esôfago, que ocasionou perda de líquido e sangue. No início da tarde, ele sofreu uma parada cardíaca e os médicos tentaram reanimá-lo por 45 minutos.
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