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INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: DivulgaçãoA deputada federal bolsonarista Carla Zambelli (PL)
sacou uma arma e apontou para um homem no meio da rua nos Jardins, área
nobre de São Paulo, na tarde deste sábado (29), véspera das eleições.
Empunhando uma pistola, ela atravessou a alameda Lorena, perto do
cruzamento com rua Joaquim Eugênio de Lima, e seguiu em direção ao bar
onde o homem havia entrado. Em um vídeo que registrou a cena, é possível
ouvir a parlamentar gritar: "Deita no chão".
Em suas redes sociais, Carla Zambelli mostrou um machucado no joelho e
disse que, antes de sacar a arma, havia sido cercada e agredida.
Outro vídeo gravado por pessoas que presenciaram o episódio, entretanto,
mostra que, momentos antes de apontar a arma, a deputada havia
tropeçado e caído no chão quando tentava perseguir o homem.
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Em seguida,
um segurança da parlamentar a socorreu e também, com segurando uma arma,
passou a perseguir o homem. No registro, ainda é possível ver que o
segurança chutou o homem e ouvir barulho de tiro.
Confira a sequência dos fatos de acordo com vídeos e testemunhas:
- Zambelli estava de saída em um restaurante da Alameda Lorena
- A deputada diz que percebeu que um grupo gritava o nome de Lula e, quando saiu do restaurante, ainda segundo ela, foi xingada
- Na calçada na Alameda Lorena, ela discute com um homem negro que, em um dos vídeos, fala: 'Amanhã é Lula, papai'
- No vídeo dá para ver que a deputada, de camiseta verde, tenta partir para cima do homem
- Uma das imagens mostra que ela tropeça e cai na calçada
- O homem se afasta, e Carla Zambelli vai atrás
- Um outro homem, segurança de Zambelli, que também estava no tumulto, saca a arma e também corre
- Outras pessoas vão atrás e, pouco depois, é possível ouvir um disparo
- O homem perseguido corre para dentro de um bar na esquina com a Alameda Joaquim Eugênio de Lima
- Em outro vídeo é possível ver a deputada andando com uma arma em riste
- Ela entra no bar e manda o homem se deitar
Momentos depois, Zambelli divulgou vídeo em suas redes sociais contando sua versão.
"To fazendo um boletim de ocorrência. Eu fui agredida. [...] Me
empurraram no chão. Um homem negro. Eles usaram um negro pra vir em cima
de mim", diz ela no vídeo.
"Eram vários. Aí eu estava aqui saindo do restaurante, eles tinham
visto a gente antes, no vidro aqui, vários homens se aproximaram, uma
mulher de camiseta vermelha ficou do lado de lá dando cobertura. Todos
eles se evadiram. [...] E aí quando me empurrou, eu caí, saí correndo
atrás dele, falei que ia chamar a polícia, que ele tinha que ficar aqui
para esperar polícia chegar."
Depois, ela divulgou uma nota (leia abaixo).
Em nota, a Polícia Militar disse que foi acionada volta das 16h30 para
atendimento de ocorrência na Alameda Lorena.
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"No local, uma deputada
federal informou que estava em um restaurante quando passou a ser
ofendida e empurrada por pessoas não identificadas, motivo pelo qual
sacou a pistola que portava. O caso será apresentado ao plantão do 78º
DP (Jardins), em funcionamento no prédio do 4º DP (Consolação), para
registro do boletim de ocorrência e devidas providências de polícia
judiciária."
Relatos de testemunhas
Testemunhas ouvidas pela TV Globo relataram que houve correria quando
pedestres e clientes de restaurantes viram Carla Zambelli sacando uma
arma em direção a um homem no meio da rua nos Jardins.
"A gente estava aqui sentado conversando, quando vimos um princípio de
tumulto, a uns 100 metros daqui. E aí nesse princípio de tumulto,
ouvimos dois disparos. Todo mundo se assustou. Teve gente que correu. A
gente correu para dentro do bar. Nisso que a gente correu para dentro do
bar, algum deles falou 'corre para fora'. Uma turma correu para fora,
só que eu fiquei entre duas mesas. Foi a hora que o rapaz entrou
correndo dela", contou uma testemunha.
"Entraram dois seguranças dela e um deles gritava 'aqui é polícia',
dando tapa no cara. Ela entra logo depois. Nisso que ela entra logo
depois, eu já levanto as mãos, porque fiquei entre duas mesas, e aí eu
levanto as mãos e aí ela entra xingando e o rapaz falando 'eu não quero
morrer, não quero morrer, para de apontar arma para mim'. Aí ela vira
arma para a minha cara, depois volta para ele. E eu só com mão para
cima. Um cara de azul me tira do meio da confusão. Sai meio assustado e a
perna tremendo está ainda", relatou João Guilherme Desenz,
vice-presidente estadual da Juventude Socialista do PDT.
O advogado Victor Marques também relatou o que viu. "Ela veio com a
arma apontada no meio da rua. chegou com arma apontada correndo no meio
da rua e a todo momento apontada. Em nenhum momento abaixa a arma e ela o
faz pedir desculpas. Só ia liberar se pedisse desculpas".
As testemunhas ainda relataram o que a deputada falava para o rapaz
dentro do bar. "Pro chão, pro chão, pro chão. A todo momento
determinando que fosse para o chão", diz Victor.
"Deita no chão, deita no chão. Você me xingou, você me xingou. Vai pro chão", acrescenta João Guilherme.
Porte de arma
Zambelli, por ser deputada, pode ter porte de arma. Segundo, a
Secretaria da Segurança, o porte de arma de Zambelli é particular e foi
emitido pela PF. Em um vídeo de 2020, ela comemorou nas redes sociais
ter conseguido porte de arma calibre 38. Ela tem 3 pistolas, um revólver
com registro válido no Sistema Nacional de Armas (Sinarm).
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Resolução de 2021 do Tribunal Superior Eleitoral proíbe o porte de
armas de civis e policiais que não estejam em serviço um dia antes da
eleição a "100 m (cem metros) da seção eleitoral e não poderá
aproximar-se do lugar da votação ou nele adentrar sem ordem judicial ou
do presidente da mesa receptora, nas 48 (quarenta e oito) horas que
antecedem o pleito e nas 24 (vinte e quatro) horas que o sucedem, exceto
nos estabelecimentos penais e nas unidades de internação de
adolescentes, respeitado o sigilo do voto".
Para Michel Saliba, integrante da Associação Brasileira de Direito
Eleitoral e Político (Abradep), "é vedado a qualquer cidadão portar
armas na véspera da eleição, inclusive aos que têm direito de posse e
porte. O objetivo da resolução do TSE é garantir a integridade da
eleição e por isso a atitude de Carla Zambelli pode ser considerada uma
infração eleitoral".
Na opinião dele, no entanto, o mais grave são os crimes comuns em que
ela poderia se enquadrar, como ameaça e constrangimento ilegal. Ainda
que ela tenha sido ofendida verbalmente, não cabe aí a justificativa de
legítima defesa por uma questão de proporcionalidade.
Nota Carla Zambelli
"Neste sábado (29), por volta das 16H45, a deputada federal Carla
Zambelli (PL) foi vítima de uma agressão no bairro Jardins, em São
Paulo.
O episódio aconteceu quando a deputada estava de saída de um
restaurante localizado entre a Avenida Lorena com a Rua Joaquim Eugênio
Lima.
“Não foi um simples pressentimento. O restaurante possui várias janelas
e enquanto eu ainda estava no local com meu filho de 14 anos, observei
uma movimentação estranha pelas imediações.”
Ao sair do restaurante, vários homens e uma mulher começaram a cuspir
na deputada que foi chamada de filha da puta e prostituta espanhola.
Testemunhas locais informaram que o grupo gritava o nome de Lula.
Após cair no chão. Numa fração de segundos, a deputada examinou o fluxo
de pessoas, sacou uma arma da cintura e acelerou em direção ao agressor
que entrou num bar. Não houve disparos, mas Carla ficou com hematomas
nas pernas após o ataque.
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A Resolução do TSE que proíbe o porte aplica-se apenas aos CACs, ou para ingresso de armas em seções eleitorais.
Após o incidente, Carla Zambelli registrou boletim de ocorrência contra os agressores.
Na noite desta sexta-feira (28), dados pessoais da deputada Carla
Zambelli e de diversos apoiadores do Presidente Bolsonaro(PL) foram
divulgados em postagens do Twitter e outras plataformas. No Twitter, o
perfil falso chamado @stcdados foi um dos primeiros a compartilhar o
conteúdo que foi amplamente divulgado. Um dos perfis que participaram do
crime foi o @anonymousSTC, que conta com vários seguidores conhecidos
como Jean Willys, Manuela D'ávila e alguns jornalistas com perfil
verificado.
Pouco antes do último debate presidencial, Zambelli começou a receber
milhares de ligações e mensagens ofensivas de desconhecidos. Até 2h de
sábado (29), o telefone havia recebido mais de 800 ligações e mais de 42
mil mensagens de whatsapp.
A deputada publicou um vídeo no seu perfil do Instagram e tranquilizou
amigos e apoiadores. Na ocasião, ela mostrou algumas mensagens de
ameaças que recebeu. "Foi muito rápido, um monte de números
desconhecidos começou a ligar e enviar mensagens ofensivas, pornografia.
Me chamavam de nazista, vagabunda, além de me ameaçar de morte com
imagens de rituais de magia negra".
Carla Zambelli acredita na possibilidade de o ataque ter sido planejado
por aliados da campanha de Lula. "Em várias publicações eles admitem
que iriam "travar" a comunicação dos aliados de Bolsonaro" na hora do
debate. Ela também acredita que organizações internacionais possam estar
envolvidas, e lembrou que "foi o Ministro Edson Fachin que apontou para
o risco de hackers estrangeiros atuarem nas eleições de 2022".
O episódio fez com que apoiadores repudiassem a divulgação da privacidade e o ataque pesado que Carla recebeu.
Em seus perfis, Carla recebeu centenas de mensagens de eleitores,
seguidores e amigos que repudiaram o ataque e desejaram força.
A deputada está encaminhando todas as mensagens para a sua equipe
jurídica e garantiu que acionará a todos que participaram nas esferas
penal e cível.
Divulgar dados pessoais é crime. Ameaçar e perseguir alguém, por
qualquer meio, também. São crimes com previsão de penas que podem
ultrapassar dois anos de reclusão. A associação de várias pessoas para a
prática do crime, é um agravante que aumenta as penas previstas."
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