By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Divulgação
O presidente Jair Bolsonaro
defendeu nesta sexta-feira (26), em reunião comemorativa aos 30 anos do
Mercosul, a ampliação das negociações comerciais com países de fora do
bloco. Bolsonaro deixou a cúpula antes de a reunião terminar, o que foi
notado pelo chanceler da Argentina.
O encontro ocorreu por videoconferência, em razão da pandemia de
Covid-19. Além de Bolsonaro, participaram os demais presidentes do
bloco: Alberto Fernández (Argentina), Luis Lacalle Pou (Uruguai) e Mario
Abdo (Paraguai).
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Em dezembro de 2020, o Uruguai apresentou uma proposta formal para que
os membros do Mercosul tenham autonomia para fazer acordos com outros
blocos ou países em velocidades diferentes. A flexibilização é defendida
também pelo governo Bolsonaro. Pelas regras do Mercosul, acordos têm
que ser feitos de forma conjunta pelos quatro países.
“O Brasil deseja contar o apoio dos demais membros bloco para seguir
ampliando a rede de negociações comerciais extrarregionais de modo a
contribuir para rápida retomada do crescimento e impulsionar um novo
ciclo virtuoso no Mercosul”, disse Bolsonaro na reunião desta sexta.
O presidente disse ainda que a regra de decisões por consenso não pode
virar veto ou freio permanente para a "modernização" do bloco. A regra
diz que as decisões têm que ser tomadas por concordância de todos os
membros.
“Diferenças de perspectivas que existam entre nós, de natureza política
ou econômica não deve afetar ao andamento do projeto de integração,
desde que respeitados os princípios que balizam o bloco. Entendemos que a
regra do consenso não pode ser transformada em instrumento de veto ou
de freio permanente. O princípio de flexibilidade está escrito no
próprio tratado de Assunção”, disse.
Bolsonaro ressaltou que eventuais diferenças políticas entre os membros
do bloco não podem afetar a integração nem o desenvolvimento econômico
da região. O presidente pertence a campo político oposto ao do
presidente da Argentina, Alberto Fernández. Na eleição presidencial
argentina, no fim de 2019, Bolsonaro apoiou o rival de Fernández, o
então presidente Maurício Macri.
Mesmo depois da eleição de Fernández, Bolsonaro continuou fazendo
críticas ao presidente eleito. Bolsonaro e Fernández nunca se
encontraram pessoalmente. Em 2020, a pandemia limitou o deslocamento dos
chefes de Estado. Mas no último mês de dezembro ambos já haviam participado de uma reunião bilateral por vídeo e de reunião virtual do Mercosul.Continua depois da publicidade
Bolsonaro saiu da videoconferência do Mercosul antes de a reunião
terminar. Após terminar sua fala, ele foi à residência oficial do
Senado, onde o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), fazia uma
videoconferência com governadores para tratar do combate à pandemia,
Os outros três presidentes dos demais países do Mercosul continuaram na
reunião do bloco. A ausência de Bolsonaro foi notada pelo chanceler da
Argentina, Felipe Solá, no momento em que cumprimentava os presentes.
"Jair Bolsonaro, do Brasil, que vejo que não está, mas assim mesmo quero cumprimentar", disse Solá.
Na imagem abaixo, tirada da transmissão da reunião feita pelo governo
da Argentina, é possível ver a tela correspondente a Bolsonaro
desligada, enquanto os outros presidentes continuavam a reunião.
Tarifa externa comum
Bolsonaro defendeu a revisão da tarifa externa comum do Mercosul,
aplicada aos países do bloco, “como parte central do processo de
recuperação de nosso dinamismo”. O governo brasileiro, segundo o
Ministério da Economia, deseja reduzir em 10% as alíquotas. A tarifa
externa comum estabelece iguais alíquotas para compra e venda de uma
série de produtos entre os países.
“Por esse motivo, o Brasil gostaria de destacar a importância da
reunião extraordinária que nossos ministros vão realizar em abril para
tomar decisões sobre a agenda e modalidades das negociações externas do
Mercosul e em matéria de revisão da Tarifa Externa Comum, como proposto
pelo Brasil”, disse Bolsonaro.
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, contudo, discordou, o que
dificulta uma revisão nos moldes defendidos pelo Brasil.
Fernández afirmou na reunião não acreditar que uma redução parcial ou
linear da tarifa “seja o melhor instrumento” para o bloco. Ele disse que
a Argentina tem uma proposta pragmática para corrigir eventuais
inconsistência, a fim de preservar o equilíbrio entre setores da
economia.
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O presidente Jair Bolsonaro não usou máscara durante seu discurso por
videoconferência no evento do Mercosul. Ao seu lado, estavam os
ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Paulo Guedes
(Economia), ambos de máscara.
Ernesto apareceu ao lado do presidente em um momento de forte pressão
política para que o ministro deixe o cargo. Nesta semana, em reunião com
autoridades e o próprio Bolsonaro, Ernesto ouviu do presidente da
Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que a gestão das Relações Exteriores deve
ser mais eficiente na busca de vacinas contra a Covid-19.
Em outro momento, em audiência no Senado na qual Ernesto estava
presente, senadores pediram que ele se retire do cargo, diante do que
consideram ineficiência do Itamaraty na pandemia.
No discurso no Mercosul, Bolsonaro disse que reafirmava sua
"solidariedade às famílias" e seu "profundo pesar pela perda de vidas e
pelo sofrimento que a pandemia tem causado aos nossos povos".
Ele também defendeu dinamização do comércio entre os países para superar os efeitos econômicos da pandemia.
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